O medo dos outros
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2011.39650Palavras-chave:
Perspectivismo ameríndio, sobrenatureza, canibalismo, medo.Resumo
Pierre Clastres perguntava, em um artigo publicado em A sociedade contra o Estado: de que riem os índios? Pergunto, por analogia: e de que eles têm medo? A resposta é, em princípio, simples: eles riem e têm medo das mesmas coisas, aquelas mesmas apontadas por Clastres – coisas como jaguares, xamãs, brancos e espíritos, isto é, seres definidos por sua radical alteridade. E eles têm medo porque a alteridade é objeto de um desejo igualmente radical por parte do Eu. Esta é uma forma de medo que implica necessariamente a inclusão ou a incorporação do outro ou pelo outro como forma de perpetuação do devir-outro que é o processo do desejo nas socialidades amazônicas. Partindo de um mito taulipang sobre a origem do ânus (órgão que costumamos associar ao medo), também um mito da especiação e, no caso, da origem das diferentes corporalidades, o artigo envereda por uma discussão em torno do “perspectivismo ameríndio”, passando por mais uma analogia, desta vez entre os perigos da sujeição envolvidos nos encontros sobrenaturais e a experiência do indivíduo moderno perante o Estado. A questão que emerge é como, nos regimes perspectivistas, é possível se deixar investir pela alteridade sem que isto se torne um germe de transcendência.Downloads
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