Raça e cor no Brasil contemporâneo, oportunismo político e tendência histórica
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.221938Palavras-chave:
Raça, cor, Brasil, reclassificação racial, censosResumo
Nesse artigo, exponho os dados publicados pelo IBGE sobre a cor e a raça/cor da população brasileira no período de 1872 a 2022 para examinar as tendências históricas do crescimento dos grupos raciais branco, pardo e preto. Três tendências são observadas. A primeira, entre o final do século XIX e os anos 1960, um processo de embranquecimento; a segunda, dessa última data censitária até a última década do século XX, é de crescimento contínuo da população parda em detrimento tanto da população branca, quanto da preta; a terceira, que se inicia em 1991, é o crescimento paulatino da população preta e da parda e o declínio constante da população branca. Meu argumento é de que essas tendências se devem principalmente a movimentos de reclassificação racial da população, portanto mais à fatores ideológicos – o modo como a nação brasileira é preponderantemente definida em cada período – e menos à fatores demográficos, ou a incentivos de políticas públicas, como as que beneficiaram pretos e pardos a partir do presente século.
Downloads
Referências
AMARAL, Raul J. 1947. O negro na população de São Paulo S.l.
AZEVEDO, Thales de. 1953. Les élites de couleur dans une ville brésilienne Paris, Unesco.
BAILEY, Stanley & TELLES, Edward. 2006. “Multiracial versus collective black categories: Examining census classification debates in Brazil”. Ethnicities, (6)1: 74-101. https://doi.org/10.1177/146879680606.
» https://doi.org/10.1177/146879680606
BAILEY, Stanley et al 2013. “Measures of ‘race’ and the analysis of racial inequality in Brazil”. Social Sciences Research, (42)1: 106-119. https://doi.org/10.1016/j.ssresearch.2012.06.006.
» https://doi.org/10.1016/j.ssresearch.2012.06.006
BASTIDE, Roger. 1961. “Variations sur la négritude”. Présence Africaine (36): 7-17. http://www.jstor.org/stable/24347923
» http://www.jstor.org/stable/24347923
BRUBAKER, Rogers. 2015. “The Dolezal affair: race, gender, and the micropolitics of identity”. Ethnic and Racial Studies, 39(3): 414-448. DOI:10.1080/01419870.2015.1084430.
» https://doi.org/10.1080/01419870.2015.1084430
CAMARGO, Alexandre P. R. 2009. “Mensuração racial e campo estatístico nos censos brasileiros (1872-1940): Uma abordagem convergente”. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi em Ciências Humanas, 4(3): 361-385. https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/QdfttwCdT5hvcTLdFMndfXn/?format=pdf&l ang=pt
» https://www.scielo.br/j/bgoeldi/a/QdfttwCdT5hvcTLdFMndfXn/?format=pdf&l ang=pt
CAMPOS, Luiz Augusto. 2013. “O pardo como dilema político”. Insight Inteligência, (63): 80-91. https://inteligencia.insightnet.com.br/pdfs/63.pdf
» https://inteligencia.insightnet.com.br/pdfs/63.pdf
CARVALHO, José Alberto Magno de; WOOD, Charles H. & DRUMOND, Flávia Cristina Andrade. 2004. “Estimating the stability of census-based racial/ethnic classifications: The case of Brazil”. Population Studies, (58):3, 331-343, DOI: 10.1080/0032472042000.
» https://doi.org/10.1080/0032472042000
DIAS, Gleidson & TAVARES Junior, Paulo (orgs.). 2018. Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos Canoas, IFRS campus Canoas.
DUARTE, Paulo. 1947. “Negros do Brasil”. O Estado de São Paulo, 16 abr. 1947 e 5 e 17 abr. de 1947, p. 6.
FERNANDES, Florestan. 1965. A integração do negro na sociedade de classes São Paulo, Dominus Editora.
GOMES, Wilson. 2023. “O Brasil pardo detectado pelo IBGE contra o Brasil negro dos identitários”. Folha de S.Paulo, 26 dez. 2023.
GUIMARÃES, Antonio S. A. 1999. Racismo e antirracismo no Brasil São Paulo, Editora 34.
HARRIS, Marvin. 1956. Town and country in Brazil Nova York, Columbia University Press.
HUTCHINSON, Harry. 1957. Village and plantation life in Northeastern Brazil Seattle, University of Washington Press.
IBGE 2008. Pesquisa das características étnico-raciais da população Rio de Janeiro, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais.
IKAWA, Daniela. 2008. Ações afirmativas em universidades Rio de Janeiro, Lumen Juris.
LAMOUNIER, Bolívar. 2023. “Esse Brasil lindo e trigueiro 2”. O Estado de São Paulo, 30 dez. 2023.
LOWRIE, Samuel. 1942. “The negro element in the population of Sao Paulo, a Southernly State of Brazil”. Phylon, (4): 398-416. https://doi.org/10.2307/271593.
» https://doi.org/10.2307/271593
MAGNOLI, Demétrio. 2023. “A fraude da raça”. Folha de S.Paulo, 29 dez. 2023.
MAIA, Suzana. 2019. “Espaços de branquitude: segregação racial entre as classes médias em Salvador, Bahia”. Século XXI - Revista de Ciências Sociais, 9(1), 253-282. https://doi.org/10.5902/2236672536942.
» https://doi.org/10.5902/2236672536942
MAIO, Marcos Chor. 1999. “O projeto Unesco e a agenda das ciências sociais no Brasil dos anos 40 e 50”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, (14)41: 141-158. https://doi.org/10.1590/S0102-69091999000300009.
» https://doi.org/10.1590/S0102-69091999000300009
MORTARA, Giorgio. 1950. Estudos sobre a composição da população do Brasil segundo a cor Rio de Janeiro, IBGE.
MORTARA, Giorgio. 1961. “Desenvolvimento da população preta e parda no Brasil”. Contribuições para o estudo da demografia no Brasil Rio de Janeiro. IBGE, pp. 198-206.
NABUCO, Joaquim. 2010. “O erro do imperador”. Joaquim Nabuco Essencial São Paulo, Penguin-Companhia.
NOBLE, Mellissa. 2000. Shades of citizenship: race and the census in modern politics Stanford, California, Stanford University Press.
OLIVEIRA, Eduardo de. 1994. “O mulato como obstáculo epistemológico”. Argumento, 65-73.
OMI, Michael & WINANT, Howard. 1994. Racial formation in the United States: From the 1960s to the 1990s Nova York, Routledge.
PIERSON, Donald. 1945. Brancos e pretos na Bahia, estudo de contacto racial São Paulo, Companhia Editora Nacional.
SANSONE, Livio. 2004. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais, culturas e identidades negras no Brasil Salvador/Rio de Janeiro, EDUFBA.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. 1993. O espetáculo das raças; Cientistas, instituições e questões raciais no Brasil (1870-1930) São Paulo, Companhia das Letras.
SCHWARTZMAN, Luisa Farah. 2009. “Seeing like citizens: Unofficial understandings of official racial categories in a Brazilian University”. Journal of Latin American Studies, (41)2: 221-250. doi:10.1017/S0022216X09005550.
» https://doi.org/10.1017/S0022216X09005550
SILVA, Marcelle. 2024. Quando eles nos veem: percepções de processos de racialização entre pretos e pardos no Rio de Janeiro Rio de Janeiro, Tese de doutorado em Sociologia), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos Sociais e Políticos. 2024.
SILVA, Graziella Moraes & REIS, Elisa. 2012. “The multiple dimensions of racial mixture in Rio de Janeiro, Brazil: From whitening to Brazilian negritude”. Ethnic and Racial Studies, 35(3): 382-399. https://doi.org/10.1080/01419870.2011.589524.
» https://doi.org/10.1080/01419870.2011.589524
SOUZA, Marcilene Garcia de. 2020. “Bancas de aferição, fraudes e seus desafios na educação superior e nos concursos públicos”. Revista Educação em Debate, Fortaleza, (42)83: 85-97. http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/58150
» http://repositorio.ufc.br/handle/riufc/58150
TELLES, Edward and LIM, Nelson. 1998. “Does it matter who answers the race question racial classification and income inequality in Brazil”. Demography, (35)4: 465-474. https://doi.org/10.2307/3004014.
» https://doi.org/10.2307/3004014
VENTURA, Roberto. 1991. Estilo tropical: história cultural e polêmicas literárias no Brasil, 1870-1914 São Paulo, Companhia das Letras.
WAGLEY, Charles. 1952. Race and class in Rural Brazil Paris, Unesco.
ZIMMERMAN, Ben. 1952. “Race relations in the Arid Sertão”. In: WAGLEY, Charles. Race and class in rural Brazil Paris, Unesco, pp. 82-115.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista de Antropologia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
