Narrativas de um Brasil proletário: por uma geografia literária das indústrias

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DOI:

https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.209631

Palavras-chave:

Romance proletário, Fenômeno industrial, Geograficidades, Literatura brasileira

Resumo

Compreendendo que a partir dos anos de 1930 o romance proletário começa a fazer parte das letras nacionais, buscamos traçar uma geografia literária das indústrias que narre um Brasil para além do que é comumente evidenciado pelos estudos geográficos das indústrias. Ao traçarmos um recorte temporal de 1930 até a contemporaneidade, partimos de apontamentos tecidos por Jay (1975) e Farsian (2015) e da leitura de obras, como Os Corumbas (1933), de Amando Fontes; Cacau (1933), de Jorge Amado; Parque Industrial (1933), de Patrícia Galvão; Navios Iluminados (1937), de Ranulpho Prata; Linha do Parque (1959), de Dalcídio Jurandir; Inferno Provisório (2016), de Luiz Ruffato, e No Chão da Fábrica (2016), de Roniwalter Jatobá, para desvelar os seguintes temas: ser mulher, trabalhar, habitar e lutar. Com isso, propomos revelar um lado geograficamente omisso do fenômeno industrial: o do operário. Essa geografia literária das indústrias busca, portanto, enfatizar a (des)humanização do trabalhador, sua experiência geográfica do fenômeno industrial, a partir de narrativas que dão voz a uma massa comumente silenciada pelo soar das máquinas.

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Biografia do Autor

  • Beatriz Santos de Souza, Universidade Federal do Ceará

    Bacharela em Geografia pela Universidade Federal do Ceará - UFC (2016-2019). Mestranda do Programa de Pós Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará, bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES. Bolsista de extensão no Laboratório de Geoecologia da Paisagem - LAGEPLAN no projeto Interações Didáticas para Educação Indígena e Ambiental - IDEIA (2017). Bolsista do Programa de Educação Tutorial nos anos de 2018 e 2019. Bolsista do Programa de Iniciação à Docência pela Universidade Federal do Ceará (2020). Trabalha com temas relacionados à geografia das indústrias e a geografia literária a partir de uma abordagem cultural e humanista em geografia.

  • Tiago Vieira Cavalcante, Universidade Federal do Ceará

    Doutor em Geografia - UNESP - Rio Claro

    Mestre e Licenciado em Geografia - UFC

    Especialista em Ecoturismo - UECE

    Especialista em Escrita Literária - FBUNI

    Bacharel em Turismo - UNIFOR

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Publicado

2023-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Souza, B. S. de, & Cavalcante, T. V. (2023). Narrativas de um Brasil proletário: por uma geografia literária das indústrias. Revista Do Departamento De Geografia, 43, e209631 . https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2023.209631