No tacho de Piaimã – gigantes de Rabelais e Mário de Andrade

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/2316901X.n91.2025.e10723

Palavras-chave:

Mário de Andrade, François Rabelais, Antropofagia

Resumo

Não tardou para que Macunaíma, a rapsódia antropofágica de Mário de Andrade, fosse inscrita por seus críticos na tradição das sátiras romanescas de François Rabelais. À semelhança de Gargantua e de Pantagruel, o elemento catalisador das transformações morais do herói sem caráter do modernismo brasileiro é Piaimã, gigante que devora homens. Digeridos por Gargantua, um grupo de peregrinos se torna a sátira das grandes missões religiosas; sob a língua de Pantagruel, o narrador Alcofribas descobre nova civilização; “picado em vinte vezes trinta torresminhos”, Macunaíma se integra irreversivelmente à pauliceia desvairada, falando inglês, negociando armas, munição e álcool.

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Biografia do Autor

  • Fillipe Augusto Galeti Mauro, Universidade de São Paulo

    é doutor em Literatura Francesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH/USP), em cotutela com o Centre d’Études et de Recherches Comparatistes da Universidade Paris 3 – Sorbonne Nouvelle.

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Publicado

2025-08-25

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Artigos

Como Citar

Mauro, F. A. G. (2025). No tacho de Piaimã – gigantes de Rabelais e Mário de Andrade. Revista Do Instituto De Estudos Brasileiros, 1(91), e10723. https://doi.org/10.11606/2316901X.n91.2025.e10723