Geografia da conservação: abordagens, limites e potencialidades

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.209375

Palavras-chave:

Biodiversidade, Dinâmica biofísica, Geografia, Paisagem, Território

Resumo

A Perda da Biodiversidade vem se tornando uma das principais questões da Agenda Global desde pelo menos a década de 1990. Vários são os campos científicos responsáveis por lidar com essa questão, destacando-se a Biologia da Conservação, a Ecologia das Paisagens e até mesmo a Geografia. Embora sejam notórios os avanços científicos e epistemológicos desses dois primeiros campos, as causas atuais da perda da biodiversidade apresentam múltiplas facetas, que incluem as dimensões territoriais, sociais e políticas. Para auxiliar a reflexão, o presente trabalho utilizou como método a pesquisa documental, apresentando uma revisão de literatura em revistas, teses e dissertações de forma a abarcar os principais conceitos envolvidos nos estudos de conservação e a contribuição das ciências correlatas. Também se realizou uma revisão de literatura sobre a perspectiva da Geografia nos estudos da conservação, incluindo, inclusive, o surgimento de novas abordagens, como a Geografia da Conservação. Como principais resultados menciona-se a inicial pretensão da Biologia da Conservação em produzir estudos com enfoque multidisciplinar, observando-se, no entanto, um predomínio de estudos de Biologia das Populações e de Áreas Mínimas de Diversidade. Como proposta de superação da conservação do tipo excludente, derivada dos estudos biológicos, a Geografia da Conservação pretende articular os conceitos de território, paisagem e dinâmica biofísica ao conceito de ecossistemas, produzindo uma leitura próxima aos atores que produzem o espaço, como também das disputas que o modificam e criam os territórios, causas essas, as principais a explicar a perda da biodiversidade, o que permitiria produzir desenhos consistentes da conservação.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Ricardo Sartorello, Universidade Federal de São Paulo

    Possui graduação em Geografia (2005), mestrado (2010) e doutorado em Geografia Física (2014) pela Universidade de São Paulo. Em 2013, realizou parte do doutorado em sensoriamento remoto na Columbia University (NY/USA). Possui pós-doutorado (2015) em Políticas Públicas pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente é Professor de Geografia Física no curso de Geografia da Universidade Federal de São Paulo, UNIFESP, Campus Zona Leste. Atua nas seguintes áreas: Geografia Física, Sensoriamento Remoto, Cartografia, Planejamento Ambiental, Biogeografia, Paisagem e Ecologia da Paisagem. Foi professor e pesquisador no Programa de Pós Graduação em Políticas Públicas e em cursos na Graduação na Universidade de Mogi das Cruzes (2016 - 2023). Entre 2016 e 2023 foi coordenador do Laboratório de Mapeamento e Análise da Paisagem (LABMAP) no Núcleo de Ciências Ambientais da UMC. Nos anos de 2010 e 2015 foi professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Foi coordenador científico do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica do Município de São Paulo em 2017 e do Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica do município de Mogi das Cruzes em 2019. Idealizou o Corredor Ecológico Municipal de Mogi das Cruzes, aprovado no Plano Diretor do município em 2019. Desde 2021 é Conselheiro da APA da Serra do Itapeti e Conselheiro da Estação Ecológica Itapeti em Mogi das Cruzes.

  • Sueli Angelo Furlan, Universidade de São Paulo

    Pós-Doutorado na Universidade de Cádiz UCA Espanha ( Bolsa Fundação Carolina- 2017) . Doutorado em Ciências (Geografia Física) - Departamento de Geografia - FFLCH - USP (2000). Mestrado em Ciência ( Geografia Física) - Departamento de Geografia - FFLCH - USP (1992) Bacharelado em Ciências Biológicas pelo Instituto de Biociências - USP (1981). Atualmente professor doutor - Departamento de Geografia (FFLCH-USP). Pesquisadora e orientadora nos programas de Geografia Física - DG-FFLCH-USP e Ciências Ambientais PROCAM - IEE/USP. Chefe do Departamento de Geografia FFLCH-USP reeleita em 2021. Coordenadora do Núcleo de Estudos de Populações Humanas e Áreas Úmidas - NUPAUB - USP. Desenvolve pesquisa em Patrimônio Natural e Estudos da Paisagem, Florestas Culturais e áreas Protegidas na Amazônia e Mata Atlântica. Especialista em Programas de Educação Socioambiental . Especialista em Planejamento da Paisagem, Planos de Manejo de Unidades de Conservação, Planos Diretores Municipais. Membro Titular do corpo científico do Conselho Consultivo da RPPN Sesc Pantanal .Membro do Conselho Consultivo do Mosaico Jacupiranga-Vale do Ribeira São Paulo. Membro da AB Geografia Física- Associação Brasileira de Geografia Física. Membro do Conselho Deliberativo do Centro Interunidade de História da Ciência da USP - Fundação de Energia e Saneamento .Vice Diretora da ABBIOGEO - Associação Brasileira de Biogeografia. Foi membro do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) 2004 / 2016. No campo da Educação, coautora dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Geografia, MEC/SEF ?BRASIL, 1997. Coautora do Currículo da cidade de São Paulo (2018) e do Currículo da EJA/Geografia (2019); currículo do estado do Acre (2002), da cidade de São Luís (MA)-2001, currículo do Ensino Médio do Estado do Rio Grande do Norte (2019) entre outros. Especialista no Programa de Educação Ambiental em Paragominas (PA) desenvolvido pelo CEDAC (www.comunidadeeducativa.org.br/). Autora de vários livros e na Educação Ambiental e organizadora dos Atlas Ambientais Municipais da Atina Educação Programa Meio Ambiente Pertencimento Ação (MAPA). Experiência na área de Geociências, com ênfase em Geografia Física, atuando principalmente nos seguintes temas: conservação ambiental, biogeografia, educação, planejamento da paisagem, políticas públicas ambientais e patrimônio natural.

Referências

AMARAL, Anderson Vasconcelos; SARTORELLO, Ricardo. As Paisagens de Canaã dos Carajás – PA. Análise da Evolução da Paisagem na Fronteira Agropecuária e Minerária na Amazônia. In: XIII Encontro Nacional de Pós-Graduação em Geografia. São Paulo, 2019.

ARTS, B., BUIZER, M; HORLINGS, L.; INGRAM, V.; VAN OOSTEN, C.; OPDAM, P. Community forest management: an assessment and explanation of its performance through. In: QCA. World Development. 96, 315–325.Doi: 10.1016/j.worlddev.2017.03.014, 2017.

AUBERTIN, C. Représenter la nature? ONG et biodiversité. IRD Editions. Hors Collection, 2005.

BARBAULT, Robert. Biodiversité. Introduction à la biologie de la conservation. Paris, Hachette, 1997.

BENSUSAN, N. Os pressupostos biológicos do sistema nacional de unidades de conservação. In: BENJAMIN, A. H. (Coord.). Direito ambiental das áreas protegidas: o regime jurídico das unidades de conservação. Rio de Janeiro: Forense Univ., 2001. p. 164-189.

CAUGHLEY, G. 1994. Directions in conservation biology. Journal of Animal Ecology, 63: 215-244.

Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services (IPBES). Summary for policymakers of the global assessment report on biodiversity and ecosystem services of the Intergovernmental Science-Policy. Platform on Biodiversity and Ecosystem Services. S. Díaz, J. Settele, E. S. Brondízio, H. T. Ngo, M. Guèze, J. Agard, A. Arneth, P. Balvanera, K. A. Brauman, S. H. M. Butchart, K. M. A. Chan, L. A. Garibaldi, K. Ichii, J. Liu, S. M. Subramanian, G. F. Midgley, P. Miloslavich, Z. Molnár, D. Obura, A. Pfaff, S. Polasky, A. Purvis, J. Razzaque, B. Reyers, R. Roy Chowdhury, Y. J. Shin, I. J. Visseren-Hamakers, K. J. Willis, and C. N. Zayas (eds.). IPBES secretariat, Bonn, Germany. 56 pages. https://doi.org/10.5281/zenodo.3553579

CARLOS, A.F.A. "Novas" contradições do espaço. In: O espaço no fim do século: a nova raridade. São Paulo, Editora Contexto, pg. 62-74, 1999.

CAUGHLEY, G. Directions in Conservation Biology. J.Anim.Ecol. 63, pp.215 – 244, 1994.

CELLARD, A.A. A Análise Documental. In: POUPART, J.; DESLAURIERS, J. P.; GROULX, L. H.; LAPERRIÈRE, A.; MAYER, R.; PIRES, A. A Pesquisa Qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Petrópolis: Vozes, 2008. P. 295-316.

DAMIANI, A. L. A Crise da Cidade: os termos da urbanização. In: Amélia Luisa Damiani; Ana Fani Alessandri Carlos; Odette Carvalho de Lima Seabra. (Orgs.). O Espaço no Fim de Século: a nova raridade. São Paulo: Contexto, 1999, p. 118-131.

FORMAN, R.T.T. & GODRON, M. Landscape Ecology. John Wiley & Sons, New York, 1986.

GANEM, R. S. (Org.). Conservação da Biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília: Edições Câmara, 2010.

GUANILO, Mónica Cecilia De la Torre Ugarte e TAKAHASHI, Renata Ferreira e BERTOLOZZI, Maria Rita. Revisão sistemática: noções gerais. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 45, n. 5, p. 1260-1266, 2011.

GÖRG, C. Landscape governance: the “politics of scale” and the “natural” conditions of places. Geoforum 38(5): 954-966, 2007.

GRENIER, C. Conservation contre nature. Les îles Galapagos. IRD Editions, coll. Latitudes 23, Paris, 2000.

GROOM, M. J.; MEFFE, G. K.; CARROLL, R. Principles of Conservation Biology, 3rd Edition. Sunderland, MA: Sinauer Associates, 2006.

LARRÈRE, C. & LARRÈRE, R. Du bon usage de la nature. Flammarion, Paris, 1998.

LEFEBVRE, J. C. L'écologie ne peut plus être une réflexion sur la nature. In: Mathieu N. & Jollivet M. (eds), Du rural à l'environnement. La question de la nature aujourd'hui. ARF Editions/L'Harmattan, Paris, pp. 23-30, 1989.

MACGARIGAL, K.; et. al. FRAGSTATS: Spatial pattern analysis program for categorical and continuous maps. Computer software program produced by the authors at the University of Massachusetts, Amherst, v4, 2012.

MCHARG, Ian L. Design With Nature. Garden City, N.Y. 1st edition. Natural History Press, 1969

MATHEVET, R.; GODET, L. Pour Une Géographie de la Conservation. Biodiversités, natures et sociétés, 2015.

MATHEVET, R., et. al. Interactions territoriales, dynamiques des usages et de la biodiversité dans les zones humides du delta du Rhône: une approche par la modélisation multi-agents. Bull. Ass. Géographes Français, Vol. 80, n°4: pp. 417-429, 2005.

MATHEVET, R. & POULIN, B. The concept of stewardship in sustainability science and conservation biology. Biological Conservation, 217, 363–370, 2018.

MCCLANAHAN, T.R. & RANKIN, P.S Geography of conservation spending, biodiversity, and culture. Conservation Biology, 30: 1089–1101, 2016.

METZGER, J. P. O que é ecologia de paisagens? In: Biota Neotropica. Campinas/SP, v1, n1, dez. 2001.

NAVEH, Z. & LIEBERMAN, A. Landscape ecology: theory and application. Springer-Verlag, NewYork, 1994.

PINCHEMEL, P.; MATHIEU, N., TISSIER, J.L. Deux siècles de géographie française. Recueil de textes, Bibliothèque Nationale, Editions du Comité des travaux historiques et scientifiques, Paris, 1984.

PIVELLO, Vânia Regina ; METZGER, J. P. Diagnóstico da pesquisa em Ecologia de Paisagens no Brasil (2000-2005). Biota Neotropica , v. 7, p. 1-32, 2007.

PRIMACK, M. B. Essentials of conservation biology. Sinauer Associates, 1993.

RECLUS, E. Du sentiment de la nature dans les sociétés modernes. Revue des deux mondes, Paris, pp. 352-384, 1865.

REIS JÚNIOR, D. Entre a geografia da ciência e a prática da ciência geográfica: uma narrativa sobre personagens de Montpellier, França. Confins , 42,. p. 1-18. 2019.

RODARY, E., CASTELLANET C, ROSSI G. (Eds). Conservation de la nature et développement: l'intégration impossible? Paris, Karthala, Collection Economie et développement, 2003.

SANTOS, M La nature de l'espace, Technique et temps, raison et émotion. L'Harmattan, coll. Géographies en Liberté, Paris, 275 p 1997.

SARTORELLO, Ricardo. Interações em estudos de conservação: conceitos e técnicas para análises geográficas e ecológicas da paisagem. Tese de Doutorado em Geografia Física – FFLCH – USP. São Paulo, 2014.

SCHAMA, Simon. Paisagem e memória. São Paulo, Cia das Letras, 1996.

SEABRA, O. C. L. O Espaço no Fim de Século. In: Amélia Luisa Damiani; Ana Fani Alessandri Carlos; Odette Carvalho de Lima Seabra. (Orgs.). O Espaço no Fim de Século: a nova raridade. São Paulo: Contexto, 1999, p. 5-23.

SOULÉ, M. E. Conservation Biology - the Science of Scarcity and Diversity. Sinauer, Sunderland, Mass, 1986.

STRATFORD, E., MAZUR, N., LUNNEY, D., BENNETT, D. Managing the Koala Problem: Interdisciplinary Perspectives." Conservation Biology , 14 (3), pp. 610-618, 2000.

TURNER, M.G. 1989. Landscape ecology: the effect of pattern on process. Annual Review of Ecology and Systematic 20: 171-197.

YAMANE, Marcelo Hideki. Áreas Protegidas habitadas por populações tradicionais e povos indígenas como barreira ao desmatamento na Amazônia Legal. Dissertação (Mestrado em Geografia Física) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.

Downloads

Publicado

2023-12-13

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Alves Filho, E., Sartorello, R., & Furlan, S. A. . (2023). Geografia da conservação: abordagens, limites e potencialidades. Revista Do Departamento De Geografia, 43, e209375 . https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.209375