A multipropriedade enquanto estratégia de produção do espaço turístico brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2024.211687Palavras-chave:
Urbanização, Imobiliário-Turístico, Práticas EspaciaisResumo
A atividade do imobiliário-turístico é a principal condicionante do processo de urbanização em diversas localidades litorâneas. Nos últimos anos, a multipropriedade, modalidade na forma de aquisição e uso de imóveis, vinculada às tipologias de empreendimentos inseridas nos espaços turísticos, vem ganhando força a nível nacional. Este artigo investiga o papel da multipropriedade na produção de espaços turísticos a partir da atividade imobiliária. Os procedimentos teórico-metodológicos empregados se articulam a partir da caracterização do timeshare – conceito originário da atividade –, em suas origens, consolidação e exemplos internacionais. Em seguida, analisa-se o cenário atual da multipropriedade nas escalas nacional e da região Nordeste, através da descrição das características dos principais empreendimentos e grupos imobiliários responsáveis e da discussão sobre a lógica de espacialização desses projetos. Constatou-se que no Brasil, essa prática teve um crescimento nos últimos cinco anos, principalmente após a aprovação da Lei 13.777, seguida pela implementação de diversos projetos de empreendimentos de multipropriedade pelo país. Como prática espacial associada ao lazer, a multipropriedade aproveita-se de condições estratégicas para sua viabilização: na escala nacional, com os fluxos de proximidade com atrações turísticas, e na escala nordestina, a partir do sucesso das práticas marítimas modernas e das políticas públicas voltadas ao turismo.
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