Um panorama da renegociação de dívidas de empresas brasileiras de capital aberto no período 2010-2021
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1982-6486.rco.2025.218938Palavras-chave:
Renegociação, Waiver, Dívida, Contratos incompletosResumo
As renegociações de dívidas desempenham um papel fundamental na manutenção dos contratos entre credores e devedores. Contudo, pouco se sabe sobre as características destas renegociações, especialmente em contextos económicos emergentes. A pesquisa sobre renegociação é importante, especialmente em contextos de economias emergentes como o Brasil. A elevada assimetria de informação, a baixa proteção dos direitos do credor e a dificuldade na execução da dívida, características dessas economias, fazem da renegociação um instrumento fundamental na relação contratual entre devedor e credor. Portanto, nosso objetivo foi analisar de forma abrangente as renegociações de dívidas dentro de uma economia emergente, mais especificamente o Brasil. A base de dados foi preparada manualmente a partir da leitura de mais de 3.000 notas às demonstrações financeiras, considerando todas as empresas listadas na bolsa de valores brasileira “B3” em 2021. Analisamos dados de 12 anos (2010 a 2021). Este estudo revelou maior concentração de renegociações de dívidas focadas em covenants (waivers) e prorrogações de prazo. Além disso, a maior parte das renegociações ocorre no quarto trimestre, com concentração relevante durante a pandemia de Covid-19 (2020 e 2021). Os bancos privados responderam por aproximadamente 45% das renegociações, enquanto o crédito no mercado de capitais representou quase 40%. Notavelmente, as empresas em boas condições financeiras tendem a renegociar menos as suas dívidas.
Downloads
Referências
Albanez, T., & Schiozer, R. F. (2022). Ownership Concentration and other Determinants of Covenants in Debt Contracts of Brazilian Publicly Listed Firms. Brazilian Business Review, 19(4), 372–395. https://doi.org/10.15728/bbr.2022.19.4.2.en
Alali, F. A., & Foote, P. S. (2012). The Value Relevance of International Financial Reporting Standards: Empirical Evidence in an Emerging Market. The International Journal of Accounting, Elsevier, 47(1), 85-108. DOI: 10.1016/j.intacc.2011.12.005
Altman, E.I. (1968). Financial Ratios, Discriminant Analysis and the Prediction of Corporate Bankruptcy. Journal of Finance, 23, pp. 589–609. DOI:10.1111/jifm.12053
Armstrong, C. S., Guay, W. R., & Weber, J. P. (2010). The Role Of Information And Financial Reporting In Corporate Governance And Debt Contracting. Journal of Accounting and Economics, 50(2-3), 179–234. DOI:10.1016/j.jacceco.2010.10.001
Berlin, M. & Loeys, J. (1988). Bond Covenants And Delegated Monitoring. Journal of Finance, 43, 397–412. DOI:10.2307/2328467
Chava, S., & Roberts, M. (2008). How Does Financing Impact Investment? The Role Of Debt Covenant Violations. Journal of Finance, 63, 2085–2121. doi: 10.1111/j.1540-6261.2008.01391.x
Chen, K., & Wei, K. (1993). Creditors’ Decisions To Waive Violations Of Accounting-Based Debt Covenants. The Accounting Review, 68, 218–232. doi: 10.2307/248398
Coase, R. H. (1937). The Nature of the Firm. In Williamson, O. & Winter, S., orgs., The Nature of the Firm, New York, Oxford, Oxford University Press, 1991, 18-33.
Economy Ministry. (2022). Ministério da Economia divulga lista dos setores mais afetados pela pandemia da Covid-19 no Brasil. Available in: “https://www.gov.br/economia/pt-br/assuntos/noticias/2020/setembro/ministerio-da-economia-divulga-lista-dos-setores-mais-afetados-pela-pandemia-da-covid-19-no-brasil. Accessed on 01 Jun 2023.
Gilson, S. (1990). Bankruptcy, Boards, Banks, And Blockholders: Evidence On Changes In Corporate Ownership And Control When Firms Default. Journal of Financial Economics, 26, 315–353. DOI: 10.1016/0304-405X(90)90060-D
Gilson, S., John, K., & Kang, L. (1990). Troubled Debt Restructurings: An Empirical Analysis Of Private Reorganization Of Firms In Default. Journal of Financial Economics, 26, 315–353. DOI: 10.1016/0304-405X(90)90059-9
Godlewski, C. J. (2014). The Determinants Of Multiple Bank Loan Renegotiations In Europe. International Review of Financial Analysis, 34, 275–286. DOI: 10.1016/j.irfa.2014.07.005
Godlewski, C. J. (2015). The Dynamics Of Bank Debt Renegotiation In Europe: A Survival Analysis Approach. Economic Modelling, 49(C), 19-31. DOI: 10.1016/j.econmod.2015.03.017
Godlewski, C. J. (2020). How Legal And Institutional Environments Shape The Private Debt Renegotiation Process? Journal of Corporate Finance, 62, 101555. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jcorpfin.2019.101555
Grossman, S., & Hart, O. (1986). The Costs and Benefits of Ownership: A Theory of Vertical and Lateral Integration. Journal of Political Economy, 94(4), p. 691-719. DOI:10.1086/261404
Hart, O., & Moore, J. (1988). Incomplete Contracts and Renegotiation. Econometrica, 56(4), 755-785. DOI:10.2307/1912698
Jensen, M., & Meckling, W. (1976). Theory Of The Firm: Managerial Behavior, Agency Costs And Ownership Structure. Journal of Financial Economics, 3(4), 305-360.
La Porta, R., Lopez-de-Silanes, F., Shleifer, A., & Vishny, R.W. (1998). Law and finance. Journal of Political Economy, 106, 1113–1155. DOI:10.1086/250042
Mourad, F. A., Schiozer, R. F., & dos Santos, T. R. E. (2020). Bank Loan Forbearance: Evidence From A Million Restructured Loans. Banco Central do Brasil.
Nikolaev, V. V. (2018). Scope For Renegotiation In Private Debt Contracts. Journal of Accounting and Economics, 65(2-3), 270–301. DOI: 10.1016/j.jacceco.2017.11.007
Roberts, M. (2015). The Role Of Dynamic Renegotiation And Asymmetric Information In Financial Contracting. J. Financ. Econ., 116 (1), 61–81. DOI:10.1016/j.jfineco.2014.11.013
Roberts, M., & Sufi, A. (2009). Renegotiation Of Financial Contracts: Evidence From Private Credit Agreements. J. Financ. Econ., 93, 159–184. doi:10.1016/j.jfineco.2008.08.005
The World Bank. (2023). Doing Business. Avaible in: https://databank.worldbank.org/source/doing-business.
Valente, J., Augusto, M., & Murteira, J. (2022). Bargaining Power And Renegotiation Of Small Private Debt Contracts. Annals of Finance, 18(4), 485-510. DOI: 10.1007/s10436-022-00413-y
Xiang, Z., Wang, W., & Basu, S. (2022). Long-run Performance of Debt Renegotiations: Large-Sample Evidence. Fox School of Business Research Paper.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 João Paulo Augusto Eça, Tatiana Albanez, Mauricio Ribeiro do Valle

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A RCO adota a política de Acesso Livre (Libre Open Access), sob o acordo padrão Creative Commons (CC BY-NC-ND 4.0). O acordo prevê que:
- A submissão de texto autoriza sua publicação e implica compromisso de que o mesmo material não esteja sendo submetido a outro periódico. O original é considerado definitivo;
- Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attributionque permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com necessário reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre);
- A revista não paga direitos autorais aos autores dos textos publicados;
- O detentor dos direitos autorais da revista, exceto os já acordados no acordo de Libre Open Access (CC BY-NC-ND 4.0), é o Departamento de Contabilidade da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Não são cobradas taxas de submissão ou de publicação.
São aceitos até 4 autores por artigo. Casos excepcionais devidamente justificados poderão ser analisados pelo Comitê Executivo da RCO. São considerados casos excepcionais: projetos multi-institucionais; manuscritos resultantes da colaboração de grupos de pesquisa; ou que envolvam grandes equipes para coleta de evidências, construção de dados primários e experimentos comparados.
É recomendada a ordem de autoria por contribuição, de cada um dos indivíduos listados como autores, especialmente no desenho e planejamento do projeto de pesquisa, na obtenção ou análise e interpretação de dados e redação. Os autores devem declarar as efetivas contribuições de cada autor, preenchendo a carta ao editor, logo no início da submissão, responsabilizando-se pelas informações dadas.
É permitida a troca de autores durante todo o processo de avaliação e, antes da publicação do manuscrito. Os autores devem indicar a composição e ordem final de autoria no documento assinado por todos os envolvidos no aceite para publicação. Caso a composição e ordem de autoria seja diferente da informada anteriormente no sistema, todos autores anteriormente listados deverão se manifestar favoráveis.
No caso de identificação de autoria sem mérito ou contribuição (ghost, guest or gift authorship), a RCO segue o procedimento recomendado pela COPE.




