Alimentos provenientes da agricultura familiar na gastronomia contemporânea
análise a partir de conteúdo em meio digital
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p259-260Palavras-chave:
Agricultura familiar, Consumo, GastronomiaResumo
Este trabalho se insere na temática sobre novas formas de interação entre a produção e o consumo de alimentos nas sociedades contemporâneas ocidentais, com recorte nas relações sociais entre atores gastronômicos e agricultores. Compreende a gastronomia para além de um fenômeno relacionado aos restaurantes sofisticados e chefs premiados, mas que possui uma tendência que percebe o consumo de alimentos provenientes de agricultores locais como estratégia de reforço da identidade cultural e apoio à agricultura familiar. Interessa-nos compreender esse processo que, por um lado, possui atores inseridos em contextos de distinção simbólica e, por outro, atores excluídos dos espaços de produção dominados pelo agronegócio. A pesquisa se inscreve em uma abordagem qualitativa, de produção de sentidos compartilhados na cultura contemporânea, e tem como recorte empírico conteúdos digitais de publicações jornalísticas e de instituições públicas e privadas, entre 2017 e 2019. Como Jesús Martin-Barbero, entendemos que, na “redefinição de cultura, a pista está na compreensão da natureza comunicacional da cultura como um processo de produção de sentido e não apenas como circulação de informações”. A partir da identificação dos autores dos textos, reconheceu-se duas naturezas de texto e conceitos-chaves. Um primeiro grupo de textos publicados por sites de negócio e economia e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com uma tendência a valorizar a agricultura familiar como uma oportunidade empreendedora, tendo os restaurantes como um bom local para escoar os produtos. Neste sentido, a legitimação passa por movimentos sociais que buscam melhorar a organização da produção de orgânicos, a fim de obter certificações que propiciem a ampliação deste mercado e também por exemplos de chefs de cozinha que desenvolvem receitas com estes produtos. O segundo grupo corresponde aos conteúdos de jornalismo independente e blogs de projetos sociais com uma tendência a valorizar a produção de alimentos regionais com atributos de qualidade relacionados ao saudável e sustentável, em que se ressalta uma posição crítica às políticas governamentais com ações destinadas ao aumento do uso de agrotóxicos e incentivo fiscal ao agronegócio. Observa-se um discurso que promove a discussão de um modo de produção mais justo e equilibrado ecologicamente, legitimado pelo saber científico e por atores sociais da agroecologia. Também está no debate a apropriação de produtos regionais que são patenteados para serem comercializados, internacionalmente, por chefs de cozinha destacados na mídia. Acreditamos ser relevante este olhar para os usos dos alimentos provenientes da agricultura familiar como objetos de consumos e códigos distintivos, a partir da valorização de produtos regionais e sazonais como uma problemática científica para contribuir na discussão dos problemas sociais decorrentes do atual modelo do sistema alimentar.
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