Feira de Agricultura Familiar e Economia Solidária
espaço de socialização e aprendizado
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p223-224Palavras-chave:
Segurança alimentar e nutricional, Economia solidária, Circuitos curtos de comercializaçãoResumo
Os circuitos curtos de comercialização aproximam produtor e consumidor, e, no caso dos alimentos, promovem uma reorganização dos sistemas agroalimentares, já que essencialmente são administrados por poucas redes varejistas transnacionais. A venda direta de alimentos tem se desenvolvido no Brasil junto a políticas públicas no campo da segurança alimentar e nutricional, agroecologia e economia solidária. Famílias da agricultura familiar têm ocupado os espaços de compras institucionais, feiras, cestas agroecológicas e comunidades que sustentam a agricultura (CSA), por exemplo. No caso das feiras, observa-se que elas proporcionam intercâmbios entre a ciência e a prática, construindo redes que permitem o fortalecimento de todos os envolvidos (agricultor familiar, empreendimentos solidários e consumidores). Nesse contexto, foi criado em 2016 o “Quintal Solidário – Feira de Economia Solidária e Agricultura Familiar” em Viçosa, Minas Gerais. A feira vem sendo realizada pelo Programa de Extensão Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP-UFV) e diversas parcerias, como a Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Viçosa (ASPUV), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Serviço de Vigilância Sanitária Municipal, Departamento de Nutrição e Saúde da UFV, entre outras. O “Quintal Solidário” objetiva valorizar e promover a economia solidária junto à agricultura familiar, de modo a melhorar a renda e a qualidade de vida dos atores envolvidos, integrando o público participante da feira e proporcionando a todos a oportunidade de conhecer e divulgar a economia solidária e a agricultura familiar. A feira é realizada semanalmente na sede da ASPUV, no campus da Universidade Federal de Viçosa, e é organizada pelos parceiros e expositores, construindo relações horizontais e uma gestão compartilhada. Objetivou-se sistematizar a percepção das famílias de agricultura familiar sobre a participação na feira. Para isso, utilizou-se como aspectos metodológicos a observação participante e entrevistas, sendo parte de um projeto de mestrado aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa com Seres Humanos da UFV. Observa-se que todos os expositores relataram como ponto primordial de participação na feira a criação de vínculos afetivos entre a própria equipe e com os consumidores, percebem a feira como um espaço de convivência e aprendizado, ressaltando o ambiente agradável e acolhedor. A importância da renda para as famílias também foi relatada, mas como ponto secundário, o que traz discussões a respeito da ressignificação do trabalho, principalmente no contexto da economia solidária. Então, a feira, nesse caso, se mostrou como circuito curto de comercialização que cumpre papel de aproximação dos atores sociais, entre produção e consumo. Para além disso, possibilita que públicos muitas vezes marginalizados tenham possibilidade de reconhecimento e socialização, como valorização do trabalho no campo. Apoio: Programa de Pós-Graduação em Agroecologia da UFV e Capes.
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