Cena de conflitos entre exploração, preservação e patrimonialização da natureza: o caso de Chapada Gaúcha
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-4506.v18i2p50-64Palavras-chave:
Cerrado, Agrobusiness, Preservação, Desenvolvimento territorialResumo
A Chapada Gaúcha é uma cidadezinha rural do norte semiárido do Estado de Minas Gerais (Brasil). É o cenário de confrontos de representações da natureza completamente opostas: grandes cooperativas agrícolas que exportam monoculturas (soja, capim, gado), a sede do Parque Nacional Grande Sertão-Veredas, um território de propulsão do Mosaico de áreas protegidas Sertão Veredas-Peruaçu que apoia atividades de desenvolvimento sustentável, como o extrativismo vegetal sustentável do cerrado. A natureza é vista tanto como um recurso para explorar (para os gaúchos), um complexo natural, a preservar (para os naturalistas) ou um sistema eco-social para conservar (para os defensores das comunidades locais e seus usos tradicionais de recursos naturais). Os usos permitidos ou não do cerrado geram acessos diferenciados à natureza e muitos conflitos entre: agricultores intensivos, naturalistas e comunidades locais / agricultores familiares; cujas estratégias e ações são desiguais. O estabelecimento do Mosaico de Áreas Protegidas permite um diálogo territorial construtivo e inicia um esforço de planejamento regional para realmente regular a antropização do território e reduzir formas predatórias para ambientes naturais e, portanto, desigualdades sociais.
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