As emoções como conectores nas malhas dos mundos. Por uma antropologia das emoções ampliada
DOI:
https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.225337Palavras-chave:
antropologia, emoções, corpo, etnografia, psicologiaResumo
O problema de definir a dimensão emotiva está no modo como as diferentes tentativas priorizaram algumas das dimensões constitutivas do “humano”, configurando perspectivas culturalistas, psicologistas ou biologistas.
O objetivo deste artigo é pensar as emoções como “conectores”, que a partir da sua característica relacional associam as diferentes instâncias que compõem o “humano” e tecem as malhas dos mundos da vida.
A minha argumentação se inicia desenvolvendo o percurso seguido pelas emoções enquanto categoria analítica para o conhecimento antropológico, para em um segundo momento, abordar o debate que se estabeleceu na antropologia das emoções no contexto americano, que derivou na constituição do campo. E, finalmente, desenvolvo situações etnográficas em diálogo com autores e autoras que compartilham o que qualifico como uma perspectiva ampliada sobre as emoções proposta neste artigo.
Downloads
Referências
ABU-LUGHOD, Lila. [1986] 1988. Veiled Sentiments: Honor and Poetry in a Bedouin Society. Berkeley, University of California Press.
ABU-LUGHOD, Lila. 1991. “Writing Against Culture”. In: FOX, Richard G. (ed.). Recapturing Anthropology: Working in the Present. Santa Fé, School of American Research Press, pp. 137 - 132.
AHMED, Sara. 2004. “Affective Economies.” Social Text, 22(2): 117–139. muse.jhu.edu/article/55780.
AHMED, Sara. [2005] 2015. La Política cultural de las emociones. México: Universidad Nacional Autónoma de México.
BATESON, Gregory. [1936] 2008. Naven. Um exame dos problemas sugeridos por um retrato compósito da cultura de uma tribo da nova Guiné, desenhado a partir de três perspectivas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
BEATTY, Andrew. 1992. Society and Exchange in Nias. Oxford, Clarendon Press Oxford.
BEATTY, Andrew. 1999. Varieties of Javanese Religion: An Anthropological Account. Cambridge, Cambridge University Press.
BEATTY, Andrew. 2010. “How did it feel for you? Emotion, narrative, and the limits of ethnography”. American Anthropologist, 112(3): 430–443. https://www.jstor.org/stable/40801599
BEATTY, Andrew. 2014. “Anthropology and emotion.” Journal of the Royal Anthropological Institute, 20(3): 545-563.
BEATTY, Andrew. 2019. Emotional Worlds: Beyond an Anthropology of Emotion. Cambridge, Cambridge University Press.
BESNIER, Nico. 1990. “Language and Affect”. Annual Review of Anthropology, 1990 (19): 419–451. https://www.jstor.org/stable/2155972
BOAS, Franz. [1938] 2010. As associações emocionais dos primitivos. IN: Franz BOAS. A mente do ser humano primitivo. Petrópolis: ed. Vozes, pp. 155-171.
BOCK, Philip. [1980] 1989. Continuities in Psychological Anthropology. San Francisco, W.H.Freeman
BONET, Octavio. 2004. Saber e Sentir: uma etnografia da aprendizagem da Biomedicina. Rio de Janeiro, Ed. Fiocruz.
BONET, Octavio. 2006. “Emoções e sofrimentos nas consultas médicas. Implicações da sua irrupção.” Teoria e Cultura, 1(1): 117-138.
BONET, Octavio. 2014 Os médicos da pessoa. Um olhar antropológico sobre a medicina de família no Brasil e na Argentina. Rio de Janeiro, 7Letras.
CASEY Conerly; EDGERTON. Robert. 2005. A companion to psychological anthropology: modernity and psychocultural change. Oxford, Blackwell Publishing Ltd.
CLIFFORD, James; MARCUS, George. 1986. Writing Culture: The Poetics and Politics of Ethnography. Los Angeles, University of California Press.
COELHO, Maria Claudia e REZENDE, Claudia. 2011. “O campo da antropologia das emoções”. In: COELHO, Maria Claudia e REZENDE, Claudia. (org.). Cultura e Sentimentos: ensaios em antropologia das emoções. Rio de Janeiro, Contracapa, pp. 7-29.
COELHO, Maria Claudia. 2010. “As emoções e a ordem pública: uma investigação sobre modelos teóricos para a análise socioantropológica das emoções”. Trabalho apresentado na 27ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 01 e 04 de agosto de 2010, Belém, Pará, Brasil. Ms.
COELHO, Maria Claudia; DURÃO, Susana; VIANNA, Adriana. 2012. “Entrevista - Antropologia com Emoção”. MANA 18(1): 213-224. https://doi.org/10.1590/S0104-93132012000100008
DAS, Veena. 2007. Life and words: violence and the descent into the ordinary. Berkeley, University of California Press.
DESJARLAIS, Robert. 1992. Body and Emotion: The Aesthetics of Illness and Healing in the Nepal Himalayas. Philadelphia, University of Pennsylvania Press.
DESJARLAIS, Robert; O'NELL, Theresa. 2000. “Introduction”. Ethos, 27(4): 407-414.
DESPRET, Vinciane. 2001. Ces emotions qui nous fabriquent: Ethnopsychologie de l'authenticité. Paris, Le Seuil.
DURKHEIM, Émile, [1898] 2007. “Representações individuais e representações sociais”. In: Émile Durkheim. Sociologia e Filosofia. São Paulo, Ícone, pp. 9-54.
DURKHEIM, Émile. [1912] 1996. As formas elementares da vida religiosa. O sistema totêmico na Austrália. São Paulo, Martin Fontes.
DURKHEIM, Émile; MAUSS, Marcel. [1903] 1981. “Algumas formas primitivas de classificação”. In: Marcel Mauss. Ensaios de sociologia. São Paulo, Editora Perspectiva, pp. 183-203.
FAVRET-SAADA, Jeanne. 2005. “Ser Afetado”. Cadernos de Campo, 1(13): 155-161. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9133.v13i13p155-161
FELD, Steven. 1982. Sound and Sentiment: Birds, Weeping, Poetics and Song in Kaluli Expression. Philadelphia, University of Pennsylvania Press.
GEERTZ, Clifford. [1973] 1989. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro, Zahar.
GRIMA, Benedict. 1992. The Performance of Emotions among Paxtum Women. Austin, University of Texas Press.
HERRERA, Frida; MARTINEZ-MORENO, Marco. 2022. Las emociones de ida y vuelta. Experiencia etnográfica, método y conocimiento antropológico. México, Universidad Nacional Autónoma de México.
KARSENTI, Bruno. 1997. L'Homme total. Sociologie, anthropologie et philosophie chez Marcel Mauss. Paris, PUF.
KLEINMAN, Arthur; KLEINMAN, Joan. 1991. “Suffering And Its Professional Transformation: Toward An Ethnography Of Interpersonal Experience”. Culture, Medicine and Psychiatry, 15(3): 275-301. https://doi.org/10.1007/BF00046540
LE BRETON, David. [1998] 1999. Las Pasiones Ordinarias. Antropología de las Emociones. Buenos Aires, Nueva Visión.
LEAVITT John. 1996. “Meaning and feeling in the anthropology of emotion”. American ethnologist 23(3). 514-539. https://www.jstor.org/stable/646350
LUTZ, Catherine & WHITE, Geoffrey. 1986. “The Anthropology of Emotions”. Anual Review of Anthropology, 1986(15): 405-436. https://www.jstor.org/stable/2155767
LUTZ, Catherine. 1988. Unnatural Emotion: everyday sentiments on a Micronesian Atoll and their challenge to Western Theory. Chicago, University of Chicago Press.
LUTZ, Catherine. 1997. “Comments”. Current Anthropology, 38(3): 345-346. https://doi.org/10.1086/204622
LUTZ, Catherine; ABU-LUGHOD Lila. 1990. Language and the politics of emotion. New York, Cambridge University Press.
LYON, Margot. 1995. “Missing emotions: The limitations of cultural constructionism in the study of emotions”. Cultural Anthropology, 10(2): 244-263. https://doi.org/10.1525/can.1995.10.2.02a00050
MALINOWSKI, Bronislaw. [1929] 1975. La vida Sexual de los salvajes. Madrid, Ediciones Morata.
MALINOWSKI, Bronislaw. [1922] 2018. Os Argonautas do Pacífico Ocidental. Um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia. São Paulo, UBU Editora.
MAUSS, Marcel. [1924] 2003. “Relações reais e práticas entre a psicologia e a Sociologia”. In: Marcel Mauss. Sociologia e Antropologia. São. Paulo, Cosac & Naify, pp. 315-344
MAUSS, Marcel. [1921] 2001. “A expressão obrigatória dos sentimentos (Rituais orais funerários australianos)”. In: Marcel Mauss. Ensaios de Sociologia. São Paulo, Editora Perspectiva. pp. 325-331
MAUSS, Marcel. [1935] 2003. “As técnicas do corpo”. In: Marcel Mauss. Sociologia e Antropologia. São. Paulo, Cosac & Naify. pp. 399-422
MAUSS, Marcel. 2003. “Efeito Físico no indivíduo da ideia de morte sugerida pela coletividade (Austrália, Nova Zelândia)”. IN: Marcel Mauss. Sociologia e Antropologia. São. Paulo, Cosac & Naify. pp. 345-365
MEAD, Margaret. 1979. Sexo e temperamento. São Paulo: Editora Perspectiva.
PROUST, Marcel. [1914]. 2002. Em busca do tempo perdido. Rio de Janeiro, Editora Ediouro.
REDDY, William. 1997. “Against Constructionism: the historical ethnography of Emotions”. Current Anthropology, 38 (3): 327- 351. https://doi.org/10.1086/204622
REDDY, William. 1997. “Against Constructionism: the historical ethnography of Emotions”. Current Anthropology, 38 (3): 327-351. https://doi.org/10.1086/204622
REDDY, William. 2001. The Navigation of Feeling. A Framework for the History of Emotions. Cambridge, Cambridge University Press.
REZENDE, Claudia; COELHO, Maria Claudia. 2010. Antropologia das Emoções. Rio de Janeiro, Editora FGV
ROSALDO, Michele. 1980. Knowledge and Passion. Ilongot Notions of Self and Social Life. Cambridge, Cambridge University Press.
ROSALDO, Michele. 1984. “Toward an Anthropology of Self and Feeling”. In: Richard. SEWEDER & Robert. LEVINE, (Org.). Culture Theory. Essays on Mind, Self and Emotion. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 137-157.
SCHOR, Daniel. 2017. Heranças invisíveis do abandono afetivo. Um estudo psicanalítico sobre as dimensões da experiência traumática. São Paulo, Blucher.
SCHWARTZ, Theodore; WHITE, Geoffrey; LUTZ, Catherine. 1992. New Directions in Psychological Anthropology. Cambridge, Cambridge University Press.
SIRIMARCO, Mariana; SPIVAK L’HOSTE, Ana. 2019. “Antropología y emoción: reflexiones sobre campos empíricos, perspectivas de análisis y obstáculos epistemológicos”. Horizontes antropológicos, 25(54): 7-21.
SPINDLER, George. 1978. The Making of Psychological Anthropology. Berkeley, University of California Press.
STOCKING, Jr, George. 1986. Malinowski, Rivers, Benedict and Others. Essays on Culture and Personality. Madison, The University of Wisconsin Press.
WHITE, Geoffrey. 1990. “Emotion talk and social inference: disentangling in Santa Isabel, Salomon Island”. In: WHITE, Geoffrey; WATSON-GEGEO,Karen (Ed.) Disentangling: Conflict Discourse in Pacific Societies. Stanford, Stanford University Press, pp. 53-121.
WHITE, Geoffrey. 1992. “Ethnopsychology”. IN: SCHWARTZ, Theodore; WHITE, Geoffrey; LUTZ, Catherine. New Directions in Psychological Anthropology. Cambridge University Press, pp. 21-46.
WHITE, Geoffrey. [2005] 2007. “Emotive Institutions”. IN: CASEY, Conerly; EDGERTON, Robert. 2007. A companion to psychological anthropology: modernity and psychocultural change. Oxford, Blackwell Publishing Ltd, pp. 241-254
WHITE, Geoffrey; WATSON-GEGEO, Karen. 1990. Disentangling Discourse. In: WHITE, Geoffrey y WATSON-GEGEO, Karen (Ed.), Disentangling: Conflict Discourse in Pacific Societies. Stanford, Stanford University Press, pp. 3- 49.
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista de Antropologia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
