Canudos, memórias de um combatente: a guerra como uma pequena história
DOI:
https://doi.org/10.11606/2316901X.n92.2025.e10754Palavras-chave:
Canudos, Memórias, TestemunhoResumo
Aos 76 anos, o ex-combatente Marcos Evangelista da Costa Villela Júnior escreveu uma “pequena história” na qual rememora, como testemunha ocular, a guerra de Canudos (1896-1897), na Bahia. A releitura desse documento possibilita a compreensão de um fato central na formação do Brasil como república e revela a formação de um campo de saberes subalternos que desafia as versões hegemônicas da guerra. A leitura comparativa de obras consagradas sobre Canudos propõe repensar a ligação entre oralidade e escrita a partir de noções como a “retórica da sinceridade”, em que o testemunho se combina com a narrativa e referências cultas de acordo com o nível de alfabetização do autor. Disso se deduz que se trata de uma pequena história que produz grandes efeitos, pois as estratégias de legitimação acabam por subverter a ordem da historiografia oficial e convertem o soldado republicano em um herói sertanejo.
Downloads
Referências
ALMEIDA, C. F. Canudos: imagens da guerra. Os últimos dias da Guerra de Canudos pelo fotógrafo expedicionário Flavio de Barros. Rio de Janeiro: Museu da República/Lacerda, 1997.
BARRETO, D. Última expedição a Canudos. Porto Alegre: Franco & Irmão, 1898.
BARROSO, G. O papel da artilharia em Canudos. O Cruzeiro, Segredos e Revelações da História do Brasil, n. 2, 27 out. 1956, p. 28-30; p. 58. Biblioteca do MHN.
BENJAMIN, W. Sobre o conceito de história. In: BENJAMIN, W. Obras escolhidas. V. 1. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 222-232.
BOMBINHO, M. P. das D. Canudos, história em versos. São Carlos: Ed. Ufscar, 1898.
BUTLER, J. Vida precaria: el poder del duelo y la violencia. Buenos Aires: Paidós, 2006.
CAVALIERI, Ruth Villela. Apresentação da 1ª edição. In: VILLELA JÚNIOR, Marcos Evangelista da Costa. Canudos: memórias de um combatente. Introdução, estabelecimento do texto, notas e dados biográficos de Ruth Villela Cavalieri. 2 São Paulo: Marco Zero, 1988, p. 15-21.
COSTA, C. Cronologia resumida da Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Museu da República, 2017. Disponível em: https://icmc.usp.br/e/145d4. Acesso em: jul. 2025.
CUNHA, E. da. Os sertões: Campanha de Canudos. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.
CUNHA, E. da. Caderneta de campo. Introdução, notas e comentário Olímpio de Souza Andrade. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional, 2009. (Cadernos da Biblioteca Nacional 6).
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil mesetas: capitalismo y esquizofrenia. Valencia: Pre-textos, 2008.
FONTES, O. Coelho. Sergipe na guerra de Canudos. Salvador: Ponto e Vírgula, 2016.
GALVÃO, W. N. No calor da hora: a Guerra de Canudos nos jornais (4ª Expedição). São Paulo: Ática, 1977.
GÁRATE, M. V. Cruzar a linha negra e desfazer a oposição. In: FERNANDES, Rinaldo de (Org.). O clarim e a oração: cem anos de Os sertões. São Paulo: Geração Editorial, 2002, p. 379-390.
LUDMER, J. Las tretas del debil. In: GONZALEZ, P. (Org.). La sartén por el mango. Puerto Rico: Huracán, 1984, p. 47-54.
MENESES, A. J. S. de. (1896). Informe de Hoche. In: FONTES, Oleone Coelho. Sergipe na Guerra de Canudos. Salvador: Ponto e Vírgula Publicações, 2016, p. 57-109.
QUEIROZ FILHO, A. P. de. Sobre as origens da favela. Mercator, v. 10, n. 23, set.-dez. 2011, p. 33-48. https://doi.org/10.4215/RM2011.1023.0003.
RAMOS, J. Desencuentros de la modernidad en América Latina. México: FCE, 1987.
VILLELA JÚNIOR, M. E. da C. Canudos: memórias de um combatente. São Paulo: Marco Zero, 1988. (Coleção Resgate, v. 14).
VILLELA JÚNIOR, M. E. da C. Canudos: memórias de um combatente. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1997.
ZAMA, Cesar. Libello republicano acompanhado de commentarios sobre a Campanha de Canudos por Wolsey (Cesar Zama). Salvador: Typ. e Encadernação do “Diario da Bahia”, 1899.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista do Instituto de Estudos Brasileiros

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
- Todo o conteúdo do periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons do tipo atribuição CC-BY.