No tacho de Piaimã – gigantes de Rabelais e Mário de Andrade
DOI:
https://doi.org/10.11606/2316901X.n91.2025.e10723Palavras-chave:
Mário de Andrade, François Rabelais, AntropofagiaResumo
Não tardou para que Macunaíma, a rapsódia antropofágica de Mário de Andrade, fosse inscrita por seus críticos na tradição das sátiras romanescas de François Rabelais. À semelhança de Gargantua e de Pantagruel, o elemento catalisador das transformações morais do herói sem caráter do modernismo brasileiro é Piaimã, gigante que devora homens. Digeridos por Gargantua, um grupo de peregrinos se torna a sátira das grandes missões religiosas; sob a língua de Pantagruel, o narrador Alcofribas descobre nova civilização; “picado em vinte vezes trinta torresminhos”, Macunaíma se integra irreversivelmente à pauliceia desvairada, falando inglês, negociando armas, munição e álcool.
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