Como analisar e interpretar a economia urbana na contemporaneidade? Leituras a partir de uma abordagem multidisciplinar

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.199115

Palavras-chave:

Diversidade econômica, Mercado de trabalho, Espaço urbano, Trabalho e renda

Resumo

Os problemas existentes no mundo do trabalho crescem em escala global devido aos processos de precarização, reestruturação produtiva e globalização neoliberal. A partir disso, estratégias alternativas de geração de trabalho e renda ganham relevância tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Esse artigo oferece algumas considerações teóricas que são capazes de explicar a diversidade econômica existente, sobretudo, no Sul global. A base empírica de investigação foi o município de Araraquara, localizado no estado de São Paulo. As feiras no espaço público são vistas como espaços econômicos alternativos que favorecem essas estratégias de geração e/ou complementação da renda dos grupos sociais. Após análise crítica dos dados levantados na feira intitulada “Rolêfeira”, o artigo propõe, em caráter exploratório, a ideia de “economia criativa e popular” para interpretar uma parcela da realidade econômica encontrada no espaço urbano das cidades. Essa proposta conceitual abrange as atividades econômicas que surgem como respostas à precariedade e aos baixos salários encontrados no mercado de trabalho. O princípio da criatividade é visto enquanto um processo cognitivo que transforma certo conhecimento e habilidade em uma atividade econômica capaz de gerar renda. Em síntese, o artigo chama a atenção para as várias formas de organização socioeconômica dos sujeitos devido às dificuldades e pressões vivenciadas na esfera da reprodução social.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Renan Augusto Ramos, Universidade Estadual de Campinas

    Mestrando em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas. Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista, campus de Araraquara. Atualmente é membro-pesquisador no Grupo de Estudos em Economia Política do Território (GEPOT/CNPQ). Experiência em projetos acadêmicos nas áreas de Geografia Urbana e Geografia Econômica. Desenvolveu Iniciação Científica com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), entre os anos de 2020-2022. Atualmente, é bolsista de Mestrado pela mesma agência de fomento em função do projeto "O uso do território e os circuitos da economia urbana: uma análise e interpretação das práticas econômicas populares na região costeira de São Luís/MA". Possui interesse nos processos contemporâneos do mercado de trabalho, com ênfase nos conceitos e teorias sobre as economias popular e informal, bem como sobre os circuitos da economia urbana. Trabalho com uma abordagem multidisciplinar para compreender as feições atuais e o dinamismo social das iniciativas de geração de trabalho e renda no espaço urbano, sobretudo, do Sul global.

Referências

ÁLVAREZ, M. I. F. Más allá de la precariedade: prácticas colectivas y subjetividades políticas desde la economía popular argentina, Íconos, 62, pp. 21-38, 2018. Doi: https://doi.org/10.17141/iconos.62.2018.3243.

ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho, São Paulo: Editora Boitempo, 2009.

BENACH J.; MUNTANER C. Precarious employment and health: developing a research agenda, J Epidemiol Community Health, 61(4), pp. 276-277, 2007. Doi: https://doi.org/10.1136/jech.2005.045237.

CATAIA, M.; da SILVA, S. C. Considerações sobre a teoria dos dois circuitos da economia urbana na atualidade, Boletim Campineiro de Geografia, 3(1), pp. 55-75, 2013. Doi: https://doi.org/10.54446/bcg.v3i1.111.

CHEN, M. The Informal Economy: Definitions, Theories and Policies, WIEGO Working Paper No. 1, 2012.

CORAGGIO, J. L. Economía urbana: la perspectiva popular, Quito: Editorial Abya Yala, 1998.

COSTA, S. C. D. da. Do precário ao plural: realidades e possibilidades da economia popular no Brasil contemporâneo. Tese (Doutorado em Economia) – Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte, p. 204. 2016.

DAMINGER, A. The Cognitive Dimension of Household Labor, American Sociological Review, 84(4), pp. 609–633, 2019. Doi: https://doi.org/10.1177/0003122419859007.

de PEUTER, G. Creative Economy and Labor Precarity: A Contested Convergence, Journal of Communication Inquiry, 35(4), pp. 417–425, 2011. Doi: https://doi.org/10.1177/0196859911416362.

FERREIRA, M. Informal versus precarious work in Colombia: Concept and operationalization, Progress in Development Studies, 16(2), pp. 140–158, 2016. Doi: https://doi.org/10.1177/1464993415623128.

FICKEY, A. The Focus Has to be on Helping People Make a Living: Exploring Diverse Economies and Alternative Economic Spaces, Geography Compass, 5, pp. 237-248, 2011. Doi: https://doi.org/10.1111/j.1749-8198.2011.00418.x

FRANÇA FILHO, G. C. de (2002) Terceiro setor, economia social, economia solidária e economia popular: traçando fronteiras conceituais, Bahia Análise & Dados, 12(1), pp. 9-19, 2002. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/25741.

GAGO, V.; CIELO, C.; GACHET, F. Economía popular: entre la informalidad y la reproducción ampliada, Íconos, 62, pp. 11-20, 2018. Doi: https://doi.org/10.17141/iconos.62.2018.3501.

GIBSON-GRAHAM, J. K. Diverse economies: performative practices for `other worlds”, Progress in Human Geography, 32(5), pp. 613–632, 2008. Doi: https://doi.org/10.1177/0309132508090821.

GODFREY, B. J. Modernizing the Brazilian City, Geographical Review, 81(1), pp. 18–34, 1999. Doi: https://doi.org/10.2307/215174.

GRITZAS, G.; KAVOULAKOS, K. I. Diverse economies and alternative spaces: An overview of approaches and practices, European Urban and Regional Studies, 23(4), pp. 917–934, 2016. Doi: https://doi.org/10.1177/0969776415573778.

HABERMEHL, V. Everyday antagonisms: Organising economic practices in Mercado Bonpland, Buenos Aires, Environment and Planning C: Politics and Space, 39(3), pp. 536–554, 2021. Doi: https://doi.org/10.1177/2399654419887745.

HABIB-MINTZ, N. To what extent can the informal economy concept adequately explain the dynamism of the non-formal sector in developing countries?, Journal of International Business and Economy, 10(1), pp. 1-19, 2009. Doi: https://doi.org/10.51240/jibe.2009.1.1.

HART, K. Informal income opportunities and urban employment in Ghana. The Journal of Modern African Studies, 11, pp. 61-89, 1973. Doi: https://doi.org/10.1017/S0022278X00008089.

HEALY, S. Economies, Alternative. In: KITCHIN, R., THRIFT, N. (eds) International Encyclopedia of Human Geography, Volume 3. Oxford: Elsevier, pp. 338-344, 2009.

HESPANHA, P. Da expansão dos mercados à metamorfose das economias populares, Revista Crítica de Ciências Sociais, 84, pp. 49-63, 2009. Doi: https://doi.org/10.4000/rccs.390.

HIGGS, P.; CUNNINGHAM, S.; BAKHSHI, H. Beyond the Creative Industries: Mapping the Creative Economy in the United Kingdom, Nesta, United Kingdom, 2008.

ICAZA, A. M. S., TIRIBA, L. Economia Popular. In: CATTANI, A. D., LAVILLE, J. L., GAIGER, L. I., HESPANHA, P. (orgs) Diário Internacional da Outra Economia. Coimbra: Almedina, pp. 150-155, 2009.

KALLEBERG, A. L. Globalization and Precarious Work, Contemporary Sociology, 42(5), pp. 700–706, 2013. Doi: 10.1177/0094306113499536.

LEE, C. K.; KOFMAN, Y. The Politics of Precarity: Views Beyond the United States, Work and Occupations, 39(4), pp. 388–408, 2012. Doi: https://doi.org/10.1177/0730888412446710.

MARTÍNEZ, L.; SHORT, J.R.; ESTRADA, D. The diversity of the street vending: A case study of street vending in Cali, Cities, 79, pp.18–25, 2018. Doi: https://doi.org/10.1016/j.cities.2018.02.018.

MUNCK, R. The Precariat: a view from the South, Third World Quarterly, 34(5), pp. 747-762, 2013. Doi: https://doi.org/10.1080/01436597.2013.800751.

NICHTER, S., GOLDMARK, L. Small Firm Growth in Developing Countries, World Development, 37(9), pp. 1453-1464, 2009. Doi: https://doi.org/10.1016/j.worlddev.2009.01.013.

SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2017.

SANTOS, M. O Espaço Dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos, Traduzido por M.T.R. Viana, São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2018.

SCHIERUP, C.-U.; JORGENSEN, M. B. An Introduction to the Special Issue. Politics of Precarity: Migrant Conditions, Struggles and Experiences, Critical Sociology, 42(7–8), pp. 947–958, 2016. Doi: https://doi.org/10.1177/0896920516640065.

SCULLY, B. Precarity North and South: A Southern Critique of Guy Standing, Global Labour Journal, 7(2), pp. 160-173, 2016. Doi: https://doi.org/10.15173/glj.v7i2.2521.

SIEGMANN, K. A., SCHIPHORST, F. Understanding the globalizing precariat: From informal sector to precarious work, Progress in Development Studies, 16(2), pp. 111–123, 2016. Doi: https://doi.org/10.1177/1464993415623118.

SILVEIRA, M. L. Finanças, consumo e circuitos da economia urbana na cidade de São Paulo, Caderno CRH, 22(55), pp. 65-76, 2009. Doi: https://doi.org/10.1590/S0103-49792009000100004.

SILVEIRA, M. L. Metrópolis brasileñas: un análisis de los circuitos de la economía urbana, EURE (Santiago), 33(100), pp. 149-164, 2007. Doi: https://dx.doi.org/10.4067/S0250-71612007000300009.

SILVEIRA, M. L. Modernização contemporânea e nova constituição dos circuitos da economia urbana, GEOUSP Espaço e Tempo (Online), 19(2), pp. 245-261, 2015. Doi: https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2015.102778.

SMITH, A.; MCBRIDE, J. Working to Live, Not Living to Work: Low-Paid Multiple Employment and Work–Life Articulation, Work, Employment and Society, 35(2), pp. 256–276, 2021. Doi: https://doi.org/10.1177/0950017020942645.

TIRIBA, L. O trabalho no olho da rua: fronteiras da economia popular e da economia informal, Revista Trabalho Necessário, 2(2), pp. 1-5, 2004. Doi: https://doi.org/10.22409/tn.2i2.p3650.

WATSON, S. The Magic of the Marketplace: Sociality in a Neglected Public Space, Urban Studies, 46(8), pp. 1577–1591, 2009. Doi: https://doi.org/10.1177/0042098009105506.

WEBB, J. W.; TIHANYI, L.; IRELAND, R. D.; SIRMON, D. G. You say illegal, I say legitimate: Entrepreneurship in the informal economy, Academy of management review, 34(3), pp. 492-510, 2009. Doi: https://doi.org/10.5465/amr.2009.40632826.

YUSUFF, O. A Theoretical Analysis of the Concept of Informal Economy and Informality in Developing Countries, European Journal of Social Sciences, 20(4), pp. 624-636, 2011. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar?q=A+Theoretical+Analysis+of+the+Concept+of+Informal+Economy+and+Informality+in+Developing+Countries&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart.

Downloads

Publicado

2023-05-10

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Ramos, R. A. (2023). Como analisar e interpretar a economia urbana na contemporaneidade? Leituras a partir de uma abordagem multidisciplinar. Revista Do Departamento De Geografia, 43, e199115 . https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.199115