Fiçcão visionária e anticolonialidade no filme "o que não tem espaço está em todo lugar", de Jota Mombaça
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1676-6288.prolam.2023.211328Palavras-chave:
Anticolonialidade, Ficção Visionária, Filme-Ensaio, Corpos dissidentes, R/existênciaResumo
O artigo discute o filme-ensaio “O que não tem espaço está em todo lugar” (2020), da artista visual Jota Mombaça, que realiza debates sobre racismo interseccionado com classe, gênero e sexualidade através de textos, performances, instalações, filmes e fotografias. Realizado durante a pandemia do Covid-19, o filme é uma espécie de diário de viagem fabulado a partir da ressignificação de arquivos de deslocamentos da artista entre Lisboa, Fortaleza e Berlim. Com ele, a artista faz um manifesto contra a violência e exclusão de corpos e subjetividades que não se encaixam no modelo moderno-capitalístico do homem ocidental, branco, cisgênero e heterossexual. O texto discute as operações enunciativas acionadas no filme e seu papel na crítica de Mombaça a essas lógicas de violência. Conclui-se que tais estratégias, por um lado, impregnadas de gestos de errância, velocidade e instantaneidade, corporificam dores e interdições, mas, por outro, implicam um pacto com a vida, no qual corpos e subjetividades dissidentes, exatamente por não poderem existir no mundo, precisam ser afirmados em todo lugar.
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