Inscrições etnográficas do terror estatal-miliciano no Rio de Janeiro:da extração de lucro, da vida e de corpos
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.219027Palavras-chave:
terror, corpo, desaparecimento, intimidadeResumo
Este artigo se inspira na provocação do antropólogo Michael Taussig de “pensar através do terror”. Busca explorar etnograficamente dispositivos e práticas de terror policiais e estatais-milicianas, com o objetivo de perscrutar os fluxos de poder que conectam desaparecimentos e mortes violentas a uma linguagem do terror. Para tanto, na primeira parte, explora, através de relatos das filhas das “Mães de Acari”, os impactos subjetivos e familiares do desaparecimento dos onze jovens que “sumiram” após a chacina. A segunda parte percorre, a partir de narrativas contidas em um processo judicial, inscrições do terror nos modos de agir de grupos estatais-milicianos em condomínios do Programa Minha Casa Minha Vida, localizados na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na parte final, aponta para as conexões entre terror, pedagogias da crueldade, espaços da morte e lógicas de extração do lucro, da vida e do corpo.
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