Regularização fundiária e regimes de conhecimento: notas sobre o sul do estado do Amazonas (Brasil)
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192794Palavras-chave:
Povos indígenas sul-americanos, Tupi-Kagwahiva, terras indígenasResumo
Com o presente artigo, busca-se uma reflexão acerca dos processos de regularização fundiária nos quais diferentes formas de conhecimento entrecruzam-se. O ponto de partida é um conjunto de experiências relativas a estudos de identificação de terras indígenas no sul do estado do Amazonas. A intenção é problematizar a grafia de distintas leituras de contextos. Se de um lado o antropólogo deve redigir um relatório que contenha um mapa com os limites de uma terra indígena, de outro deve compreender a confluência de relações constitutivas de um coletivo e seu lugar. Se a produção de um texto e de um mapa são pensados para futuras leituras (jurídicas e antropológicas), os registros dos lugares, pautados em eventos que conjugam socialidade e sociabilidade, são também uma forma de linguagem.
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Depoimentos:
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