Fragmentação espacial de bosques de mangue em um sistema estuarino semiárido do Nordeste do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.198854Palavras-chave:
Zonas costeiras, Áreas úmidas, Paisagem, GeotecnologiasResumo
Considerando a ampla ocorrência de manguezais em estuários hipersalinos do litoral semiárido do Brasil, cria-se uma demanda por estudos que indiquem como esse ecossistema tem se distribuído nas paisagens fluviomarinhas. Essa pesquisa buscou analisar a fragmentação espacial da vegetação de mangue que ocorre na zona estuarina do Rio Piranhas-Açu (RN), a partir de três etapas: 1) Levantamento bibliográfico de documentos nacionais e internacionais para subsidiar o trabalho; 2) Mapeamento dessa vegetação nos anos de 2008 e 2021; e 3) Aplicação de métricas de paisagem de área, forma e proximidade, utilizando um Sistema de Informação Geográfica. Em se tratando dos resultados, esses indicaram uma redução de 329,8 ha de mangue e um aumento de 230 manchas contíguas destes bosques, em pouco mais de uma década. Os dosséis com área inferior a 20 ha representaram mais de 88% da ocupação em ambos os anos. Esse valor reverberou na resposta dos parâmetros de forma, o qual indicou que mais de 50% dos mesmos encontraram-se irregulares, apresentando uma influência importante da relação entre o perímetro e a área. Com a formação de bosques adjacentes, a métrica do vizinho mais próximo informou que a distância euclidiana menor igual a 30 m representou mais de 75% dos padrões espaciais. Portanto, a perda de ocupação de mangue e a sua fragmentação podem vir a progredir em um futuro próximo, caso não sejam realizadas ações de monitoramento deste processo, assim como recuperação de áreas que estejam degradadas.
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