Doppëlgangers, degenerações e feedbacks revolucionários em Angola
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.208842Palavras-chave:
Revolução, Angola, epistemologia, feedback retóricoResumo
Neste artigo descrevo a emergência do chamado Movimento Revolucionário (“Revú”) em Angola, que surgiu em 2011 no rescaldo da Primavera Árabe. Com base no meu trabalho de campo etnográfico com este movimento desde 2015, debaterei como esta emergência revolucionária é um feedback epistemológico contra um processo revolucionário anterior no país – o dos movimentos de libertação e de independência nas décadas de 1960 e 1970. Invocando conceitos de ciclicidade (Gonçalves 2017; Blanes 2019) e feedback retórico, descreverei um efeito de “epistemologia mútua” entre ambos os processos revolucionários, através do qual a perceção de um é dinamicamente determinada pela perceção do outro. Neste quadro, mais do que uma semiótica revolucionária mimética, considerarei a ideia de “doppëlgangers revolucionários”, a construção simultânea de “gémeos maus” como parte de um processo de dialética política entre facilitadores do regime e oposicionistas.
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