A formação transnacional da teoria da dependência
DOI:
https://doi.org/10.11606/2316901X.n90.2025.e10737Palavras-chave:
Teoria da dependência, Escola da dependência, Fernando Henrique CardosoResumo
O conjunto de análises e reflexões chamado de teoria da dependência é hoje considerado uma das principais contribuições latino-americanas para o campo das ciências sociais ocidentais, tendo se tornado, desde 1980, a categoria histórica por excelência para definir um conjunto heteróclito de ideias e um grupo de autores latino-americanos conhecidos como dependentistas. No entanto, seu estatuto teórico foi desde sempre questionado pelos críticos desse movimento intelectual. Ao retraçar a história da noção de teoria da dependência a partir dos escritos de Fernando Henrique Cardoso, este artigo tem o objetivo de mostrar seu caráter transnacional e refletir sobre o contraste que existe entre a aparência de unidade sugerida por essa expressão e a heterogeneidade que na realidade a caracteriza.
Downloads
Referências
ALMEIDA, M. H. T. DE. Dilemas da institucionalização das ciências sociais no Rio de Janeiro. In:MICELI, Sergio (Org.). História das ciências sociais no Brasil. Volume 1. São Paulo: Vértice/Editora Revista dos Tribunais /Idesp, 1989, p. 188-216.
AMIN, S. Itinéraire intellectuel: regards sur le demi-siècle, 1945-90. Paris, France: Éd. l’Harmattan, 1993.
ARRUDA, M. A. do N. A modernidade possível: cientistas e ciências sociais em Minas Gerais. In:MICELI, Sergio (Org.). História das ciências sociais no Brasil. Volume 1. São Paulo: Vértice/Editora Revista dos Tribunais/Idesp, 1989, p. 234-315.
BAMBIRRA, V. Teoría de la dependencia: una anticrítica. México: Ediciones Era, 1978.
BEIGEL, M. F. A teoria da dependência em seu laboratório. Crítica e sociedade: revista de cultura política, v. 4, n. 2,2014, p. 72-89. Disponível em: https://ri.conicet.gov.ar/handle/11336/22879. Acesso em: dez. 2024.
BLOMSTRÖM, M.; HETTNE, B. Development theory in transition: the dependency debate and beyond: Third world responses. 2. ed. London: Zed Books, 1984.
BRESSER-PEREIRA, L. C. As três interpretações da dependência. Perspectivas, v. 38, 2010, p. 17-48. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/perspectivas/article/view/4099/3735. Acesso em: dez. 2024.
CARDOSO, F. H. “Teoria da dependência” ou análises concretas de situações de dependência? Estudos Cebrap, n. 1, 1971, p. 26-45. Disponível em: https://shorturl.at/w332H. Acesso em: dez. 2024.
CARDOSO, F. H. Notas sobre o estado atual dos estudos sobre dependência. Cadernos Cebrap, n. 11, 1973, p. 30-73. Disponível em: https://shorturl.at/D4ERv. Acesso em: dez. 2024.
CARDOSO, F. H. Les États-Unis et la théorie de la dépendance. Revue Tiers Monde, v. 17, n. 68, 1976, p. 805-825. https://doi.org/10.3406/tiers.1976.2671.
CARDOSO, F. H. The consumption of dependency theory in the Unites States. Latin American Research Review, v. 12, n. 3, 1977, p. 7-24. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2502466. Acesso em: dez. 2024.
CARDOSO, F. H. The accidental president of Brazil: a memoir. New York, Etats-Unis d’Amérique: PublicAffairs, 2006.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Dipendenza e sviluppo in America Latina: saggio di interpretazione sociologica. Tradução: Giancarlo Santarelli. Torino: Feltrinelli, 1971.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Dependencia y desarrollo en América Latina: ensayo de interpretación sociológica. Buenos Aires, Argentine: Siglo Veintiuno, 1975.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Abhängigkeit und Entwicklung in Lateinamerika. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1976.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Dépendance et développement en Amérique latine. Tradução: Annie Morvan. 1ère ed. Paris: Presses universitaires de France, 1978.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Dependency and development in Latin America. Tradução: Marjory Mattingly Urquidi. Berkeley: University of California Press, 1979.
CARDOSO, F. H.; FALETTO, E. Dependência e desenvolvimento na América latina: ensaio de interpretação sociológica. 9. ed. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2010.
CHILCOTE, R. H. Dependency: a critical synthesis of the literature. Latin American Perspectives, Dependency theory : a reassessment. v. 1, n. 1, 1974, p. 4-29. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2633526. Acesso em: dez. 2024.
DEVÉS-VALDÉS, E. ¿Cómo pasaron las ideas socioeconómicas latinoamericanas a África anglófona entre 1960-1980? Retransmisores de ideas latinoamericanas: Dudley Seers y el Institut of Development Studies. Latinoamérica, n. 39, p. 71-94, 2004, http://dx.doi.org/10.22201/cialc.24486914e.2004.39.57301.
DEVÉS-VALDÉS, E. D. Recepción y reelaboración del pensamiento económico-social chileno y latinoamericano en Tanzania, 1965-1985: su proceso de africanización. Atenea (Concep.) [online], n. 492, 2005, p. 45-68. https://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0718-04622005000200004&script=sci_abstract.
DEVÉS-VALDÉS, E. El traspaso del pensamiento de América Latina a África a través de los intelectuales caribeños. Estudios Latinoamericanos, 2006, p. 127-140. https://doi.org/10.22201/cela.24484946e.2006.0.50201.
DEVÉS-VALDÉS, E. La reelaboración de las ciencias económico-sociales en África: el caso de Senegal en el marco de las redes intelectuales al sur del Sahara (1965-1985). In: DEVÉS-VALDÉS, E.; ORELLANA, C. R. (Ed.). Las ciencias económico sociales latinoamericanas en África sudsahariana. Santiago: Clacso, Ariadna, 2009, p. 141-162.
DEVÉS-VALDÉS, E.; ORELLANA, C. R. Las ciencias económico sociales latinoamericanas en África sudsahariana. Santiago: Clacso, Ariadna, 2009.
DONAGGIO, E. Introduzione. In:DONAGGIO, Enrico. La scuola di Francoforte:la storia e i testi. Piccola biblioteca Einaudi. Filosofia. Torino: Giulio Einaudi Editore, 2005, p. IX-XLVIII.
EL DIRECTOR. Introducción. Revista Mexicana de Sociología, v. 31, n. 4, Oct.-Dec. 1989, p. 759-760.Disponível em: https://www.jstor.org/stable/3538918. Acesso em: dez. 2024.
ESPAGNE, M. La notion de transfert culturel. Revue Sciences/Lettres [En ligne], n. 1, 2013, p. 1-9. https://doi.org/10.4000/rsl.219.
FALETTO, E. Entrevista com Enzo Faletto. [Concedida a] José Marcio Rego. Tempo Social, v. 19, n. 1, jun. 2007, p. 189-213. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ts/a/3xgPJywwBqqjVxbKRbhZVdy/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: dez. 2024.
FRANK, A. G. Capitalism and underdevelopment in Latin America. New York: Monthly Review Press, 1967.
FRANK, A. G. El subdesarrollo del desarrollo: un ensayo autobiográfico. Caracas: Editorial Nueva Sociedad, 1991.
FUNDAÇÃO FHC – Fernando Henrique Cardoso. Bibliografia de FHC. [s.d]a. Disponível em: https://shorturl.at/uxav8. Acesso em: dez. 2024.
FUNDAÇÃO FHC – Fernando Henrique Cardoso. Curriculum-vitae de Fernando Henrique Cardoso. [s.d.]b. Disponível em: https://shorturl.at/1jhc8. Acesso em: dez. 2024.
FURTADO, C. Obra autobiográfica. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
GARCIA JR., A. Circulation internationale et formation d’une “ecole de pensee” latino-americaine (1945-2000). Social Science Information, v. 44, n. 2-3, 2005, p. 521-555. https://doi.org/10.1177/0539018405053296.
HUNT, D. Economic theories of development: an analysis of competing paradigms. Maryland: Barnes & Noble Books, 1989.
KATZ, C. J. La teoría de la dependencia: cincuenta años después. Buenos Aires: Monte Avila Editores Latinoamericana, 2019.
KAY, C. Latin American theories of development and underdevelopment. London and New York: Routledge, 2011.
KAY, C. Modernization and dependency theory. In: CUPPLES, J.; PRIETO, M.; PALOMINO-SCHALSCHA, M. (Ed.). The Routledge handbook of Latin American development. London and New York: Routledge, 2019, p. 15-28.
KLÜGER, E. Meritocracia de laços: gênese reconfigurações do espaço dos economistas no Brasil. Tese (Doutorado em Sociologia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2017. Disponível em: https://shorturl.at/sBToG. Acesso em: dez. 2024.
LIMONGI, F. A Escola Livre de Sociologia e Política em São Paulo. In: MICELI, S. (Org.). História das ciências sociais no Brasil. v. 1. São Paulo: Vértice/ Editora Revista dos Tribunais/Idesp, 1989a, p. 217-233.
LIMONGI, F. Mentores e clientelas da Universidade de São Paulo. In:MICELI, S. (Org.). História das ciências sociais no Brasil. v. 1. São Paulo: Vértice/ Editora Revista dos Tribunais/Idesp, 1989b, p. 111-187.
LOVE, J. L. A construção do Terceiro Mundo: teorias do subdesenvolvimento na Romênia e no Brasil. Tradução: Patrícia Zimbres. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
LÖWY, M. Introdução. In: LÖWY, M. (Org.). O marxismo na América Latina: uma antologia de 1909 aos dias atuais. Tradução: Cláudia Schilling; Luís Carlos Borges. 4.ed. São Paulo: Expressão Popular/Perseu Abramo, 2016, p. 11-65.
MANTEGA, G. Teoria da dependência revisitada – um balanço crítico. EAESP/FGV/NPP – Núcleo de pesquisas e publicações, [s.l.]. Fundação Getúlio Vargas, 1997. Disponível em: https://shorturl.at/mAkWH. Acesso em: dez. 2024.
MARINI, R. M. Memória: por Ruy Mauro Marini. Agosto, 1990. In: TRASPADINI, R.; STEDILE, J. P. (Org.). Ruy Mauro Marini:vida e obra. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011, p. 55-130.
MICELI, S. Condicionantes do desenvolvimento das ciências sociais. In:MICELI, S. (Org.). História das ciências sociais no Brasil. v. 1. São Paulo: Vértice/ Editora Revista dos Tribunais/Idesp, 1989, p. 72-110.
MORAES, J. Q. de. O estatuto teórico da noção de dependência. Crítica Marxista, v. 17, n. 31, 2010, p. 23-36. https://doi.org/10.53000/cma.v17i31.19353.
NATIONS UNIES;COMMISSION ECONOMIQUE POUR L’AFRIQUE; INSTITUT AFRICAIN DE DÉVELOPPEMENT ÉCONOMIQUE ET DE PLANIFICATION. Conférence sur les Stratégies du développement Afrique versus Amérique Latine. IDEP - Dakar du 4 septembre au 18 septembre 72. Dakar: Institut africain de développement économique et de planification, 1971. Disponível em: https://repository.uneca.org/handle/10855/43503. Acesso em: dez. 2024.
OLIVEIRA, F. A. DE; KVANGRAVEN, I. H. Back to Dakar: decolonizing international political economy through dependency theory. Review of International Political Economy, v. 30, n. 5, 2023, p. 1676-1700. https://doi.org/10.1080/09692290.2023.2169322.
PACKENHAM, R. A. The dependency movement: scholarship and politics in development studies. Cambridge: Harvard University Press, 1992.
PALMA, G. Dependency: a formal theory of underdevelopment or a methodology for the analysis of concrete situations of underdevelopment? World Development, v. 6, issues 7-8, July-August 1978, p. 881-892. https://doi.org/10.1016/0305-750X(78)90051-7.
RODRIGUES, L. S. Fernando Henrique Cardoso nos Estados Unidos da América: a obra de um scholar, um scholar como obra. Novos Estudos Cebrap, v. 41, n. 2, maio-ago. 2022, p. 273-293. https://doi.org/10.25091/S01013300202200020005.
ROSTOW, W. W. The stages of economic growth. Cambridge: Cambridge University Press, 1960.
RUVITUSO, C. From the South to the North: the circulation of Latin American dependency theories in the Federal Republic of Germany. Current Sociology, v. 68, n. 1, 2020a, p. 22-40. https://doi.org/10.1177/0011392119885170.
RUVITUSO, C. Southern theories in Northern circulation: analyzing the translation of Latin American dependency theories into German. Tapuya: Latin American Science, Technology and Society, v. 3, n. 1, 2020b, p. 92-106. https://doi.org/10.1080/25729861.2020.1781999.
SANTOS, T. dos. Memorial. 1994. Disponível em: https://shorturl.at/OjrCd. Acesso em: dez. 2024.
SHIVJI, I. G. Intellectual at the hill: essays and talks 1969-1993. 1. ed. Dar es Salam: Dup, 1996.
SZNAJDER, M.; RONIGER, L. The politics of exile in Latin America. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 2009.
TOURNÈS, L. Américanisation:une histoire mondiale (XVIIIe-XXIe siècle). Paris: Fayard, 2020.
WASSERMAN, C. A teoria da dependência: do nacional-desenvolvimentismo ao neoliberalismo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017.
WEFFORT, F. Notas sobre a “teoria da dependência”: teoria de classe ou ideologia nacional? Estudos Cebrap, n. 1, 1971, p. 2-24. Disponível em: https://shorturl.at/wlvPn. Acesso em: dez. 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição CC-BY.