Fake meat e ultraprocessados
um diálogo sobre saúde, alimentação e preservação ambiental na mídia
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p262-263Palavras-chave:
Mídia, Ultraprocessados, Alimentação, Jornalismo, Opinião públicaResumo
Esta comunicação visa explorar a cobertura feita pela mídia brasileira em meios digitais, no ano de 2019, sobre o lançamento do produto “carne do futuro”, também conhecido como fake meat. O nome em inglês vem do fato de se tratar de um produto alimentar feito a partir de plantas que pretende imitar o gosto e a textura da carne animal. Partindo dos pressupostos de que notícias sobre saúde causam grande impacto e que o alto consumo humano de carne bovina é hoje um dos fatores apontados como determinantes no cenário de mudanças climáticas, a “promessa” de uma solução para a questão da carne causa impacto considerável na opinião pública.
Analisaremos notícias veiculadas em portais como G1, Uol, El País, Huffington Post, Exame e Valor Econômico durante o ano de 2019. Nessa metodologia, o material analisado sobre a “carne do futuro” será relacionado ao conceito de alimentos ultraprocessados (ver o artigo de Carlos Augusto Monteiro et al, “Uma nova classificação de alimentos baseada na extensão e propósito do seu processamento”. Cadernos Saúde Pública, v. 26, n. 11, pp. 2039-2049, 2010), desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens) durante a elaboração da classificação de alimentos NOVA. Criada em 2009, a classificação propõe que os alimentos sejam classificados de acordo com o nível de processamento. Assim, os ultraprocessados são aqueles que foram amplamente processados ficando, assim, distantes do alimento “in natura”. Hoje existem evidências científicas que mostram relação entre doenças não transmissíveis, tais como diabetes, com o consumo de ultraprocessados. A fake meat é um alimento desta categoria, desenvolvida em laboratório a partir de vegetais altamente processados.
A problemática de pesquisa busca identificar se a divulgação das notícias sobre a carne do futuro mostra que este alimento é ultraprocessado e as consequências da substituição da carne animal por esses produtos. Afinal, é uma questão de saúde pública deixar claro quais seriam as perdas e os ganhos em relação à saúde e à cultura em uma substituição de tal porte, o que nem sempre é uma preocupação da imprensa.
A abordagem está dentro da discussão sobre o alimento em relação tanto a questões biológicas quanto culturais. A carne carrega simbologias e histórias na alimentação humana (ver Claude Fischler, em L’Homnivore, de 2001, e Jean-Pierre Poulain, em Sociologies de l’alimentation, de 2002) e não pode ser substituída sem impactos em vários aspectos humanos. Do mesmo modo, causa estranheza que a substituição seja feita por simulações de comida, como é o caso do hambúrguer – o “hambúrguer do futuro” é a representação mais vista da fake meat na imprensa. Assim, nos interessa como objeto de pesquisa avaliar tal processo a partir da epistemologia do jornalismo, tratando do ofício comunicativo como produtor de conhecimento e formador de opinião pública, e as consequências da divulgação científica realizada sobre a novíssima “carne do futuro”.
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