O impacto do processo transexualizador na saúde reprodutiva da população transgênero

Resumo

Introdução: Na perspectiva da atenção à saúde, a identidade de gênero é um fator de vulnerabilidade. Pessoas transgênero geralmente procuram serviços de saúde em idade reprodutiva para o processo transexualizador, desconhecendo seu impacto na fertilidade. Objetivo: Determinar a porcentagem de pessoas transgênero que são orientadas quanto à saúde reprodutiva e aos impactos do processo transexualizador. Método: Estudo transversal descritivo aplicado através do Google Forms. Incluiu-se participantes transgêneros com 18 anos ou mais, captados pela divulgação da pesquisa em mídias sociais em parceria de Organizações Não Governamentais (ONGs) envolvidas com o público LGBTQIA+. Resultados: Avaliou-se 105 indivíduos, dos quais a maioria realizou terapia hormonal e não foi orientada quanto à preservação da fertilidade, embora mais de 90% gostariam de ter sido. 25,7% estariam dispostos a adiar o processo transexualizador para aumentar a chance de ter filhos biológicos. Discussão: Embora atenue sintomas disfóricos, o processo transexualizador pode apresentar riscos à fertilidade. Procedimentos para preservação da fertilidade são pouco realizados por pessoas transgênero, devido ao custo, à falta de informação e ao desejo de não atrasar o processo transexualizador. Conclusão: 67,5% dos participantes não foram orientados sobre preservação da fertilidade, evidenciando a lacuna existente na atenção à saúde transgênero para um planejamento familiar seguro e satisfação reprodutiva.