Avaliação dos principais fatores de risco para alta variabilidade glicêmica em uma Unidade de Terapia Intensiva

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v103i3e-205312

Palavras-chave:

Variabilidade glicêmica, Glicose no sangue, Unidade de Terapia Intensiva, Mortalidade

Resumo

A variabilidade glicêmica (VG) é um importante parâmetro de avaliação para complicações cardiovasculares. Nosso objetivo foi identificar fatores associados ao risco de alta VG em uma Unidade de Terapia Intensiva. Nesta coorte prospectiva com 168 pacientes adultos, primeiro descrevemos as variáveis por frequência absoluta e relativa e, em seguida, identificamos os fatores de risco para alta VG por regressão logística em um intervalo de confiança de 95%. Dos 168 pacientes, 22,6% tinham alta VG, sendo 62,5% do sexo masculino, 51,2% tinham menos de 40 anos, 52,4% tinham diagnóstico clínico, 73,8% usavam ventilação mecânica, 12,3% tinham risco de mortalidade > 30% (Apache II), 17,9% tiveram sepse, 47,6% eram hipertensos e 28,0% dos pacientes foram a óbito. Na análise final, os pacientes com sepse (OR: 2,40; IC 95%: 1,10 – 5,94), com mais de 40 anos (OR: 3,23; IC 95% 1,34-7,81) e que evoluíram para óbito (OR: 3,15; 95% IC 1,40-7,08) foram os que tiveram maior chance de alta VG. Pacientes com sepse e aqueles com mais de 40 anos precisam de maior vigilância do controle glicêmico para reduzir a mortalidade na UTI.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Cláudia Sena de Pádua, Universidade Federal do Acre, Centro de Saúde da Ciências e do Desporto, Laboratório de Imunologia Translacional. Rio Branco, AC. Brasil.

    Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto, Minas Gerais (UFOP), Bacharel em Educação Física pela Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais (UFV). Mestre em Ciências da Saúde na Amazônia Ocidental pela Universidade Federal do Acre (MECS/UFAC); Especialista em Preceptoria em Residência pelo SUS/ Sírio Libanês; Especialista em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Acre (UFAC); Especialista em Metodologia do Treinamento Científico Desportivo pela Faculdade Internacional de Curitiba (FACINTER). Docente da Universidade Federal do Acre de 2012 a 2015 no curso de Bacharel em Nutrição; Docente do Centro Universitário Estácio Unimeta do curso de Bacharel em Nutrição desde 2015; Funcionária pública da saúde do Estado do Acre, como Nutricionista de Terapia Intensiva da UTI do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco-Acre desde 1999 e do Programa home care Melhor em Casa; Preceptora da Residência Multiprofissional Hospitalar com ênfase em Terapia Intensiva da Universidade Federal do Acre (UFAC) desde 2014. Nutricionista do Restaurante Popular de Rio Branco-Ac desde 2008. Tem experiência em docência nas áreas de Nutrição, Dietoterapia e Educação Física, atendimento em Terapia Nutricional com ênfase em UTI e Home Care e em Processos Produtivos em Refeições.

  • Rafael de Oliveira Resende, Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Ciências Biomédicas, Uberlândia-MG, Brasil.

    Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), mestrado e doutorado em Imunologia e Parasitologia Aplicadas (UFU), com pós-doutorado em Biologia Molecular/Estrutural na Universidade de Oxford (Reino Unido). Trabalhou no desenvolvimento e produção de reativos para diagnósticos em Bio-Manguinhos, Fiocruz/Ministério da Saúde. Participou da missão oficial para transferência tecnológica da Vacina Pneumocócica e dos kits para teste rápido de doenças infecciosas para o SUS. Ganhador dos Prêmios Alcides Godoy e Gestão da Qualidade em Pesquisa, pela Fiocruz. Atualmente é servidor nas instituições Fiocruz e UFU, com atuação na pesquisa em alergias respiratórias, desenvolvimento tecnológico e inovação em saúde. Tem experiência em imunologia clínica, métodos para imunodiagnóstico e biotecnologia industrial, com ênfase em: sensibilização alergênica; bioquímica de aeroalérgenos; nanoconjugação; desenvolvimento de proteínas recombinantes e anticorpos; controle de qualidade em imunobiológicos; desenvolvimento e produção de imunobiológicos e kits para diagnósticos; gestão da qualidade.

  • Patrícia Rezende do Prado, Universidade Federal do Acre, Centro de Saúde da Ciências e do Desporto, Laboratório de Imunologia Translacional. Rio Branco, AC. Brasil.

    Bacharel e Pós Doutora em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (EERP/USP), Especialista em UTI (FAMERP) e Doutora em Ciências da Saúde pela Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/UNIFESP). Professora Adjunto da Universidade Federal do Acre (UFAC), onde leciona desde 2009. Foi coordenadora do Curso de Bacharelado em Enfermagem e da Residência Multiprofissional em Terapia Intensiva da UFAC. Membro da NANDA-I, Inc., da Associação Brasileira de Enfermagem em Terapia Intensiva (ABENTI/AMIB) e da American Association of Critical­ Care Nurses. Líder local do Sigma Theta Tau International, Honor Society of Nursing, pelo Capítulo Rho Upsilon da EERP/USP. Líder do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Cuidados Críticos da UFAC (NEPECC/UFAC/CNPq) e Membro do Grupo de Estudos e Pesquisa em Segurança do Paciente da EERP/USP. Faz parte do corpo docente do Programa de Pós-Graduação da UFF (PCI/UFAC/MPEA) atuando como coorientadora de mestrandos. Desenvolve pesquisa com pesquisadores locais, de outros Estados brasileiros e outros países nas linhas: assistência ao paciente crítico, processo de enfermagem, segurança do paciente e epidemiologia das doenças e agravos não transmissíveis.

  • Nilson Penha-Silva, Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biotecnologia, Laboratório de Biofisicoquímica, Uberlândia-MG, Brasil.

    Nilson Penha-Silva (ORCID # 0000-0002-8205-6213, ResearcherID # E-5730-2010 e Scopus Author ID # 55924553100) tem graduação em Farmácia e Bioquímica e doutorado em Bioquímica e Imunologia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desenvolveu estudos de pós-doutorado em Bioquímica na Southern Illinois University (SIU) e na University of Texas Medical Branch (UTMB). Atualmente é professor titular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Ele ensina Bioquímica para o programa de graduação em Medicina, e Enzimologia e Biologia do Envelhecimento para o Programa de Pós-Graduação em Genética e Bioquímica. Tem experiência em Bioquímica, com ênfase em Enzimologia e Metabolismo, e em Biologia do Envelhecimento, com foco em Mecanismos do Envelhecimento, e atuação científica nos temas: 1) cinética e termodinâmica de processos biológicos, especialmente estabilidade de proteínas, membranas e células vermelhas do sangue, e 2) metabolismo, ambos na 1) saúde e na 2) degeneração crônica (envelhecimento e doenças crônicas degenerativas). É membro de # 483 da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) e # 202938964 da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).

  • Miguel Junior Sordi Bortolini, Universidade Federal do Acre, Centro de Saúde da Ciências e do Desporto, Laboratório de Imunologia Translacional. Rio Branco, AC. Brasil.

    Professor Dedicação Exclusiva, Universidade Federal do Acre (Ufac); e-mail: MIGUEL.BORTOLINI@UFAC.BR / BORTOLINIMJS@GMAIL.COM Coordenador (06/2019 a 10/2021) e Orientador (2016 ao Presente) do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde na Amazônia Ocidental (PPGCSAO); Disciplinas de Imunologia (Medicina, Educação Física, Nutrição), Atividade Física e Saúde (PPGCSAO), Práticas Integradas em Saúde (Ed. Física, Enfermagem, Medicina, Nutrição, Psicologia e Saúde Coletiva); Atividade Física na Promoção da Saúde (Medicina); Metodologia da Pesquisa (Lic. Ed. Física); Basquetebol (Bacharelado e Licenciatura em Educação Física); Tutor do PET - Educação Física (2019/Julho - Presente) Coordenador PET GraduaSUS/Educação Física (2016 a 2018); Orientador de Iniciação Científica; Coordenador do Laboratório de Imunologia Translacional (LABIT); Coordenador da LAMED - Liga Acadêmica Acriana de Medicina Esportiva, Nutrologia e Imunologia do Exercício; Articulista da Rádio CBN (2018-2020 - Central Brasileira de Notícias/Acre) da Coluna Saúde em Movimento; Revisor de periódicos (International Journal of Sports Medicine, Archives of Endocrinology and Metabolism, ...); Trabalhou em Saúde Pública como Preparador Físico (Palestras e Grupos de Atividade Físicas Práticas) junto a Unidade de Atendimento Integrado (UAI/UPA) - São Jorge - Uberlândia, Minas Gerais; Canal no Youtube: Desmistificando a Imunologia; PodCast no Spotfy - ImmunEx&Health;

Referências

Perez-Calatayud AA, Guillen-Vidana A, Fraire-Felix IS, Anica-Malagon ED, Briones Garduno JC, Carrillo-Esper R. [Metabolic control in the critically ill patient an update: hyperglycemia, glucose variability hypoglycemia and relative hypoglycemia]. Cir Cir. 2017;85(1):93-100, Doi:https://doi.org/10.1016/j.circir.2016.10.026.

Balloni A, Lari F, Giostra F. Evaluation and treatment of hyperglycemia in critically ill patients. Acta Biomed. 2016;87(3):329-33.

Kushimoto S, Abe T, Ogura H, Shiraishi A, Saitoh D, Fujishima S, et al. Impact of blood glucose abnormalities on outcomes and disease severity in patients with severe sepsis: An analysis from a multicenter, prospective survey of severe sepsis. PloS One. 2020;15(3):e0229919, Doi:https://doi.org/10.1371/journal.pone.0229919.

Yamada T, Shojima N, Noma H, Yamauchi T, Kadowaki T. Glycemic control, mortality, and hypoglycemia in critically ill patients: a systematic review and network meta-analysis of randomized controlled trials. Int Care Med. 2017;43(1):1-15, Doi:https://doi.org/10.1007/s00134-016-4523-0.

Kovatchev B. Glycemic Variability: Risk Factors, Assessment, and Control. J Diabetes Sci Technol. 2019;13(4):627-35, Doi:https://doi.org/10.1177/1932296819826111.

Meyfroidt G, Keenan DM, Wang X, Wouters PJ, Veldhuis JD, Van den Berghe G. Dynamic characteristics of blood glucose time series during the course of critical illness: effects of intensive insulin therapy and relative association with mortality. Crit Care Med. 2010;38(4):1021-9, Doi:https://doi.org/10.1097/CCM.0b013e3181cf710e.

Sun B, Luo Z, Zhou J. Comprehensive elaboration of glycemic variability in diabetic macrovascular and microvascular complications. Cardiovasc Diabetol. 2021;20(1):9, Doi:https://doi.org/10.1186/s12933-020-01200-7.

American Diabetes A. 15. Diabetes Care in the Hospital: Standards of Medical Care in Diabetes-2019. Diabetes care. 2019;42(Suppl 1):S173-S81, Doi:https://doi.org/10.2337/dc19-S015.

Rodriguez-Calero MA, Barcelo Llodra E, Cruces Cuberos M, Blanco-Mavillard I, Perez Axartell MA. Effectiveness of an evidence-based protocol for the control of stress-induced hyperglycaemia in critical care. Enferm Intensiva 2019;30(1):4-12, Doi:https://doi.org/10.1016/j.enfi.2018.01.004.

Lanspa MJ, Dickerson J, Morris AH, Orme JF, Holmen J, Hirshberg EL. Coefficient of glucose variation is independently associated with mortality in critically ill patients receiving intravenous insulin. Crit Care. 2014;18(2):R86, Doi:https://doi.org/10.1186/cc13851.

Akirov A, Diker-Cohen T, Masri-Iraqi H, Shimon I. High Glucose Variability Increases Mortality Risk in Hospitalized Patients. J Clin Endocrinol Metab. 2017;102(7):2230-41, Doi:https://doi.org/10.1210/jc.2017-00450.

Umpierrez GE, B PK. Glycemic Variability: How to Measure and Its Clinical Implication for Type 2 Diabetes. Am J Med Sci. 2018;356(6):518-27, Doi:https://doi.org/10.1016/j.amjms.2018.09.010.

Kulkarni H, Bihari S, Prakash S, Huckson S, Chavan S, Mamtani M, et al. Independent Association of Glucose Variability With Hospital Mortality in Adult Intensive Care Patients: Results From the Australia and New Zealand Intensive Care Society Centre for Outcome and Resource Evaluation Binational Registry. Crit Care Explor. 2019;1(8):e0025, Doi:https://doi.org/10.1097/CCE.0000000000000025.

Cheng X, Zhang S, Wen Y, Shi Z. Clinical significance of sirtuin 1 level in sepsis: correlation with disease risk, severity, and mortality risk. Braz J Med Biol Res. 2020;54(2):e10271, Doi:https://doi.org/10.1590/1414-431X202010271.

Huang J, Xuan D, Li X, Ma L, Zhou Y, Zou H. The value of APACHE II in predicting mortality after paraquat poisoning in Chinese and Korean population: A systematic review and meta-analysis. Medicine. 2017;96(30):e6838, Doi:https://doi.org/10.1097/MD.0000000000006838.

Medronho RA, Block KV, Luiz RR, Werneck GL. Epidemiologia. São Paulo: Editora Atheneu; 2009.

Evans L, Rhodes A, Alhazzani W, Antonelli M., Coopersmith C, Craig M, et al. Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Sepsis and Septic Shock 2021. Critical Care Med. 2021;49(11):e1063-e1143, Doi: 10.1097/CCM.0000000000005337

Garcia de Lorenzo YMA. Seventh Jesus Culebras Lecture. Systemic inflammatory response and multi organic dysfunction/failure following aggression: metabolic implications. Nutr Hosp. 2017;34(1):244-50, Doi:https://doi.org/10.20960/nh.1001.

Preechasuk L, Suwansaksri N, Ipichart N, Vannasaeng S, Permpikul C, Sriwijitkamol A. Hyperglycemia and glycemic variability are associated with the severity of sepsis in nondiabetic subjects. J Critical Care. 2017;38:319-23, Doi:https://doi.org/10.1016/j.jcrc.2016.12.005.

Chao WC, Tseng CH, Wu CL, Shih SJ, Yi CY, Chan MC. Higher glycemic variability within the first day of ICU admission is associated with increased 30-day mortality in ICU patients with sepsis. Ann Intensive Care. 2020;10(1):17, Doi:https://doi.org/10.1186/s13613-020-0635-3.

Nusca A, Tuccinardi D, Albano M, Cavallaro C, Ricottini E, Manfrini S, et al. Glycemic variability in the development of cardiovascular complications in diabetes. Diabetes Metab Res Rev. 2018;34(8):e3047, Doi:https://doi.org/10.1002/dmrr.3047.

Saliba L, Cook CH, Dungan KM, Porter K, Murphy CV. Medication-induced and spontaneous hypoglycemia carry the same risk for hospital mortality in critically ill patients. J Critical Care. 2016;36:13-7, Doi:https://doi.org/10.1016/j.jcrc.2016.06.010.

Bellaver P, Schaeffer AF, Dullius DP, Viana MV, Leitao CB, Rech TH. Association of multiple glycemic parameters at intensive care unit admission with mortality and clinical outcomes in critically ill patients. Sci Rep. 2019;9(1):18498, Doi:https://doi.org/10.1038/s41598-019-55080-3.

Singh M, Upreti V, Singh Y, Kannapur AS, Nakra M, Kotwal N. Effect of Glycemic Variability on Mortality in ICU Settings: A Prospective Observational Study. Indian J Endocrinol Metab. 2018;22(5):632-5, Doi:https://doi.org/10.4103/ijem.IJEM_11_18.

Investigators N-SS, Finfer S, Chittock DR, Su SY, Blair D, Foster D, et al. Intensive versus conventional glucose control in critically ill patients. N Engl J Med. 2009;360(13):1283-97, Doi:https://doi.org/10.1056/NEJMoa0810625.

Issarawattana T, Bhurayanontachai R. Maximal Glycemic Difference, the Possible Strongest Glycemic Variability Parameter to Predict Mortality in ICU Patients. Crit Care Res Pract. 2020:5071509, Doi: https://doi.org/10.1155/2020/5071509.

Cruz Gomes LM, Rodríguez Guillén JH, Monarez Zepeda E, Galindo Martín CA, Pérez Galavis BS, Aportela Vasquéz VA. La variabilidad de la glucemia en pacientes críticamente enfermos: el manejo deberá ser personalizado. Med Crit. 2017;31(2):78-83.

Downloads

Publicado

2024-06-28

Edição

v. 103 n. 3 (2024)

Seção

Artigos de Revisão/Review Articles

Licença

Copyright (c) 2024 Cláudia Sena de Pádua, Rafael de Oliveira Resende, Patrícia Rezende do Prado, Nilson Penha-Silva, Miguel Junior Sordi Bortolini

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.

Como Citar

Pádua, C. S. de, Resende, R. de O., Prado, P. R. do, Penha-Silva, N., & Bortolini, M. J. S. (2024). Avaliação dos principais fatores de risco para alta variabilidade glicêmica em uma Unidade de Terapia Intensiva. Revista De Medicina, 103(3), e-205312. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v103i3e-205312