Quem vê cara não vê coração?
A dialética da equidade-distinção no consumo de alimentos alternativos
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v1i2p268-269Palavras-chave:
Redes alimentares alternativas, Distinção social, Equidade socialResumo
Em resposta à expansão da produção de commodities agrícolas detentoras de um sistema agroalimentar caracterizado como insustentável, as comunidades agroalimentares alternativas (por exemplo: coloniais, orgânicos e artesanais) inseriram-se em iniciativas que admitem práticas sustentáveis. Dito isso, o consumo de alimentos advindos desse sistema apresenta-se, na contemporaneidade, como um movimento inerente ao funcionamento da sociedade, sendo visto como um agrupamento que ampara esferas e perspectivas díspares. Embora esse sistema fomente ações que apoiam a dinamicidade da sustentabilidade, estes preservam características que orientam a divisão de classe, evidenciando o status social, ainda a exclusão e a distinção dos sujeitos. Nesse sentido, para avançar na discussão relativa aos regimes alimentares contemporâneos, este artigo explora a dialética ecoante no consumo alimentar alternativo. A metodologia utilizada será caracterizada através de pesquisa bibliográfica, que é conduzida a partir de dados bibliográficos. Inicialmente, as redes alimentares alternativas evocam a reaproximação entre produtores e consumidores, retomando a necessidade do conhecimento a respeito da origem dos alimentos. Moacir Roberto, parafraseando Goodman, aponta que as interações entre os elos da cadeia produtiva, a retomada de uma produção regionalizada e uma qualidade diferenciada são cruciais nos mercados alternativos. A partir desses fundamentos, as análises apontaram para um consumo alimentar alternativo amparado, simultaneamente, em duas vertentes: igualdade social e distinção social. No primeiro cenário, notou-se um consumo orientado para a geração e consolidação de um mercado, onde são evidenciadas relações igualitárias de poder. A despeito da distinção social, Joanne Hollows e Steve Jones destacam que a alimentação alternativa, como um mercado com preposições éticas, pode ser utilizada para a geração de lucros. Constata-se que, ao oferecer produtos diferenciados (que sedimentam uma distribuição desigual), o mercado alternativo possibilita a elitização, estruturada no habitus e na distinção de classes. Nesse sentido, através das informações apresentadas, identificou-se que o consumo alternativo estabelece tensões entre consumidores orientados para a igualdade e os voltados para a distinção. Assim, à medida que a orientação distintiva emprega uma dinâmica que disfarça a comida de simples e disponível, indica democratização, gerando ruídos na comunicação na rede.
Downloads
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).