Fatores de risco ambientais para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v102i4e-166097Palavras-chave:
Transtorno do Déficit de Atenção com hiperatividade, Fatores de Risco, Fatores culturais, Fatores sócioeconômicosResumo
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ser caracterizado por desatenção, hiperatividade e impulsividade de modo que há interferência no funcionamento e no desenvolvimento do indivíduo, além de um comprometimento significativo do funcionamento familiar, social, acadêmico e comportamental. O TDAH é um quadro clínico complexo e de etiologia multifatorial, com influência de 10-30% relacionada aos fatores ambientais. Alguns dos fatores que se relacionam com o transtorno são ligados a hábitos maternos (durante ou pregressos ao período gestacional), de forma que, se identificados na Atenção Primária e evitados, seria possível impedir a evolução do transtorno para uma condição mais grave e mais sintomática. Com o objetivo de identificar e descrever os fatores de risco para o TDAH, que poderiam possibilitar algum tipo de prevenção ou melhor prognóstico, foram selecionados 41 artigos através de uma revisão de literatura nas plataformas The Journal of the American Medical Association (JAMA), PUBMED, Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Cochrane Library, sendo os principais descritores: “adhd”, “risk factors”, “premature birth” e “diagnosis”. Ademais, foram incluídas manualmente 6 referências, devido à sua importância ao tema, totalizando 47 referências. Critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos 10 anos, em língua inglesa e/ou portuguesa, que abordavam fatores de risco para o TDAH. Critérios de exclusão: artigos tendenciosos, que apenas abordavam fatores que não influenciavam o desenvolvimento do transtorno, mas somente as intervenções medicamentosas e comportamentais a serem tomadas. Após análise dos dados, conclui-se que algum tipo de prevenção ou minimização do TDAH pode ser possível. Isso começa com a identificação dos fatores de risco na mulher em idade fértil e na gestante, e após o nascimento da criança. Foram considerados alguns dos fatores importantes a serem alterados para prevenção e/ou melhor prognóstico: ausência de planejamento familiar; uso de álcool, nicotina e paracetamol durante a gestação; pobreza; baixa escolaridade; má adesão ao tratamento especializado do transtorno; e contato com bisfenol A e ftalato. São fatores a serem melhor investigados: prematuridade, pressão cultural, demanda acadêmica e doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG). Consideramos importante a identificação dos fatores, pois isto possibilitaria um melhor prognóstico da criança e melhoria do ambiente familiar, já que o transtorno frequentemente representa um fardo para a família.
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