Revolução de Abril: ‘Liberdade’ e ‘Abertura’ em Portugal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.210392

Palavras-chave:

Revolução Portuguesa, 25 de Abril de 1974, Revolução dos Cravos, Liberdade, Representação Cultural, Imaginação Popular, Metáforas

Resumo

No dia 25 de Abril de 1974 Portugal embarcou na chamada “Revolução dos Cravos”, uma revolta popular considerada pacífica e liderada pelas forças armadas. Desde então, Portugal tornou-se, no imaginário popular, principalmente entre intelectuais e ativistas de esquerda, o “país de Abril”, lembrado pela sua Revolução e não por um mero Golpe de Estado. A palavra revolução é usada como sinônimo de liberdade e abertura política em muitas ocasiões, em escritos políticos, intelectuais, em todos os tipos de representações culturais e em livros infantis pedagógicos. Defendo que a ideia de Revolução criou dois tipos de representação coletiva nacional. Por um lado, combinando as perspectivas domésticas e mesmo íntimas e poéticas com o sentido de envolvimento numa nova atmosfera e política internacionais, a “liberdade de Abril” (a liberdade revolucionária) é frequentemente interpretada como uma liberdade moral oposta e contra um regime autoritário e uma sociedade ultrapassada. A metáfora da Liberdade usada para falar do 25 de Abril é expressa como um sinal de não retorno ao passado: “fascismo não mais”. Por outro lado, a abertura do país é concebida como “não virar as costas ao mundo”, o que significa concretamente ir mais longe numa direção específica, a nova Europa (União Europeia), mantendo ao mesmo tempo um virtuoso pós-colonialismo na relação com o chamado “mundo lusófono”.

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Publicado

2025-07-14

Edição

Seção

Dossiê "Revolution Talks"

Como Citar

Durão, S. (2025). Revolução de Abril: ‘Liberdade’ e ‘Abertura’ em Portugal. Revista De Antropologia, 68. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.210392