Fiçcão visionária e anticolonialidade no filme "o que não tem espaço está em todo lugar", de Jota Mombaça

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2023.211328

Palavras-chave:

Anticolonialidade, Ficção Visionária, Filme-Ensaio, Corpos dissidentes, R/existência

Resumo

O artigo discute o filme-ensaio “O que não tem espaço está em todo lugar” (2020), da artista visual Jota Mombaça, que realiza debates sobre racismo interseccionado com classe, gênero e sexualidade através de textos, performances, instalações, filmes e fotografias. Realizado durante a pandemia do Covid-19, o filme é uma espécie de diário de viagem fabulado a partir da ressignificação de arquivos de deslocamentos da artista entre Lisboa, Fortaleza e Berlim. Com ele, a artista faz um manifesto contra a violência e exclusão de corpos e subjetividades que não se encaixam no modelo moderno-capitalístico do homem ocidental, branco, cisgênero e heterossexual. O texto discute as operações enunciativas acionadas no filme e seu papel na crítica de Mombaça a essas lógicas de violência. Conclui-se que tais estratégias, por um lado, impregnadas de gestos de errância, velocidade e instantaneidade, corporificam dores e interdições, mas, por outro, implicam um pacto com a vida, no qual corpos e subjetividades dissidentes, exatamente por não poderem existir no mundo, precisam ser afirmados em todo lugar.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Fernando do Nascimento Gonçalves, Universidade Estadual do Rio de Janeiro

    Professor no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Este artigo resulta de pesquisa financiada pela Faperj e pelo CNPq. E-mail: goncalvesfernandon@gmail.com

Referências

ALMEIDA, Gabriela Machado Ramos de. Ensaio Fílmico, eterno devir: projeto de filme inacabado e de um cinema futuro, DOC On-line. n. 24. 2018. DOI: https://doi.org/10.20287/doc.d24.dt06

CEDOC. Mortes violentas de LGBT+ Brasil: Observatório do Grupo Gay da Bahia, 2022. Grupo Dignidade [online}, 19 jan. 2023. Disponível em: https://cedoc.grupodignidade.org.br/2023/01/19/mortes-violentas-de-lgbt-brasil-observatorio-do-grupo-gay-da-bahia-2022/. Acesso em 25 abr.2023.

COSTA, Luiz Cláudio da. A gravidade da imagem: arte e memória na contemporaneidade. Rio de Janeiro: Quartet, FAPERJ, 2014.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O que é a filosofia? Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto Alonzo Muñoz. Rio de Janeiro: Ed.34, 1992.

EVARISTO, Conceição. Olhos d’Água. São Paulo: Palas, 2014.

FANON, Franz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, 2008.

FRANKENBERG, Ruth. A miragem de uma branquidade não marcada. In: WARE, Vron (Org.) Branquidade: identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

GLISSANT, Édouard. Pela opacidade. Tradução de Keila Prado Costa e Henrique de Toledo Groke. Revista Criação & Crítica, n.1, p. 53-55, 2008.

IMARISHA, Walidah; BROWN Adrienne (Editors). Octavia's Brood: Science Fiction Stories From Social Justice Movements. California: AK Press, 2015.

MOMBAÇA, Jota. Não vão nos matar agora. Rio de Janeiro: Cobogó, 2021.

MOMBAÇA, Jota. Plantação cognitiva. In: Arte e descolonização: Masp Afterall. São Paulo: MASP, 2020. Disponível online: https://assets.masp.org.br/uploads/temp/temp-QYyC0FPJZWoJ7Xs8Dgp6.pdf. Acesso em 27 abr. 2023.

MOMBAÇA, Jota; MARTINS, Leda; MENEZES, Hélio. Não vão nos matar agora. Livraria Megafuna 20 mai. 2021 vídeo (1h18m20s). Disponível online: https://www.youtube.com/watch?v=31ZKs6tSwNI. Acesso em 27 abr. 2023.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, In: LANDER, Edgardo (Org.) Eurocentrismo e América Latina. Colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, Buenos Aires: CLACSO, 2005. Disponível online: http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em 12 abr. 2023.

SALES, Michelle. Nossos Fantasmas Estão Vindo Cobrar: Giro Decolonial na Arte Contemporânea Brasileira. Vista - Revista de cultura visual, n. 8, 2021. DOI: https://doi.org/10.21814/vista.3641.

Downloads

Publicado

2023-11-30

Como Citar

Gonçalves, F. do N. (2023). Fiçcão visionária e anticolonialidade no filme "o que não tem espaço está em todo lugar", de Jota Mombaça. Brazilian Journal of Latin American Studies, 22(46), 187-206. https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2023.211328