Ser mãe na primeira metade do século XX: atribuição natural, aprendizado científico e dever cívico

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DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2446-7693i9p54-77

Palavras-chave:

Pediatria, Pedagogia, Escola Normal

Resumo

Este artigo analisa os discursos sobre a maternidade dirigido às mulheres na primeira metade do século XX no Rio de Janeiro e em São Paulo, buscando evidenciar o seu caráter ambíguo. Por um lado, afirmava-se que ser mãe era a destinação biológica da mulher, a qual era naturalmente dotada de um instinto materno. Por outro lado, defendia-se que era preciso ensinar as mulheres a desempenhar bem a função materna. A análise incide sobre a revista Educação e Pediatria, publicada de 1913 a 1915, no Rio de Janeiro, e sobre materiais empregados na formação das alunas do Centro de Puericultura da Escola Normal da Praça da República de São Paulo. O exame das fontes vale-se da perspectiva da análise do discurso, de Michel Foucault (2004).

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Publicado

2024-12-12

Edição

Seção

ARTIGOS

Como Citar

Lima, A. L. G. ., Biazotto, N. M. ., & Oliveira, V. S. . (2024). Ser mãe na primeira metade do século XX: atribuição natural, aprendizado científico e dever cívico. Revista Estudos Culturais, 9(1), 54-77. https://doi.org/10.11606/issn.2446-7693i9p54-77