A Retórica documental em gravações de campo
DOI:
https://doi.org/10.11606/rm.v22i2.203757Palavras-chave:
Gravação de Campo, Fonografia, Documentário, Arte Sonora, Estudos do SomResumo
Neste artigo, discuto o uso do termo “documental” como forma de caracterizar um segmento do trabalho artístico com gravações de campo. Primeiramente, observo como o projeto de documentação em trabalhos de fotografia e cinema foi colocado sob suspeita durante a segunda metade do século XX. Em seguida, tomando como ponto de partida a concepção de documentário cinematográfico apresentada por Carl Plantinga, proponho que a documentação não precisa ser vinculada a critérios de imparcialidade, transparência e a uma ética de não-manipulação dos materiais. Por fim, a partir de uma breve apresentação do álbum Heard Laboratories (Ernst Karel, 2010), argumento que gravações apresentadas como documentais podem provocar um efeito particular na forma como escutamos e interpretamos esses sons.
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