Impacto da taxa de realização de pré-natal sobre taxas de aborto e natimortalidade causadas por sífilis nos estados brasileiros no período de 2014-2023
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104i5e-237249Palavras-chave:
Epidemiologia, Atenção Primária à Saúde, Saúde Materno-InfantilResumo
Este estudo avaliou a correlação entre a taxa de realização de pré-natal em mulheres com sífilis gestacional e os desfechos adversos, como aborto e natimortalidade, nos estados brasileiros entre 2013 e 2023. A sífilis, infecção causada pelo Treponema pallidum, apresenta múltiplos estágios e pode ser transmitida verticalmente, especialmente no primeiro trimestre, elevando o risco de complicações fetais. Apesar do alto índice de cobertura do pré-natal no Brasil, há barreiras de acesso que dificultam a realização adequada do acompanhamento, sobretudo em populações vulneráveis. Os dados coletados do DATASUS mostraram que a incidência de sífilis gestacional aumentou significativamente no período, refletindo uma preocupação de saúde pública. A análise estatística revelou correlações inversas entre a realização insatisfatória de pré-natal e a incidência de sífilis gestacional, principalmente nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste, indicando que o aumento na cobertura do pré-natal reduz a ocorrência de infecção e seus desfechos negativos. Contudo, alguns estados apresentaram relações complexas, como o Ceará, com correlações positivas entre pré-natal inadequado e abortos ou natimortos. Entre os resultados positivos, destaca-se o caso do Paraná, onde iniciativas como a Rede Mãe Paranaense contribuíram para maior adequação do pré-natal, melhor detecção da sífilis gestacional e possível redução dos desfechos adversos, servindo como exemplo de ação efetiva que pode ser replicada em outras regiões. Os resultados reforçam a importância de ampliar o acesso ao pré-natal de qualidade, especialmente em regiões com altas taxas de sífilis, para diminuir os desfechos adversos e fortalecer estratégias de combate à sífilis gestacional no Brasil.
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