Avaliação do grau de dependência tabágica e o grau de adequação das orientações recebidas por pacientes tabagistas hospitalizados
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v99i3p251-257Palavras-chave:
Abandono do tabagismo, Tabagismo, HospitalizaçãoResumo
Introdução: o tabagismo é uma doença crônica e um grande fator de risco para outras doenças com alta mortalidade. É dever do médico orientar corretamente seus pacientes quanto à cessação do tabagismo. Para tanto, as orientações devem ser embasadas cientificamente para manejo eficaz da doença, com intervenções motivacionais associadas ou não a farmacoterapia. Objetivo: analisar o grau de dependência da nicotina de pacientes tabagistas hospitalizados e comparar as orientações recebidas sobre cessação de tabagismo com a orientação farmacológica e não farmacológica preconizada pela literatura. Métodos: estudo observacional transversal com aplicação de questionário estruturado a 60 pacientes tabagistas no momento da alta hospitalar do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC/UFPR). Resultados: amostra de pacientes composta por 31 pacientes do sexo feminino e 29 do sexo masculino. 68,3% possuíam mais de 55 anos. A mediana do grau de dependência nicotínica foi 5 (grau médio). Houve diferença estatisticamente significativa entre grupos com orientação presente e ausente em relação ao grau de motivação. 44,2% dos pacientes que receberam orientação estavam em fase de ação, indicando que o médico orienta mais os que já iniciaram planejamento de cessar o tabagismo. 35,3% dos pacientes com orientação ausente estavam em pré-contemplação e 41,2% em contemplação, sugerindo que pacientes que não possuem insight de cessar o tabagismo são menos orientados. Entre os grupos orientados de forma correta e incorreta, houve diferença estatisticamente significativa quanto ao tipo de orientação durante a hospitalização. Dentre os orientados de forma incorreta, 18 foram orientados apenas de forma motivacional, indicando uma tendência de orientação insuficiente. Conclusão: 51,2% das orientações são realizadas incorretamente, expressando necessidade de reavaliar a abordagem e tratamento do tabagismo. Faz-se necessária busca ativa dos tabagistas durante atendimento médico e orientação correta para tratamento eficiente da doença, abordando o lado motivacional e a farmacoterapia.
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