Consumo alimentar e comunicação identitária na convivência intercultural entre jovens
o caso da Escola Sesc de Ensino Médio
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p207-208Palavras-chave:
Alimentação, Identidade, Consumo, Convivência interculturalResumo
O objetivo do trabalho proposto aqui é discutir como se dá a relação entre o consumo alimentar e a comunicação identitária na convivência entre os 450 estudantes da Escola Sesc de Ensino Médio (Esem), que são oriundos das 27 unidades federativas do Brasil e moram e estudam no campus localizado no Rio de Janeiro. A pesquisa foi realizada em abril e maio de 2017, e contou com observação participante durante as refeições realizadas pelos estudantes e dois grupos de discussão com oito desses jovens vindos das regiões Norte, Sudeste e Sul (especificamente dos estados de Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina). Essas experiências mostraram um pouco de como esses jovens entendem melhor a si mesmos e à alteridade também por meio do que comem e do que deixam de comer. Como vêm de todas as partes do país, os estudantes da Esem trazem para esse convívio diferentes visões e gostos culturais, inclusive aqueles relacionados à alimentação.
A sociabilidade desses jovens passa também pela comensalidade: todos se alimentam na escola, em um refeitório que oferece seis refeições diárias gratuitas (café da manhã, almoço, dois lanches, jantar e ceia) e em uma lanchonete onde podem adquirir alguns produtos alimentícios. Como não é permitido levar alimentos para os quartos, a maior parte das refeições é feita em grupo, e os estudantes aprendem a conviver também por meio do ato de compartilhar comida, ou consumi-la juntos em um mesmo espaço. Das diferenças – por exemplo, a nomenclatura de pratos como o cuscuz, que dependendo da região pode ser uma preparação salgada, de flocos ou farinha grossa de milho, ou doce, de tapioca e coco – às semelhanças – os jovens reconhecem arroz, feijão e brigadeiro como comidas presentes no Brasil todo –, passando pelos estereótipos que são desconstruídos no encontro com a alteridade, inúmeras manifestações culturais relacionadas à alimentação aparecem em situações de convivência entre sujeitos e grupos sociais com origens diversas, ajudando no entendimento, na formação e na comunicação da identidade.
As relações interculturais impactam a formação de processos identitários dos sujeitos migrantes, que passam a ver suas identidades de forma múltipla e fluida, combinando aspectos da cultura dentro da qual nasceram e das demais com as quais vão conviver em seus destinos. A alimentação, como um elemento cultural presente no cotidiano, pode funcionar como importante ferramenta de reconhecimento, diferenciação e adaptação a essas novas realidades. Assim, é possível perceber que os estudantes da Esem também se relacionam por meio da comida dentro de um ambiente novo e intercultural, e se enxergam como sujeitos também a partir desse consumo.
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