Análise da mortalidade pediátrica por Epidermólise Bolhosa no Brasil: variações temporais, distribuição geográfica e implicações para políticas de saúde
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104i2.esp.e-235361Palavras-chave:
Mortalidade pediátrica, Ferimentos e lesões, Epidermólise BolhosaResumo
A Epidermólise Bolhosa hereditária (EB) é uma doença genética rara que causa fragilidade da pele e a formação de bolhas em resposta a traumas mínimos. A condição possui tipos fenotipicamente distintos, EB simples, juncional, distrófica e tipo Kindler, com uma clínica heterogênea, que variam de lesões localizadas a extensas. Pacientes com EB enfrentam complicações, além de desafios emocionais e sociais. O manejo clínico foca no controle das lesões e no alívio da dor, com acompanhamento multiprofissional. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de 2021 busca melhorar o tratamento e a qualidade de vida dos pacientes. O objetivo foi identificar os óbitos pediátricos decorrentes da EB no Brasil no período de 1996 a 2022. MÉTODOS: Estudo ecológico descritivo, realizado a partir da pesquisa dos dados de mortalidade do CID-10 Q81, fornecidos pelo DATASUS, para identificar óbitos no Brasil entre 1996 e 2022, considerando regiões geográficas e faixas etárias. A análise foi realizada no Excel® 2019, com análise estatística descritiva. RESULTADOS: Entre 1996 e 2022, ocorreram 1.718.544 óbitos na faixa etária pediátrica, dos quais 175 foram por epidermólise bolhosa (EB), representando 0,0000102% do total. O maior número de óbitos ocorreu entre 1996-2000 (40,57%), seguido por 2001-2005 (31,43%). A partir de 2006, os óbitos diminuíram, com 9,14% registrados entre 2006-2010 e 6,29% entre 2011-2015. As porcentagens mantiveram-se baixas em 2016-2020 (9,14%) e 2021-2022 (3,43%). A região Sudeste teve o maior número de óbitos (46,9%), e a maioria dos óbitos (87,7%) ocorreu em menores de 1 ano. CONCLUSÃO: A EB apresenta alta mortalidade, especialmente em lactentes, e desigualdades no acesso a cuidados. Destaca-se a necessidade de diagnóstico precoce, manejo adequado e políticas públicas, com apoio de organizações como a DEBRA, para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Downloads
Referências
Has C, Bauer JW, Bodemer C, Bolling MC, Bruckner-Tuderman L, Diem A, et al. Consensus reclassification of inherited epidermolysis bullosa and other disorders with skin fragility. Br J Dermatol. 2020;183:614-27. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/bjd.18921
Bardhan A, Bruckner-Tuderman L, Chapple ILC, Fine JD, Harper N, Has C, Magin TM, et al. Epidermolysis bullosa. Nat Rev Dis Primers. 2020;6(1):78. Doi: 10.1038/s41572-020-0210-0.
Mariath LM, Santin JT, Schuler-Faccini L, Kiszewski AE. Inherited epidermolysis bullosa: update on the clinical and genetic aspects. An Bras Dermatol. 2020;95:551-69. Doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.abd.2020.05.001
Fine, JD. Inherited epidermolysis bullosa. Orphanet J Rare Dis. 2010;5:12. Doi: https://doi.org/10.1186/1750-1172-5-12.
Chernyshov PV, Marron SE, Tomas-Aragones L, Pustišek N, Gedeon I, Suru A, et al. Initial validation of the epidermolysis bullosa-specific module of the Infants and Toddlers Dermatology Quality of Life Questionnaire. Dermatol Ther. 2020;33(6):e14128.
Van Scheppingen C, Lettinga AT, Duipmans JC, Maathuis KG, Jonkman MF. The main problems of parents of a child with epidermolysis bullosa. Qual Health Res. 2008;18(4):545-56. Doi: http://dx.doi.org/10.1177/1049732308315110. PubMed PMID: 18354052.
Sangha N, MacLellan AN, Pope E. Psychosocial impact of epidermolysis bullosa on patients: a qualitative study. Pediatr Dermatol. 2021;38(4):819-24. Doi: http://dx.doi.org/10.1111/pde.14656.
Fine JD. Inherited epidermolysis bullosa: past, present, and future. Ann N Y Acad Sci. 2010;1194:213-22. Doi: 10.1111/j.1749-6632.2010.05463.x.
Associação DEBRA Brasil. Disponível em https://debrabrasil.com.br/
De Moraes JAP, Costa EA Epidermólise bolhosa hereditária: Perfil clínico e epidemiológico. Anais Brasileiros de Dermatologia. 2024;99(1): 34-9. Doi:10.1016/j.abd.2024.04.013. https://www.anaisdedermatologia.org.br/en-epidermolise-bolhosa-hereditaria-perfil-clinicoepidemiologico-articulo-S2666275224000225
Barbosa NG, Silva CB, Carlos DM, Brosso L, Levada AF, Okido ACC. School inclusion of children and adolescents with epidermolysis bullosa: The mothers’ perspective. Rev Esc Enferm USP. 2022;56:e20220271. Doi: 10.1590/S1980-220X2022003803777. https://www.scielo.br/j/ean/a/rXZJc3t3GmyNchw8NCfKZ7K/?utm_source=chatgpt.com
Chan IT, Bessa VR, Miotto IZ, Samorano LP, Machado MCR, Oliveira ZNP. Departamento de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Doi: 10.1016/j.abdp.2024.02.015
Araujo BGS, Dantas AM, Beserra PJ, Silva KL. Cuidados de enfermagem com crianças e adolescentes com epidermólise bolhosa: revisão sistemática. Acta Paul Enferm. 2023;36:eAPE03302. Doi: 10.37689/acta-ape/2023AR03302.
Brasil. Portaria Conjunta nº 1, de 31 de dezembro de 2021, Diretrizes brasileiras para os cuidados de pacientes com epidermólise bolhosa. Brasília: CONITEC; 2021. https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20211231_portal-portaria-conjunta_diretrizes_brasileiras_eb-1-1.pdf
Ministério da Saúde (BR). DATASUS: Departamento de Informática do SUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade. http://www.datasus.gov.br.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2020: resultados gerais da população. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9127-censo-demografico-2020.html.
Kearney S, Donohoe A, McAuliffe E. Living with epidermolysis bullosa: daily challenges and health-care needs. Health Expect. 2020;23(2):368–76.
Pope E, Lara-Corrales I, Mellerio J, Martinez A, Schultz G, Burrell R, et al. A consensus approach to wound care in epidermolysis bullosa. J Am Acad Dermatol. 2012;67(5):904-17.
Bezerra K, Oliveira K, Lopes R, Zanoni R, Carvalho M. Cuidados e tratamentos do paciente com diagnóstico de epidermólise bolhosa. Revista FT, Ciências em saúde, 2024. Doi: 10.5281/zenodo.11075006. https://revistaft.com.br/cuidados-e-tratamentos-do-paciente-com-diagnostico-de-epidermolise-bolhosa/
Pereira MG, Ribeiro HN, Oliveira NF, Monteiro CA. Fatores associados ao uso de medicamentos entre adultos no Brasil: análise de dados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Cad Saúde Pública. 2019;35(11):e00120718. Doi: doi.org/10.1590/0102-311X00120718
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Laura Caroline Andrade Reis, Larissa Roberto do Nascimento, Sandra Obikawa Kyosen

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 4.0 International License.