Análise, Musicologia, Positivismo
DOI:
https://doi.org/10.11606/rm.v7i1/2.59966Resumo
Permeia na incipiente musicologia brasileira uma tendência, que se pretende recente, de depreciar a crítica e abordagem impressionista-literário-retórica da obra musical tanto quanto a transcrição-restauração, dissociando esta última, equivocadamente, de toda atitude analítica prévia, concomitante e ou posterior, como se uma transcrição não resultasse de uma postura teórico-analítico-histórica integrada e permanente. Ao mesmo tempo, supervaloriza-se a "análise musical" como panacéia universal das doenças da musicologia, ou da própria música. A tendência recente de que falamos reflete diretamente a ocupação quantificada do meio acadêmico por parte de segmentos ponderáveis da comunidade musical, ou seja, a presença da música na Universidade brasileira e a expansão da qualificação profissional e da titulação. Nesse esquema de ocupação, tem um espaço razoável uma geração de especialistas titulados especialmente nos Estados Unidos e que desse país trazem uma formação e uma preocupação voltadas primordialmente para a análise musical. Não é absolutamente a nossa intenção desmotivar os jovens na prática da análise. Porém, não posso deixar de advertir sobre a fragilidade da episteme analítica, sobretudo no que tange à sua tendência fortemente exclusivista, estruturalista e neopositivista, que pretende vislumbrar, na decifração de uma configuração estrutural subjacente previamente contida na obra, os mecanismos suficientes de apreensão, compreensão e explicação da obra musical.
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Copyright (c) 1996 Régis Duprat
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