A Histeria como mal-do-século XIX e sua marca para o legado freudiano sobre a feminilidade

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DOI:

https://doi.org/10.1590/

Palavras-chave:

histeria, repressão, psicanálise, feminilidade

Resumo

A histeria foi uma entidade clínica controversa para a psicopatologia do século XIX. Quanto às contingências socioculturais de sua emergência, costuma-se associar a histeria à repressão da sexualidade feminina e pensar o sintoma como um desvio da norma social. Este artigo tem por objetivo criticar essa tese e recolocar a histeria e a moral sexual a partir dos descompassos entre norma, gênero, desejo e sexualidade. Por meio de uma metodologia teórica e conceitual, indagamos alguns posicionamentos de Freud com relação a essa tradição que opunha desejo e ethos social. Como resultado, apresentamos uma rediscussão sobre os primeiros estudos freudianos sobre a histeria e suas discussões finais sobre o Édipo feminino. Concluímos que o sofrimento na histeria é mais complexo do que a hipótese do conflito sexual repressivo. Ele revela uma forma de subjetividade ainda prevalente nos dias de hoje.

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Biografia do Autor

  • Maíra Bittar Galdi, Universidade Estadual Paulista

    Mestranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia (PPG-Psico) da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências e Letras (FCL), Assis, SP, Brasil

  • Érico Bruno Viana Campos, Universidade Estadual Paulista

    Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Bauru, SP, Brasil.

  • Josiane Cristina Bocchi, Universidade Estadual Paulista

    Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciências, Bauru, SP, Brasil.

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Publicado

30-05-2025

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Artigos

Como Citar

A Histeria como mal-do-século XIX e sua marca para o legado freudiano sobre a feminilidade. (2025). Psicologia USP, 35. https://doi.org/10.1590/