“A carne não é o alimento do homem”

a circulação de ideias vegetarianas numa economia pastoril – Belém, 1912-1918

Autores

  • Fabrício Herbeth Teixeira da Silva

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p261

Palavras-chave:

Vegetarianismo, Dietas, Abastecimento de carne, Circulação de ideias

Resumo

Este trabalho apresenta os resultados preliminares da pesquisa em curso para o desenvolvimento do estágio de pós-doutoramento a ser realizado na Universidade de Lisboa, sobre o vegetarianismo na Amazônia paraense no princípio do século XX, sob supervisão da professora doutora Isabel Drumond Braga. Neste momento, procuramos apresentar parcialmente o levantamento documental/bibliográfico e as contribuições teórico-metodológicas deste tema para a historiografia. Compreende-se que os estudos das dietas alimentares contemporâneas recentemente passaram a ser discutidos pelos historiadores, tema esse, por excelência, das áreas da saúde, especialmente da nutrição. Nessa direção, a sociedade atual, dita moderna, criou dietas “ideais” para um público leigo e especializado, sendo seguida religiosamente para alcançar/enquadrar-se nos padrões de beleza ou manter-se saudáveis. Portanto, o objeto de estudo desta pesquisa são as ideias vegetarianas contidas na revista O Vegetariano (1909-1935), dirigida pelo médico português Amilcar de Souza. Deste modo, este trabalho se propõe a discutir/analisar o intercâmbio, a circulação, a recepção, a divulgação e as tensões em torno das ideias vegetarianas na cidade de Belém do Pará, durante a primeira metade do século XX (1909-1920). A proposta de estudar os discursos vegetarianos na capital paraense emergiu a partir da constatação de recomendações médicas, de pronunciamentos das autoridades administrativas e da publicação de artigos no princípio do século XX, acerca dos malefícios do consumo excessivo de carne, da violência imputada aos animais do transporte até o momento de abate e dos benefícios de uma dieta vegetariana. Nesta perspectiva, emergem os seguintes questionamentos: quais os impactos das ideias vegetarianas no cotidiano alimentar da população belenense, marcada por uma progressiva demanda por carne verde? Quais grupos aderiram à dieta vegetariana? Qual o papel da imprensa na divulgação e na popularização dessas ideias? A elucidação desses problemas possibilita perceber as representações e os impactos dos discursos vegetarianos no cotidiano belenense. A metodologia adotada para o desenvolvimento deste estudo foi o cruzamento do corpus documental arrolado, no caso, o jornal Folha do Norte (1912-1918), as Mensagens dos Governadores (1912-1918), a revista O Vegetariano (1909-1918) e as Noções Gerais de Higiene (1912). Por meio destes materiais diversificados, buscaremos verificar as implicações das ideias vegetarianas e as possíveis mudanças nos hábitos alimentares da população. Por fim, convém destacar que a principal referência para o desenvolvimento deste estudo é a revista O Vegetariano.

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Biografia do Autor

  • Fabrício Herbeth Teixeira da Silva

    Doutor em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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Publicado

2019-12-01

Como Citar

Silva, F. H. T. da. (2019). “A carne não é o alimento do homem”: a circulação de ideias vegetarianas numa economia pastoril – Belém, 1912-1918. Revista Ingesta, 1(2), 261. https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p261