Literatura e antropologia como paradigmas críticos do direito

Autores

  • Guilherme Grané Diniz Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v112i0p715-735

Palavras-chave:

Antropologia do Direito, Literatura, Vachon, Bataille, Sade.

Resumo

O pensamento de crítica do Direito já é muito antigo em nossa sociedade, encontrando desde seus primórdios diversos paradigmas. No passado, a filosofia foi o principal paradigma e com o advento da modernidade e do positivismo filosófico, a ciência passou a ocupar este lugar. No presente artigo, em primeiro momento, exploramos como a antropologia funciona enquanto um paradigma crítico do Direito, a partir do descentramento do olhar ocidental sobre suas instituições e consequente desnaturalização da ideia da universalidade do Direito. Para tanto, exploramos alguns textos postos pelo antropólogo contemporâneo Robert Vachon. Mas, no segundo passo deste trabalho, queremos mostrar que a antropologia encontra limitações para essa crítica no fato de estar atrelada culturalmente à modernidade social, de modo que em uma crítica que busca descentrar de forma absoluta de nossas categorias ela incorre no que Habermas chama de contradição performativa. Desse modo, pretendemos propor a literatura como um paradigma crítico do Direito que não sofre com os ônus enunciativos que a antropologia traz, podendo fazer assim uma crítica mais profunda e consequente.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Guilherme Grané Diniz, Universidade de São Paulo. Faculdade de Direito

    Guilherme Grané Diniz é advogado, bacharel em Direito pela Universidade presbiteriana Mackenzie, graduando em Filosofia pela Universidade de São Paulo e mestrando em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela mesma Universidade.

Referências

ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.

BATAILLE, Georges. A parte maldita. Precedida de “A noção de dispêndio”. São Paulo: Autêntica, 2013a.

BATAILLE, Georges. La Structure psychologique du fascisme. Hermès, La Revue, Paris, n. 5-6, p. 137-160, 1989.

BATAILLE, Georges. O erotismo. São Paulo: Autêntica, 2013b.

BLANCHOT, Maurice. Lautréamont et Sade. Paris: Éditions de Minuit, 1963.

HABERMAS, Jürgen. Arquitetura moderna e pós-moderna. Tradução: Carlos Eduardo Jordão Machado. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 2, n. 18, p. 115-124, set. 1987.

HABERMAS, Jürgen. Teoria do agir comunicativo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

HABERMAS, Jürgen. The philosophical discourse of modernity. Cambridge: Polity Press, 2007.

KLOSSOWSKI, Pierre. Sade, meu próximo. São Paulo: Brasiliense, 1984.

MACHADO, Roberto. Zaratustra, tragédia nietzschiana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.

MARTON, Scarlett (Org.) Nietzsche, um “francês” entre franceses. São Paulo: Discurso Editorial: Barcarolla, 2009.

MELTZER, Françoise. Sobre a questão da Aufhebung: Baudelaire, Bataille e Sartre. Revista Crítica de Ciências Sociais, Coimbra, v. 75, p. 3-19, 2006.

MORAES, Eliane Robert. Lições de Sade. Ensaios sobre a imaginação libertina. São Paulo: Iluminuras, 2006.

MORAES, Eliane Robert. Marquês de Sade: um libertino no salão dos filósofos. São Paulo: EDUC, 1992.

MORAES, Eliane Robert. Sade: a felicidade libertina. Rio de Janeiro: Imago, 1994.

NIETZSCHE, Friedrich. Ecce homo. Tradução: Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

NIETZSCHE, Friedrich. O nascimento da tragédia. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

NOBRE, Marcos (Org.). Curso livre de teoria crítica. 3. ed. Campinas: Papirus, 2011.

ROULAND, Norbert. Nos confins do direito: antropologia jurídica da modernidade. 2. ed. São Paulo: WMF Matins Fontes, 2008.

SABOT, Philippe. Bataille, entre Kojève et Queneau: le dèsir et l’histoire. Le Portique: Revue de Philosophie et de sciences Humaines, Strasbourg, v. 29, p. 19-35, 2012.

SADE, Marquês de. [Donatien Alphonse François de Sade]. A Filosofia na alcova. Tradução, posfácio e notas Contador Borges. São Paulo: Iluminuras, 2014.

SADE, Marquês de. [Donatien Alphonse François de Sade]. Justine. Milão: Mondadori, 2012.

SADE, Marquês de. [Donatien Alphonse François de Sade]. La nuova justine. Parma: Ugo Guanda, 2013.

SADE, Marquês de. [Donatien Alphonse François de Sade]. O Corno de si próprio e outros contos. Organização e tradução de Plínio Augusto Coêlho. São Paulo: Hedra, 2009.

SADE, Marquês de. [Donatien Alphonse François de Sade]. Opere. Milão: Mondadori, 2001.

SADE, Marquês de. [Donatien Alphonse François de Sade]. Os 120 dias de sodoma. Tradução: Alain François. São Paulo: Iluminuras, 2006.

VACHON, Robert. L’etude du pluralisme juridique: une approche diatopique et dialogale. The Journal of Legal Pluralism and Unofficial Law, [S. l.], v. 22, n. 29. p. 163-173, 1990.

VENTURI, Robert; BROWN, Denise Scott; Izenour, Steven. Learning from Las Vegas. Cambridge: MIT Press, 2001.

Downloads

Publicado

2018-08-28

Edição

Seção

Trabalhos Acadêmicos de Pós-Graduação

Como Citar

Literatura e antropologia como paradigmas críticos do direito. (2018). Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 112, 715-735. https://doi.org/10.11606/issn.2318-8235.v112i0p715-735