Alterações nos compartimentos hídricos e energéticos do organismo durante a greve de fome

Autores/as

  • Joel Faintuch University of São Paulo; Faculty of Medicine; Hospital das Clínicas; Department of Emergency Medicine
  • Francisco Garcia Soriano University of São Paulo; Faculty of Medicine; Hospital das Clínicas; Department of Emergency Medicine
  • José Paulo Ladeira University of São Paulo; Faculty of Medicine; Hospital das Clínicas; Department of Emergency Medicine
  • Mariano Janiszewski University of São Paulo; Faculty of Medicine; Hospital das Clínicas; Department of Emergency Medicine
  • Irineu Tadeu Velasco University of São Paulo; Faculty of Medicine; Hospital das Clínicas; Department of Emergency Medicine
  • Joaquim J. Gama-Rodrigues University of São Paulo; Faculty of Medicine; Hospital das Clínicas; Department of Emergency Medicine

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0041-87812000000200003

Palabras clave:

Greve de f, Desnutrição ag, Jejum prolong, Composição corpó, Avaliação nutricio, Impedância bioelétr

Resumen

A privação total e prolongada de alimentos em adultos não-obesos é raramente vista, e poucos estudos documentaram as modificações da composição corpórea neste contexto.Num grupo de oito casos de greve de fome durante 43 dias, procedeu-se à estimativa dos compartimentos hídricos e energéticos, visando averiguar a influência sobre os mesmos da desnutrição progressiva.Os métodos incluiram índice de massa corporal (IMC), prega cutânea do tríceps (PCT), circunferência muscular do braço, e determinação através da bioimpedância (BIA) da água, massa gorda, massa magra e resistência corpórea total..A calorimetria indireta foi realizada em uma ocasião apenas.A idade do grupo era de 43,3± 6,2 anos (sete homens, uma mulher), somente água e ocasionais eletrólitos e vitaminas foram ingeridos no jejum, e a perda de peso média foi de 17,9%. Por volta do 43º dia da greve iniciou-se a reposição venosa rápida de fluidos, vitaminas e eletrólitos,antes de se prosseguir com a realimentação.A gordura corporal diminuiu em aproximadamente 60% (BIA e PCT), ao passo que o IMC caiu apenas 18%.A estimativa da gordura total inicial por BIA foi de 52,2± 5,4% do peso corporal, e mesmo no 43º dia do evento o valor calculado era de 19,7± 3,8% do peso.Os valores correspondentes deduzidos da PCT mostraram-se substancialmente inferiores, e mais compatíveis com os demais índices antropométricos. A água corporal revelou-se inicialmente contraída, com resistência elevada,sendo que estes achados se reverteram rapidamente por ocasião da hidratação venosa rápida.Quando do término da greve de fome o IMC (21,5± 2,6 kg/m²) e outras variáveis antropométricas revelavam-se numericamente aceitáveis, sugerindo eficiente conservação de musculatura e energia na fase de dieta zero.Conclui-se que: 1) Todos os compartimentos orgânicos se contrairam na greve de fome, porém o tecido adiposo foi de longe o mais afetado; 2) A água corporal mostrou-se reduzida com elevada resistência total, mas estes achados inverteram-se prontamente mediante hidratação parenteral; 3) O encontro de gordura total excessiva e de aumento da massa magra com o avançar do jejum sugerem que as leituras de BIA são inapropriadas para esta população e fornecem resultados incoerentes; 4) Com base nos parâmetros expostos os doentes não estavam morfologicamente desnutridos ao cabo de 43 dias, todavia não foram aqui avaliados outros transtornos de considerável importância prognóstica.

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Publicado

2000-04-01

Número

Sección

Original Articles

Cómo citar

Faintuch, J., Soriano, F. G., Ladeira, J. P., Janiszewski, M., Velasco, I. T., & Gama-Rodrigues, J. J. (2000). Alterações nos compartimentos hídricos e energéticos do organismo durante a greve de fome . Revista Do Hospital Das Clínicas, 55(2), 47-54. https://doi.org/10.1590/S0041-87812000000200003