Evidências do impacto da religiosidade no gerenciamento de resultados no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-6486.rco.2022.186587Palavras-chave:
Accruals discricionários, Atividades reais, Aversão ao risco, Teoria das Normas SociaisResumo
A literatura internacional aponta evidências da relação entre religiosidade e os tipos de gerenciamento de resultados em países não adotantes das International Financial Reporting Standards. Diante disso, o objetivo do estudo é investigar a associação entre a religiosidade e o gerenciamento de resultados, em um país adotante das normas internacionais. O gerenciamento de resultados foi estimado por meio dos accruals e das atividades reais para uma amostra de 122 companhias listadas na Brasil, Bolsa, Balcão no período de 2010 a 2017. A religiosidade correspondeu ao percentual de pessoas que declararam possuir religião no município da sede da empresa. Por meio de regressão pelo método Ordinary Least Squares, com dados em painel, verificou-se que a religiosidade está negativamente associada ao gerenciamento de resultados por meio dos accruals e positivamente associada ao gerenciamento de resultados por meio das atividades reais. Esse resultado pode ser explicado pela aversão ao risco, norma social utilizada na literatura para caracterizar os religiosos. Em ambientes religiosos, portanto com maior aversão ao risco segundo essa literatura, o gestor tenderia a utilizar mais o gerenciamento de resultados por meio das atividades reais e menos gerenciamento de resultados por meio dos accruals em função do risco de detecção por auditores e órgãos reguladores. A pesquisa contribui com a expansão do entendimento dos aspectos delineadores da qualidade da informação contábil, sob a vertente do gerenciamento de resultados, bem como incrementa as pesquisas sobre gerenciamento de resultados, ao indicar a religiosidade como variável adicional nos modelos. A medida de religiosidade é uma limitação do estudo, pois a declaração dos respondentes pode diferir da prática e a medida também está sujeita a variações por bairro ou regiões, em empresas localizadas em municípios maiores.
Downloads
Referências
Barros, C. M. E., Soares, R. O., & Lima, G. A. S. F. de. (2013). A relação entre governança corporativa e gerenciamento de resultados em empresas brasileiras. Revista de Contabilidade e Organizações, 7(19), 27-39. https://doi.org/10.11606/rco.v7i19.55509.
Bjornsen, M., Do, C., & Omer, T. C. (2019). The influence of country-level religiosity on accounting conservatism. Journal of International Accounting Research, 18(1), 1–26. https://doi.org/10.2308/jiar-52270.
Brasil, Bolsa Balcão (B3). (2020). Empresas listadas. Disponível em: http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-listadas.htm.
Caetano, S. C. S. A (2018). Os avanços na fala das mulheres negras. Anais do Encontro Estadual de História e Democracia: precisamos falar sobre isso, Guarulhos, SP, Brasil, 24. https://www.encontro2018.sp.anpuh.org/site/anaiscomplementares.
Cai, G., Li, W., & Tang, Z. (2018). Religion and the method of earnings management: evidence from China. Journal of Business Ethics, 161(1), 71–90. https://doi.org/10.1007/s10551-018-3971-6.
Callen, J. L., Morel, M., & Richardson, G. (2011). Do culture and religion mitigate earnings management? Evidence from a cross-country analysis. International Journal of Disclosure and Governance, 8(2), 103–121. https://doi.org/10.1057/jdg.2010.31.
Campara, J.P., Vieira, K. M., Bender Filho, R., & Coronel, D. A. (2017). Entendendo a tolerância ao risco: proposição de um modelo logit multinomial. Revista de Administração da UNIMEP, 15(2), 1-30. http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=273752467001.
Cohen, D. A., Dey, A., & Lys, T. Z. (2008). Real and accrual-based earnings management in the pre- and post-sarbanes-oxley periods. The Accounting Review, 83(3), 757-787. https://doi.org/10.2308/accr.2008.83.3.757.
Consoni, S., Colauto, R. D., & Lima, G. A. S. F. de. (2017). A divulgação voluntária e o gerenciamento de resultados contábeis: evidências no mercado de capitais brasileiro. Revista Contabilidade & Finanças, 28 (74), 249-263. https://doi.org/10.1590/1808-057x201703360.
Cupertino, C. M., Martinez, A. L., & Costa Jr., N. C. A. da. (2017). Earnings management strategies in Brazil: Determinant costs and temporal sequence. Contaduría y Administración, 62(5), 1460–1478. https://doi.org/10.1016/j.cya.2016.11.002.
Dechow, P. M., Sloan, R. G., & Sweeney, A. P. (1995). Detecting earnings management. The Accounting Review, 70(2),193-225.
Du, X., Jian, W., Lai, S., Du, Y., & Pei, H. (2015). Does religion mitigate earnings management? Evidence from China. J Bus Ethics, 131, 699–749. https://doi.org/10.1007/s10551-014-2290-9.
Dyreng, S. D., Mayew, W. J., & WIlliams, C. D. (2012). Religious social norms and corporate financial reporting. Journal of Business Finance & Accounting, 39(7-8), 845-875. https://doi.org/10.1111/j.1468-5957.2012.02295.x.
Economatica. (2020). Banco de Dados. Disponível em: https://economatica.com/.
Fields, T. D., Lys, T. Z., & Vincent, L. (2001). Empirical research on accounting choice. Journal of Accounting and Economics, 31(1-3), 255–307. https://doi.org/10.1016/S0165-4101(01)00028-3.
Graham, J. R., Harvey, C. R., & Rajgopal, S. (2005). The economic implications of corporate financial reporting. Journal of Accounting and Economics, 40(1-3), 3–73. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2005.01.002.
Grullon, G., Kanatas, G., & Weston, J. (2009). Religion and corporate (mis) behavior. Available at SSRN 1472118. Disponível em: http://www.ruf.rice.edu/~westonj/wp/Religion.pdf.
Gujarati, D. N., & Porter, D.C. (2011). Econometria básica. 5. Ed. Porto Alegre: AMGH Editora.
Gunny, K. (2005). What are the consequences of real earnings management?. Disponível em: http://w4.stern.nyu.edu/accounting/docs/speaker_papers/spring2005/Gunny_paper.pdf.
Hilary, G., & Hui, K. W. (2009). Does religion matter in corporate decision making in America? Journal of Financial Economics, 93(3), 455–473. https://doi.org/10.1016/j.jfineco.2008.10.001.
Hribar, P., & Collins, D. W. (2002). Errors in estimating accruals: implications for empirical research. Journal of Accounting Research, 40(1), 105-134. https://doi.org/10.1111/1475-679X.00041.
Huang, H., Rose-Green, E., & Lee, C. (2012). CEO age and financial reporting quality. Accounting Horizons, 26(4), 725-740. https://doi.org/10.2308/acch-50268.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). (2020). Sidra: Banco de Tabelas Estatísticas. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-demografico/demografico-2010.
Jackson, T. M. (2020). We have to leverage those relationships: how Black women business owners respond to limited social capital. Sociological Spectrum, 1-17. https://doi.org/10.1080/02732173.2020.1847706.
Joia, R. M., & Nakao, S. H. (2014). Adoção de IFRS e gerenciamento de resultado nas empresas brasileiras de capital aberto. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade (REPeC), 8(1). https://doi.org/10.17524/repec.v8i1.1014.
Kennedy, E. J., & Lawton, L. (1998). Religiousness and business ethics. Journal of Business Ethics, 17(2), 163-175. https://doi.org/10.1023/A:1005747511116.
Kothari, S.P., Leone, A. J., & Wasley, C. E. (2005). Performance matched discretionary accrual measures. Journal of Accounting and Economics, 39(1), 163-197. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2004.11.002.
Ma, L., Zhang, M., Gao, J., & Ye, T. (2020). The effect of religion on accounting conservatism. European Accounting Review, 29(2), 383-407. https://doi.org/10.1080/09638180.2019.1600421.
Martinez, A. L. (2011). Do corporate governance special listing segments and auditing curb real and accrual-based earnings management? evidence from brazil. Revista Universo Contábil, 7(4), 98-117. http://dx.doi.org/10.4270/ruc.20117.
Martinez, A. L. (2001). "Gerenciamento" dos resultados contábeis: estudo empírico das companhias abertas brasileiras. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
McGuire, S. T., Omer, T. C., & Sharp, N. Y. (2012). The impact of religion on financial reporting irregularities. The Accounting Review, 87(2), 645–673. https://doi.org/10.2308/accr-10206.
Miller, A. S., & Hoffmann, J. P. (1995). Risk and religion: an explanation of gender differences in religiosity. Journal for the Scientific Stuldy of Religion, 34, 63-75. https://doi.org/10.2307/1386523.
Paulo, E. (2007). Manipulação das informações contábeis: uma análise teórica e empírica sobre os modelos operacionais de detecção de gerenciamento de resultados. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
PNUD Brasil. (2010). Ranking IDHM Municípios 2010. Disponível em: https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/idh0/rankings/idhm-municipios-2010.html.
Roychowdhury, S. (2006). Earnings management through real activities manipulation. Journal of Accounting and Economics, 42, 335–370. https://doi.org/10.1016/j.jacceco.2006.01.002.
Sena, T. R., Dias Filho, J. M., & Moreira, N. B. (2020). Gerenciamento de resultados por decisões operacionais no novo mercado do brasil: uma análise da influência de auditorias big four e não big four. Revista de Gestão, Finanças e Contabilidade, 10(2), 04-21. https://doi.org/10.18028/rgfc.v10i2.7470.
Silva, A. Pletsch, C. S., Vargas, A. J., Fazolin, L. B., & Klann, R. C. (2014). Influência da auditoria sobre o gerenciamento de resultados. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, 19(3), 59-69. https://doi.org/10.12979/11151.
Thomson Reuters. (2020). Banco de Dados. Disponível em: https://www.thomsonreuters.com.br.
Urcan, O. (2007). Geographical location and corporate disclosures. SSRN Electronic Journal. Disponível em: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=930433.
World Bank. (2021). DataBank. Disponível em 02 novembro, 2021 em: https://databank.worldbank.org/source/world-development-indicators.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Simone Miranda dos Santos, Sirlei Lemes, Neirilaine Silva de Almeida
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A RCO adota a política de Acesso Livre (Libre Open Access), sob o acordo padrão Creative Commons (CC BY-NC-ND 4.0). O acordo prevê que:
- A submissão de texto autoriza sua publicação e implica compromisso de que o mesmo material não esteja sendo submetido a outro periódico. O original é considerado definitivo;
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com necessário reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre);
- A revista não paga direitos autorais aos autores dos textos publicados;
- O detentor dos direitos autorais da revista, exceto os já acordados no acordo de Libre Open Access (CC BY-NC-ND 4.0), é o Departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Não são cobradas taxas de submissão ou de publicação.
São aceitos até 4 autores por artigo. Casos excepcionais devidamente justificados poderão ser analisados pelo Comitê Executivo da RCO. São considerados casos excepcionais: projetos multi-institucionais; manuscritos resultantes da colaboração de grupos de pesquisa; ou que envolvam grandes equipes para coleta de evidências, construção de dados primários e experimentos comparados.
É recomendada a ordem de autoria por contribuição, de cada um dos indivíduos listados como autores, especialmente no desenho e planejamento do projeto de pesquisa, na obtenção ou análise e interpretação de dados e redação. Os autores devem declarar as efetivas contribuições de cada autor, preenchendo a carta ao editor, logo no início da submissão, responsabilizando-se pelas informações dadas.
É permitida a troca de autores durante todo o processo de avaliação e, antes da publicação do manuscrito. Os autores devem indicar a composição e ordem final de autoria no documento assinado por todos os envolvidos no aceite para publicação. Caso a composição e ordem de autoria seja diferente da informada anteriormente no sistema, todos autores anteriormente listados deverão se manifestar favoráveis.
No caso de identificação de autoria sem mérito ou contribuição (ghost, guest or gift authorship), a RCO segue o procedimento recomendado pela COPE.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Números do Financiamento 001