Análises de complicações hospitalares em pacientes pós síndrome coronarianas agudas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v103i6e-224620

Palavras-chave:

Síndrome coronariana aguda, Terapia antiplaquetária dupla, Inibidores da P2Y12

Resumo

Fundamentos: Este estudo tem como objetivo avaliar as complicações hospitalares de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) entre os anos de 2016 a 2021 em hospital terciário na cidade de Curitiba, Paraná. Métodos: Trata-se de um estudo tipo retrospectivo com desenho observacional, transversal que envolve a análise de prontuários de pacientes adultos, que tiveram SCA em uso de pelo menos um antiagregante plaquetário, internados em hospital terciário da cidade de Curitiba, PR. Dentro da data prevista foram incluídos 379 pacientes no estudo. Os dados encontrados foram correlacionados entre si para definirmos as principais complicações e os principais desfechos secundários. Resultados: O estudo mostrou que dentre os 379 pacientes avaliados 65% dos pacientes eram hipertensos, 69% não tinham histórico de tabagismo e 44% tinham dislipidemia. Todos os pacientes estavam em uso de AAS. 308 indivíduos utilizaram o clopidogrel como segundo antiagregante plaquetário de escolha e apenas 1 paciente fez uso do prasugrel. Quanto aos diagnósticos, 172 pacientes (45%) foram diagnosticados com infarto agudo do miocárdio sem supra do segmento ST (IAMSSST), seguido de 99 (26%) com infarto agudo do miocárdio com supra do segmento ST (IAMCSST), 64 (17%) angina instável de moderado/alto risco, 44 (12%) angina instável de baixo risco. Após mais de um ano da alta do internamento inicial por SCA, o fato do paciente ter doença multiarterial coronariana, com necessidade de realização de nova angioplastia pós internamento por SCA, esteve associado a mortalidade por causa cardíaca (após mais de 1 ano da alta), com valor de p com relevância estatística (p = 0,002). E, por fim, os pacientes que tiveram alguma complicação na internação tiveram mais óbito por causa cardíaca (p= 0,003). O uso do AAS  esteve associado a redução de mortalidade cardíaca após 1 ano do evento, com valor estatístico marginal (p=0,08).  Discussão: As doenças multiarteriais coronárias representam maior complexidade anatômica e maiores desafios terapêuticos, o que reflete no aumento da mortalidade. Além disso, as complicações como hemorragia digestiva alta (HDA), choque séptico, choque cardiogenico, acidente vascular isquemico ou hemorragico aumentam o tempo de internamento e aumentam também a necessidade do paciente receber cuidados da unidade de terapia intensiva (UTI) e, com consequente aumento da mortalidade desses pacientes. Conclusão: Apesar do uso de ticagrelor ou prasugrel estarem relacionados a menores complicações isquêmicas, o clopidogrel ainda continua sendo muito utilizado. A presença de complicações durante o internamento impacta em aumento de mortalidade. A análise mostrou que a maioria dos pacientes recebeu tratamento com angioplastia coronariana primária ao invés de trombólise, refletindo uma eficácia no atendimento primário em Curitiba.

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Biografia do Autor

  • Vinícius Bocchino Seleme, Instituto do Coração/HCFMUSP, São Paulo, SP. Brasil.

    Formado pela PUCPR em 2011 Residência em Clínica Médica no HC/UFPR entre 2012-2014 Residente em Cardiologia no HC/UFPR entre 2014-2016 Pós-Graduação em Medicina Interna (Mestrado) (HC/UFPR) - 2017 Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista no Instituto do Coração (InCor - HCFMUSP) entre 2016 - 2018 Doutorado (em andamento) - Instituto do Coração (HCFMUSP) - 2021 

  • Guilherme Cabrera, Universidade Positivo, Paraná, Brasil.

    Estudante do décimo primeiro período da Universidade Positivo. Membro, fundador e diretor de comunicação da Liga de Nefrologia do Hospital Cruz Vermelha de Curitiba ( LANEFRO ) / Membro da liga de reumatologia do Hospital Evangélico de Curitiba ( LIREM ), Membro da liga de Clínica Médica do Hospital Evangélico de Curitiba (LICLIM). Realizei estágio extracurricular na área de Geriatria por 2 meses no HC FMUSP e 1 mês na área de Cardiologia pediátrica na Universidade do Porto (Portugal). 

  • Marina Massuchin Précoma, Universidade Positivo, Paraná, Brasil.

    Natural de Curitiba, terminou o Ensino Médio com menção honrosa no Colégio Nossa Senhora Medianeira. Desde 2019 é acadêmica de Medicina na Universidade Positivo (Curitiba-PR). Atua como coordenadora local da IFMSA Brazil Positivo, diretora da Liga Acadêmica de Cuidados Paliativos do Hospital Erasto Gaertner e ligante da Liga Acadêmica de Estudo da Dor. Em 2021 organizou a Jornada do Bem Estar (sobre medicina do estilo de vida) e atuou como monitora da disciplina de Geriatria e Gerontologia. Entre 2021 e 2022 foi estagiária do Hospital Erasto Gaertner. Em 2022 participou de uma caravana voluntária com destino ao Malawi para prover atendimento médico no campo de refugiados Dzaleka.

  • Gabriel Spengler Ghislandi, Universidade Positivo, Paraná, Brasil.

    Estudante do 7° período de Medicina na Universidade Positivo. DIretor Cíenticfio da Liga Acadêmica de Nefrologia do Hospital Cruz Vermelha (LANEFRO-HCV). Monitor das disciplinas de Suporte Básico de Vida (2019) e Anatomia Humana (2020). Ligante da Liga Acadêmica de Semiologia Médica da PUCPR (2020). Atualmente ligante da Liga Acadêmica de Cirurgia Vascular e Endovascular do HUEM (LACVE-HUEM), Liga Acadêmica de Atendimento Pré-Hospitalar da Região Metropolitana de Curitiba (LAPH-RMC) e da Liga Acadêmica do Trauma do Hospital do Trabalhador (LIAT-UFPR), na área acadêmicos do PS.

  • André Luiz Cristani Bizetto , Universidade Positivo, Paraná, Brasil.

    Estudante do décimo primeiro período de Medicina da Universidade Positivo. Fundador e diretor de comunicação da Liga de Nefrologia do Hospital Cruz Vermelha (LANEFRO-HCV). Membro diretor e ligante da Liga Acadêmica de Atendimento Pré-Hospitalar da Região Metropolitana de Curitiba (LAPH-RMC). Membro ligante da Liga da Associação Paranaense de Otorrinolaringologia (ASPO) do Hospital IPO e Hospital Cajuru (2021-2022). Membro Ligante da Liga Acadêmica de Otorrinolaringologia (LiORL-HCV) do Hospital Cruz Vermelha e Hospital Otorrinos Curitiba (2022-2023). Monitor das disciplinas de Neuroanatomia (2020) e Bioética Médica (2021).

  • Eloisa Gôngora Bengtsson , Universidade Positivo, Paraná, Brasil.

    Estudante de Medicina da Universidade Positivo

  • Maria Eduarda Tarta Kotzias, Universidade Positivo

    Natural de Paranaguá, completou o ensino médio no colégio positivo em Curitiba, com curso de inglês avançado completo e curso de espanhol básico completo. Acadêmico do curso de Medicina na Universidde Positivo desde 2019, estagiou no Hospital Paranaguá no ano de 2021.

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Publicado

2025-01-14

Edição

Seção

Artigos Originais/Originals Articles

Como Citar

Seleme, V. B., Cabrera, G., Précoma, M. M., Ghislandi, G. S. ., Bizetto , A. L. C. ., Bengtsson , E. G. ., & Kotzias, M. E. T. . (2025). Análises de complicações hospitalares em pacientes pós síndrome coronarianas agudas. Revista De Medicina, 103(6), e-224620. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v103i6e-224620