Os tempos da Ladeira da Preguiça: etnografia de longa duração de uma micro localidade do centro histórico de Salvador

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192795

Palavras-chave:

Ladeira da Preguiça, centro histórico de Salvador, temporalidades, etnografia, Centro Cultural Que Ladeira é Essa?

Resumo

Este artigo descreve e reflete sobre dois tempos que coexistem no espaço atual da Preguiça, uma das várias micro áreas que compõem a poligonal do Centro Histórico de Salvador (CHS). Trata-se de um velho “tempo do fechamento”, fruto de mudanças estruturais na cidade de Salvador, que se desenvolveram a partir da segunda metade do século XIX, e de um novo “tempo de (re)abertura”, forjado muito recentemente pelo esforço de alguns e algumas jovens moradores e moradoras da Preguiça, que criaram e mantêm o Centro Cultural Que Ladeira É Essa? Esses tempos foram captados e analisados mediante o método etnográfico (num trabalho de campo que vem sendo efetuado desde inícios de 2019) e o método histórico (com pesquisa em fontes históricas e na historiografia, realizada em 2018). Ambos os métodos nos permitiram relacionar os séculos XIX, XX e XXI e encontrar uma impressionante continuidade entre o que a Preguiça foi (abertura) e o que seus moradores atuais esperam que ela seja no futuro (reabertura), rejeitando abertamente o que se fez dela no século XX, até o presente (fechamento).

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Biografia do Autor

  • Urpi Montoya Uriarte, Universidade Federal da Bahia. Salvador, BA, Brasil

    Urpi Montoya Uriarte é antropóloga, formada pela Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Lima, Peru) e doutora em História Social, pela Universidade de São Paulo. Professora do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Bahia.

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Publicado

2022-05-02

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Como Citar

Uriarte, U. M. (2022). Os tempos da Ladeira da Preguiça: etnografia de longa duração de uma micro localidade do centro histórico de Salvador. Revista De Antropologia, 65(1), e192795. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.192795