Análise epidemiológica das intoxicações exógenas por agrotóxicos agrícolas nas regiões brasileiras no período de 2014 a 2023

Resumo

Introdução: É fato que o Brasil é um dos maiores aplicadores de agrotóxicos do mundo, o que expõe e torna vulnerável sua população aos males desses produtos. Objetivo: Analisar perfil epidemiológico da população intoxicada por agrotóxicos agrícolas no país. Método: Analisaram-se dados referentes aos anos de 2014 a 2023 acerca de intoxicação exógena por agrotóxicos agrícolas, coletados na base de dados do SINAN, disponíveis no DATASUS. Resultados: Com base na análise realizada, foi possível constatar que, no período foram notificados 48.006 casos de intoxicação por agrotóxicos agrícolas no Brasil, dando uma incidência média de, aproximadamente, 4.800 novos casos por ano. Os maiores números de notificações foram: nos anos de 2018 e 2019, a região Sudeste, a faixa etária adulta (20 a 64 anos), a etnia parda, o sexo masculino, a escolaridade de ensino fundamental incompleto, a circunstância tentativa de suicídio e com exposição no trabalho. Embora a taxa de letalidade tenha sido de 3,4%, a maioria dos casos resultou em cura sem sequelas aparentes.  Conclusão: A exposição no ambiente de trabalho foi um fator determinante para a intoxicação. Diante desse cenário, é fundamental que medidas corretivas e preventivas sejam implementadas com urgência. Isso inclui a promoção de condições de trabalho mais seguras, a proibição de agrotóxicos que já foram banidos em outros países e o fortalecimento da fiscalização e das políticas públicas voltadas à proteção da saúde dos trabalhadores rurais.