A Histeria como mal-do-século XIX e sua marca para o legado freudiano sobre a feminilidade
DOI:
https://doi.org/10.1590/Palavras-chave:
histeria, repressão, psicanálise, feminilidadeResumo
A histeria foi uma entidade clínica controversa para a psicopatologia do século XIX. Quanto às contingências socioculturais de sua emergência, costuma-se associar a histeria à repressão da sexualidade feminina e pensar o sintoma como um desvio da norma social. Este artigo tem por objetivo criticar essa tese e recolocar a histeria e a moral sexual a partir dos descompassos entre norma, gênero, desejo e sexualidade. Por meio de uma metodologia teórica e conceitual, indagamos alguns posicionamentos de Freud com relação a essa tradição que opunha desejo e ethos social. Como resultado, apresentamos uma rediscussão sobre os primeiros estudos freudianos sobre a histeria e suas discussões finais sobre o Édipo feminino. Concluímos que o sofrimento na histeria é mais complexo do que a hipótese do conflito sexual repressivo. Ele revela uma forma de subjetividade ainda prevalente nos dias de hoje.
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