Paraná na vanguarda do planejamento regional brasileiro: o florescer de novos paradigmas na década de 1960
DOI:
https://doi.org/10.11606/1984-4506.risco.2025.232624Palavras-chave:
Planejamento Regional, Paradigma Ambiental, Sustentabilidade, Paraná, História do PlanejamentoResumo
Este artigo investiga o Plano Básico Regional Litoral do Paraná (1966) à luz da presunção de que ele antecipa, ainda que de forma incipiente, elementos do paradigma ambiental no planejamento regional brasileiro. Elaborado em um contexto marcado pela racionalidade técnica e desenvolvimentista, o plano surpreende ao conferir centralidade à paisagem e aos atributos naturais da região como critérios de ordenamento e projeto do território. A pesquisa articula como estratégia projetual análise documental e análise de conteúdo, com base na leitura textual e gráfica do plano. Os resultados indicam que, mesmo sem recorrer ao vocabulário ambiental contemporâneo, o plano revela uma sensibilidade propositiva de valores estéticos, ecológicos e culturais. A natureza é mobilizada como componente estruturante da proposta territorial. Ao interpretar esse documento como artefato situado em uma zona liminar entre racionalidades técnicas e ambientais, o artigo contribui para a compreensão de inflexões paradigmáticas no planejamento regional brasileiro.
Downloads
Referências
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
BELOTO, G. E. Da região à metrópole: o território desenhado pelos modelos conceituais. 2015. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
BELOTO, G. E. Cidade como peça-chave para o desenvolvimento regional: o planejamento paranaense nos anos de 1960. Anais XVI Seminário de História da Cidade e do Urbanismo, São Paulo, p. 52-61, 2016.
BELOTO, G. E. Regional cities: international references in Brazilian regional planning in the 1950s and 1960s. Planning Perspectives, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1080/02665433.2019.1597759. Acesso em: 27 nov. 2024.
CALABI, D. O ressurgimento do urbanismo como prática de desenho. In: História das cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
CESTARO, L. R. A questão urbana e o planejamento urbano e regional nas equipes de Lebret no Brasil. Oculum Ensaios, v. 15, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.24220/2318-0919v15n2a3955. Acesso em: 30 nov. 2024.
CHIQUITO, E. D. A Comissão da Bacia Paraná-Uruguai: do planejamento de vale aos pólos de desenvolvimento. 2011. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
FELDMAN, S. Transforming the region, transforming the city: three Brazilian studies of the 1950s. 14th IPHS Conference: Urban Transformation: controversies, contrasts and challenges, Istambul, 2010.
FELDMAN, S. Entre o regional e o metropolitano: pensamento urbanístico e metrópole no Brasil na década de 1950. Revista USP, São Paulo, n. 102, p. 13–22, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i102p13-22. Acesso em: 27 nov. 2024.
FORTE GANDOLFI. Plano Básico Regional Litoral do Paraná. Curitiba, 1966.
HACKING, I. Ensaio introdutório. In: KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2013. p. 8–37.
KANT, I. Crítica da razão pura. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2015.
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.
KUHN, T. Second thoughts on paradigms. In: KUHN, T. The essential tension. Chicago: The University of Chicago Press, 1977. p. 293–319.
LIMA, M. C. P. B.; RAGONHA, J.; SCHENK, L. B. M. A paisagem no planejamento e projeto do território: um breve percurso entre objetividades e subjetividades. Vitruvius: Arquitextos, São Paulo, v. 274.04, mar. 2023. Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/274.04/8486. Acesso em: 30 nov. 2024.
MASTERMAN, M. A natureza de um paradigma. In: LAKATOS, I.; MUSGRAVE, A. (org.). A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1979. p. 72–108.
MELO, A. Kant e a questão dos paradigmas. Revista da Faculdade de Letras: Filosofia, Porto, v. 10, p. 85–126, 1993.
MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Tradução de E. Lisboa. Porto Alegre: Sulina, 2015.
MORIN, E. Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.
MORIN, E.; MOIGNE, J. L. LE. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000.
NDUBISI, F. Ecological planning: a historical and comparative synthesis. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 2002.
OLIVO, C. M.; MENEGUETTI, K. S. A duna e a floresta: O projeto paisagístico contemporâneo diante da visão ecológica de McHarg. Paisagem e Ambiente: Ensaios, v. 34, n. 51, p. e200549, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2359-5361.paam.2023.200549. Acesso em: 30 nov. 2024.
OLIVO, C. M. Paisagem do antropoceno: o projeto de paisagem sob o paradigma ambiental. 2023. Tese de doutorado – Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2023.
PORTAS, N. Planeamento urbano em transformação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1998.
RAPP, C. Aristotle’s Rhetoric. In: ZALTA, E. N.; NODELMAN, U. (orgs.). The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Stanford: Metaphysics Research Lab, Stanford University, 2023. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/win2023/entries/aristotle-rhetoric/. Acesso em: 30 nov. 2024.
RIBEIRO, L. F. B. Sobre a noção de parádeigma em Platão. Revista Peri, Florianópolis, v. 5, n. 2, p. 1–25, 2013.
ROMANO, R. A crise dos paradigmas e a emergência da reflexão ética, hoje. Educação & Sociedade, Campinas, v. 19, n. 65, p. 65–100, 1998. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-73301998000400003. Acesso em: 30 nov. 2024.
TAVARES, J. Planejamento regional no estado de São Paulo: Polos, eixos e a região dos vetores produtivos. São Paulo: Annablume, 2018.
TOULMIN, S. Human Understanding. The collective use and evolution of concepts. Princeton: Princeton University Press, 1972.
WU, J. Landscape sustainability science (II): Core questions and key approaches. Landscape Ecology, v. 36, n. 9, p. 2453–2485, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10980-021-01245-3. Acesso em: 30 nov. 2024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Ana Carolina Xavier Soares, Gislaine Elizete Beloto
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution BY-NC-SA que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
