Os álcoois no cinema (1904-1933)
afirmação e sátira do discurso proibicionista
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p6-25Palavras-chave:
História e Cinema, Antiproibicionismo, Expressão Social e Propaganda, Pânico MoralResumo
O presente artigo analisa a representação dos álcoois no cinema em relação ao avanço do discurso proibicionista comprometido em transformar o consumo de álcool em patologia. Veremos como, a partir do início do século XX, cineastas como o francês Ferdinand Zecca e o estadunidense D.W. Griffith adotaram em seus filmes um discurso moralizante que visava amedrontar a classe trabalhadora ao propagar os perigos do consumo abusivo de álcool. Posteriormente, o tema será tratado satiricamente por cômicos como Charles Chaplin e Roscoe Fatty Arbuckle, ao representarem o alcoolismo das classes mais abastadas dois anos antes da promulgação da Lei Seca (1919). Por último, compreenderemos como nos primeiros anos da década de 1930 os desdobramentos da Lei Seca (1933) serão tratados no cinema não apenas pelos filmes de gângsteres, mas também em comédias como What! No Beer? (1933), no qual Buster Keaton e Jimmy Durante protagonizam uma dupla de ativistas e empreendedores do ramo de bebidas, um mês antes da revogação da lei. Em conjunto, pretendemos demonstrar como o cinema pode ser considerado uma excelente fonte de pesquisa para o estudo dos discursos proibicionistas e antiproibicionistas em épocas e contextos específicos, dos quais esses filmes são ao mesmo tempo expressão social, entretenimento e propaganda.
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