Mudanças no uso e ocupação do solo e suas influências no clima urbano de cidades médias
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-2275.labverde.2024.181743Palavras-chave:
arborização urbana, crescimento de cidades, ENVI-met, Landsat-7, microclima, temperatura de superfícieResumo
O desenvolvimento urbano possibilita que populações cada vez maiores ocupem novos espaços horizontais e verticais, cujas alterações no uso e ocupação do solo, por consequência, é um dos fatores que participam das chamadas Mudanças Climáticas, necessitando, assim, de estudos sobre a expansão das cidades. O objetivo foi analisar as mudanças no uso e ocupação do solo e, consequentemente, a influência no clima urbano de duas cidades de médio porte que estão passando por essas transformações, La Serena (Chile) e Piracicaba (Brasil). Para isso, foram utilizadas três ferramentas: (i) geoprocessamento de imagens termais do satélite Landsat-7, entre os anos 1999 (mais antigas da coleção) e 2018; (ii) câmera termal e termômetro digital infravermelho, capazes de verificar a temperatura de superfície (TS) a nível microclimático; (iii) modelo ENVI-met, responsável por simular interações entre superfície-planta-ar. Respectivamente, os resultados mostraram um aumento médio na TS estimado em 1°C a cada cinco anos, com maior impacto em La Serena, que teve mais de dois terços de sua área aquecida. As medições in loco revelaram a potencialidade da arborização urbana na mitigação de TS extremas, como 70°C do asfalto ou incríveis 95°C no teto de carros escuros, estabilizando-as na faixa entre 30°C e 40°C no horário mais quente do dia, ao reduzir em 1°C a temperatura do ar. Por fim, as simulações computacionais revelaram a necessidade da distribuição homogênea da arborização, tendo em vista que a influência da Praça Central em Piracicaba ficou restrito a um raio de 100 m. Ademais, as simulações auxiliaram a compreender como o desenho urbano altera o microclima, revelando os resultados de decisões adotadas por suas administrações públicas.
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