Análise epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos no estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2023

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104i2e-232889

Palavras-chave:

Animais peçonhentos, Vigilância em Saúde Pública, Notificação compulsória, Estudos epidemiológicos

Resumo

Objetivo: Realizar análise epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos no estado do Rio de Janeiro no período de 2019 a 2023. Metodologia: Estudo epidemiológico transversal quantitativo e qualitativo, a partir de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), via DATASUS, referentes ao estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2023. Foram observadas variáveis como ano, mês, localização, faixa etária, sexo, gestação, tipo de acidente, tempo de atendimento, classificação final, evolução e uso de soroterapia. O embasamento bibliográfico foi realizado nas bases de dados Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (SciELO) e PubMed. Resultados: Entre os 12.861 casos registrados, 2023 apresentou o maior número (25,93%). Identificou-se uma maior incidência na região serrana, associada a áreas rurais e montanhosas, e uma sazonalidade com picos no verão e primavera. Os homens de 20 a 59 anos foram os mais afetados (62,34%), e as mãos e pés, as partes mais atingidas. Aranhas (30,1%), escorpiões (27%) e serpentes (25%) foram os principais causadores. A maioria dos casos foi definida como leve (65,17%), e 60,6% culminaram em cura. Entretanto, mais da metade dos óbitos ocorreram em quadros leves, sendo 52,94% associados à ausência de soroterapia. 58,6% dos atendimentos ocorreram em até 3 horas, mas 7,3% ultrapassaram 24 horas, aumentando o risco de complicação. Muitos campos nas fichas de notificação foram deixados em branco pelos profissionais. Conclusão: Destaca-se a necessidade de políticas de intervenção em educação em saúde, focadas nas regiões, na sazonalidade e no público mais vulneráveis, além de melhorias no registro de dados para fortalecer a vigilância e a intervenção, e no preparo dos profissionais no atendimento a estes casos, pois ainda há falhas no preenchimento das notificações que prejudicam a qualidade de uma boa análise para fins de vigilância epidemiológica e possíveis lacunas de conduta das equipes nestes casos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2ª ed. Brasília: Fundação Nacional de Saúde; 1992. 58 p. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_tratamento_acidentes_animais_peconhentos_2ed.pdf.

Bochner R. Acidentes por animais peçonhentos: aspectos históricos, epidemiológicos, ambientais e socioeconômicos. Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca; 2003. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/1341/1/Acidentes_por_animais_Peconhentos-Rosany_Bochner.pdf.

CNCZAP (Coordenação Nacional de Controle de Zoonoses e Animais Peçonhentos. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes Ofídicos Brasília: CNCZAP, Centro Nacional de Epidemiologia, Fundação Nacional de Saúde, Ministério da Saúde), 1991. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_tratamento_acidentes_animais_peconhentos_2ed.pdf

Carvalho DM., 1997. Grandes sistemas nacionais de informação em saúde: revisão e discussão da situação atual. Informe Epidemiológico do SUS, 4:7-46. https://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/informe_epi_sus_v09_n2.pdf

Williams DJ, Faiz MA, Abela-Ridder B, Ainsworth S, Bulfone TC, Nickerson AD, et al. Strategy for a globally coordinated response to a priority neglected tropical disease: Snakebite envenoming. Gutiérrez JM, editor. PLOS Neglected Trop Dis. 2019;13(2):e0007059. Doi: https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0007059

Santana CR, Oliveira MG. Avaliação do uso de soros antivenenos na emergência de um hospital público regional de Vitória da Conquista (BA), Brasil. Ciênc Saúde Colet. 2020;25(3):869-78. Doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020253.16362018

Gutiérrez JM. Understanding and confronting snakebite envenoming: The harvest of cooperation. Toxicon. 2016; 109:51-62. Doi: https://doi.org/10.1016/j.toxicon.2015.11.013

Pimenta RJG, Brandão-Dias PFP, Leal HG, do Carmo AO, de Oliveira-Mendes BBR, Chávez-Olórtegui C, et al. Selected to survive and kill: Tityus serrulatus, the Brazilian yellow scorpion. PLoS ONE. 2019;14(4):e0214075. Doi: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0214075

Judith Tiomny Fiszon RB. A Profile of Snake Bites in Brazil, 2001 to 2012. J Clin Toxicol. 2014;04(03). Doi: http://dx.doi.org/10.4172/2161-0495.1000194

Ministério da Saúde. Doenças e Agravos de Notificação – 2007 em diante (SINAN) – DATASUS [Internet].

https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao/doencas-e-agravos-de-notificacao-de-2007-em-diante-sinan/

Ribeiro SBMHA, Juliano LS, Boscardim EB, Oliveira ELB, Mertz EL, Sauer VR, Paz DKP, Mazzardo V. Perigos silenciosos: a incidência de acidentes por animais peçonhentos no brasil entre 2014 e 2023. CLCS [Internet]. 2024;17(13):e13708. Doi: https://doi.org/10.55905/revconv.17n.13-259.

Gonçalves CWB, Pinto Neto AB, Ferraz Gomes DL, Silva M, Viana BSG, Corrêa, AVS, et al. Acidentes com animais peçonhentos em um estado do norte do Brasil. Scientia Generalis, 2020;1(3):37-43. http://scientiageneralis.com.br/index.php/SG/article/view/v1n3a3.

Brasil. Ministério da Saúde. Acidentes de trabalho por animais peçonhentos entre trabalhadores do campo, floresta e águas, Brasil, 2007 a 2017. Boletim Epidemiológico. 2019. https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/animais-peconhentos/acidentes-por-abelhas/arquivos/boletim-epidemiologico-11-vol-50-mar-2019-acidentes-de-trabalho-por-animais-peconhentos-entre-trabalhadores-do-campo-floresta-e-aguas-brasil-2007-a-2017.pdf

Oliveira FR, Silva PL, Souza DM. Acidentes por animais peçonhentos em áreas rurais: uma revisão dos fatores ambientais e epidemiológicos. Rev Bras Cienc Saude. 2021;25(1):12-8. Doi: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i8.30815.

Saraiva MG; Oliveira DS, Fernandes Filho GMC, Coutinho LASA, Guerreiro JV, Perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos no Estado da Paraíba, Brasil, 2005 a 2010. Epidemiol Serv Saúde. 2012. Doi: http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742012000300010.

Vieira GPS, Machado C. Acidentes por animais peçonhentos na região serrana, Rio de Janeiro, Brasil. J Health NPEPS. 2015;3(1):211-27. Doi: http://dx.doi.org/10.30681/252610102776.

Nunes MLC, Farias JACR, Anselmo DA, Anselmo MA, Andrade RFV. Acidentes com animais peçonhentos no Brasil: uma revisão integrativa. Arq Ciênc Saúde UNIPAR. 2022;26(2). Doi: 10.25110/arqsaude.v26i2.2022.8262.

Barroso L, Wolff D. Acidentes causados por animais peçonhentos no Rio Grande do Sul. Eng Amb - Espírito Santo do Pinhal. 2012;9(3):78-86. http://ferramentas.unipinhal.edu.br/engenhariaambiental/include/getdoc.php?id=2255&article=716&mode=pdf.

Lisboa NS, Boere V, Neves FM. Escorpionismo no Extremo Sul da Bahia, 2010-2017: perfil dos casos e fatores associados à gravidade. Epidemiol Serv Saúde: Rev Sist Único Saúde Brasil. 2020;29(2):e2019345. Doi: https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000200005.

Albuquerque CF, Correia JM. Vizzone VJ, Assunção CF, Campos CRS, Vidal AP, et al. Perfil de gestantes acometidas por acidentes envolvendo animais peçonhentos no Brasil, de 2009 a 2021. Rev Elet Acervo Saúde. 2023;23(2):e1183333. Doi: https://doi.org/10.25248/REAS.e11833.2023.

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Manual de teratogênese em humanos [Internet]. https://www.febrasgo.org.br/images/arquivos/manuais/Outros_Manuais/manual_teratogenese.pdf

Brasil. Ministério da Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos [Internet]. 2ª ed. Brasília: Fundação Oswaldo Cruz; 2001. https://www.icict.fiocruz.br/sites/www.icict.fiocruz.br/files/Manual-de-Diagnostico-e-Tratamento-de-Acidentes-por-Animais-Pe–onhentos.pdf.

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Guia de acidentes com animais peçonhentos no Brasil. [Internet]. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2024/05/Guia-Animais-peconhentos-do-Brasil.pdf.

Brito, M. et al. Completude das notificações dos acidentes por animais peçonhentos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação: estudo descritivo, Brasil, 2007-2019. Epidemiol Serv Saúde. 2023;32(1):e2023001. doi: https://doi.org/10.1590/S2237-96222023000100002.

Moraes FCA.; Silva AR.; Silva ER.; Coelho JS.; Pardal PPO. Relação dos biomas nos acidentes peçonhentos no Brasil. J Health NPEPS. 2021 jan-jun;6(1):175-190. doi: http://dx.doi.org/10.30681/252610105320.

Machado C. Acidentes ofídicos no Brasil: da assistência no município do Rio de Janeiro ao controle da saúde animal em Instituto Produtor de Soro Antiofídico. [Doutorado]. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz; 2018. Disponível em: https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/handle/icict/27452/claudio_machado_ioc_dout_2018.pdf?sequence=2&isAllowed=y.

Matos, RR., Ignotti, E. Incidência de acidentes ofídicos por gêneros de serpentes nos biomas brasileiros. Ciência & Saúde Coletiva, 25(7), 2837-2846; 2020. https://doi.org/10.1590/1413-81232020257.31462018.

Sampaio, AC. Qualidade dos prontuários médicos como reflexo da assistência hospitalar. Dissertação [Mestrado] – Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2010. Disponível em: https://www.cpqam.fiocruz.br/bibpdf/2010sampaio-ac.pdf.

Vasconcellos MM.; Gribel EB.; Moraes IHS. Registros em saúde: avaliação da qualidade do prontuário do paciente na atenção básica, Rio de Janeiro, Brasil. Cad Saúde Pública. 2008;24(Suppl 1):S108-S118. doi:10.1590/S0102-311X2008001300021.

Publicado

2025-04-10

Edição

Seção

Artigos Originais/Originals Articles

Como Citar

Guttierres, B. D. ., Schuwarte, D. L. C., Barreto, L. F. ., & Azevedo, M. H. B. de. (2025). Análise epidemiológica dos acidentes por animais peçonhentos no estado do Rio de Janeiro entre 2019 e 2023. Revista De Medicina, 104(2), e-232889. https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104i2e-232889