Educação de meninas para uma alimentação “sadia” no Centro de Puericultura do Instituto de Educação de São Paulo (1930)

Autores

  • Ariadne Lopes Ecar Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p234

Palavras-chave:

Centro de Puericultura, Alimentação sadia, Saúde da infância paulista

Resumo

Neste trabalho propomos analisar o papel social e educativo do Centro de Puericultura do Instituto de Educação de São Paulo na década de 1930. O Centro de Puericultura (CP) foi criado em 3 de março de 1933, por iniciativa de alunos da Escola de Professores, sob orientação de Almeida Junior, professor catedrático de Biologia Educacional. As alunas da Escola de Professores eram sócias-contribuintes da instituição e tinham por incumbência angariar sócios fora da escola para assistência às crianças atendidas. Dentro do CP funcionavam as seções de lactário e dispensário. O Serviço Sanitário mantinha junto ao CP um Dispensário de Puericultura, sob a direção do médico pediatra Sylvio Sucupira, com a colaboração das educadoras sanitárias Mariah Costa Valente e Paula Cecília Dias. Todas as alunas da escola faziam estágio com o médico e as educadoras sanitárias para aprenderem de forma prática sobre a puericultura para, no futuro, ensiná-la nas escolas primárias. As atividades que o CP oferecia podem ser elencadas em: 1) Gabinete médico, com seção de consultas e aulas sobre puericultura pelo pediatra Sylvio Sucupira às estagiárias; 2) Pesagem, com observação da curva de peso e registro em fichários; 3) Costura, com confecção de enxovais pelas alunas da Escola de Professores; 4) Educação, com palestras sobre assuntos de puericultura, feitas pelas estagiárias às mães; 5) Lactário, com preparo dos mingaus especiais, de acordo com as condições de saúde das crianças, dentro das prescrições médicas; e 6) Visitas domiciliares, realizadas pelas alunas aos bairros pobres, com o objetivo de aconselhar sobre a puericultura e a higiene geral. Na área social, o CP prestava assistência à infância, com campanha sistemática e intensa em prol da diminuição da mortalidade infantil, por meio do combate à “miséria” e à “ignorância”. No fim da década de 1930 o CP estava sob responsabilidade do Serviço de Saúde Escolar. As fontes utilizadas para a escrita deste trabalho serão os jornais Correio de S. Paulo e Correio Paulistano, as Mensagens do Governador do Estado de São Paulo (década de 1930), disponíveis na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, bem como documentos sobre o Centro de Puericultura do Instituto de Educação acondicionados no Acervo Caetano de Campos, do Centro de Referência em Educação Mário Covas. Utilizaremos o conceito de “retórica” de Michel de Certeau, que significa “um discurso para mudar a vontade do outro”. O discurso sobre o que era considerado “sadio” emanado do ensino juntamente com o saber médico gerou a noção do que seria apropriado ou não para a saúde da infância paulista. Desse modo, pretende-se conhecer as atividades do CP e perceber como o ensino foi acionado para intervir na saúde da infância paulista.

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Biografia do Autor

  • Ariadne Lopes Ecar, Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina

    Pós-doutoranda pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Departamento de Medicina Preventiva).

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Publicado

2019-12-01

Como Citar

Ecar, A. L. (2019). Educação de meninas para uma alimentação “sadia” no Centro de Puericultura do Instituto de Educação de São Paulo (1930). Revista Ingesta, 1(2), 234. https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p234