Carta ao Editor - Hipoparatireoidismo após paratireoidectomia em pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 1
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1679-9836.v104iesp.e-242218Palavras-chave:
Hipoparatireoidismo , Neoplasia Endócrina Múltipla, ParatireoidectomiaResumo
A neoplasia endócrina múltipla (NEM) do tipo 1 é uma síndrome genética, em que há inativação do gene supressor de tumor MEN1, o que confere maior suscetibilidade ao desenvolvimento de neoplasias, especialmente endócrinas, a exemplo dos adenomas de paratireoide¹. Embora seja uma doença rara, o hiperparatireoidismo primário decorrente de hiperplasia e/ou neoplasia das paratireoides ocorre em até 97% dos portadores da síndrome².
O tratamento do hiperparatireoidismo é cirúrgico e as duas principais técnicas utilizadas atualmente são a paratireoidectomia subtotal, com retirada de 3,5 glândulas, e a paratireoidectomia total com auto-enxerto, na qual são retiradas as quatro glândulas e, então, é confeccionado um enxerto em antebraço³. Apesar de amplamente utilizadas, a escolha da melhor técnica cirúrgica para tratamento dessa condição ainda está sob debate. Um único estudo com casuística pequena de 32 participantes comparou as duas técnicas cirúrgicas e não evidenciou diferenças significativas entre elas⁴. A escolha da técnica deve considerar o risco de recorrência do hiperparatireoidismo, pois a doença é multiglandular, e também o risco de desenvolvimento de complicações, como é o caso do hipoparatireoidismo - definido por níveis inapropriadamente baixos de PTH na vigência de uma hipocalcemia⁵. Tradicionalmente, o hipoparatireoidismo pós-operatório é considerado definitivo quando persiste por mais de 6 meses após a cirurgia⁶. Contudo, essa definição se dá de forma arbitrária, baseada em pacientes submetidos à tireoidectomia, sem o diagnóstico da síndrome. Pacientes com NEM1 podem ter outros comemorativos que retardam a recuperação da função paratireoidiana, como cirurgias disabsortivas prévias, fome óssea prolongada e retirada de múltiplas glândulas. A última diretriz internacional de hipoparatireoidismo, publicada em 2022, propôs ampliar esse limite para doze meses⁷, reconhecendo que a recuperação funcional pode ser mais lenta em determinados contextos.
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Referências
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