ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104i3.esp.e-236395Palavras-chave:
Vigilância em Saúde Pública, Notificações compulsórias, Animais venenososResumo
Introdução: O controle de acidentes por animais peçonhentos no Brasil é marcado por crises históricas, como a de 1986, que levou à criação do Programa Nacional de Ofidismo e à notificação obrigatória de acidentes com serpentes, escorpiões e aranhas. Classificados pela Organização Mundial da Saúde como doenças tropicais negligenciadas, esses acidentes podem causar complicações graves à saúde e inclusive morte. No Rio de Janeiro, fatores socioambientais alteraram o perfil de incidência do ofidismo, antes predominantemente rural, refletindo a sua urbanização. Objetivo: Analisar epidemiologicamente os acidentes por animais peçonhentos no estado do Rio de Janeiro no período de 2019 a 2023. Metodologia: Trata-se de um estudo epidemiológico ecológico transversal. A coleta de dados foi feita por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), através do DATASUS. Foram consideradas notificações de acidentes por animais peçonhentos no Rio de Janeiro no período de 2019 a 2023. As variáveis analisadas incluem: ano, mês, região administrativa, faixa etária, sexo, gestação, local de picada, tempo de atendimento, tipo de acidente, tipo de animal, uso de soroterapia, classificação final e evolução. Algumas variáveis foram associadas para maior riqueza de análise. Resultados: De 2019 a 2023, a maior incidência de acidentes por animais peçonhentos no estado foi observada na região Serrana, com picos na primavera e verão. Houve aumento geral de notificações no período, com exceção de 2020 e 2021 por influência da pandemia de COVID-19. O principal perfil das vítimas foi o de homens adultos picados nos pés ou nas mãos. Os agentes causadores mais frequentes foram aranhas do gênero Bothrops, escorpiões e serpentes do gênero Phoneutria. A maioria dos casos foi leve, com atendimentos rápidos e desfechos positivos, sem necessidade de soroterapia. Contudo, mais da metade dos óbitos esteve relacionada à ausência de soroterapia e a casos leves, sugerindo falhas em condutas médicas ou no preenchimento das notificações. Vale destacar que muitos campos nas fichas de notificação foram deixados em branco pelos profissionais responsáveis. Conclusão: Há necessidade de políticas de intervenção em educação em saúde, focadas nas regiões, na sazonalidade e no público mais vulneráveis. Embora os desfechos apontem para um sistema de saúde eficiente no atendimento a esses casos, falhas no preenchimento das notificações ainda prejudicam a qualidade de uma boa análise.
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