Como os Airbnb da comida promovem a cena gastronômica em ambientes domésticos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p218Palavras-chave:
Cena gastronômica, Comensalidade, Hospitalidade, Sites de compartilhamento de refeiçõesResumo
A proposta deste trabalho é apresentar o resultado da pesquisa feita com pessoas que recebem em casa para refeições compartilhadas a partir de plataformas de internet que oferecem experiências gastronômicas.
Da soleira para dentro, a cena gastronômica não ocorre ao acaso porque é um ato de hospitalidade que Luiz Octávio de Lima Camargo “ressalta de forma inequívoca como um ritual, com dois atores e o espaço no qual uma marcação precisa, no sentido teatral da palavra, se desenrola”. Um jantar compartilhado não é uma atividade corriqueira em que as pessoas apenas se encontram fortuitamente, sentam-se ao redor de uma mesa e comem juntas. A cena gastronômica de que trata esse trabalho é um ritual no qual estão envolvidos protagonistas, coadjuvantes e figurantes atuando em um cenário cuja indumentária e a comida são elementos cênicos fundamentais e há um roteiro a ser seguido. Para que a cena transcorra há ensaios e bastidores. A ausência de qualquer desses elementos indispensáveis leva ao fracasso do espetáculo. Como nos roteiros de teatro, a divisão em atos e cenas marca os tempos que compõem a peça como um todo e, conforme o texto se vai desenvolvendo, no decorrer da encenação, misturam-se marcações e improvisos, sem que a plateia sequer perceba. Atores e expectadores participam do espetáculo, passam por momentos de entrosamento, tensões e expectativas, vivem emoções que podem levar à gargalhada, ao riso ou às lágrimas e experimentam o clímax, tendo consigo a certeza de um desfecho em breve, que pode ser trágico ou feliz, dependendo do gênero que tenham escolhido previamente.
A comensalidade tratada pelo viés do encontro hospitaleiro que ocorre em ambientes domésticos a partir da comercialização feita por sites de compartilhamento de refeições – os “Airbnb” da comida” – possibilita a reflexão sobre a comida e os costumes à mesa como sinais distintivos e/ou identitários de crenças compartilhadas.
A relação entre anfitrião e convidado, representados, respectivamente, por chef-anfitrião e hóspede-comensal, ganha um novo entendimento. Segundo Pierre Bourdieu, aquilo que é compreendido como natural ou aquilo que se aprende como tal é uma interpretação cultural e distintiva dos indivíduos e seus grupos.
O homem nutre-se também do imaginário e de significados partilhando representações coletivas, como trata Claude Fischler. À mesa não se compartilham apenas alimentos, mas também ideias, ideais, entendimentos, desejos, prazeres, ou seja, valores simbólicos.
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