Entre Belo Horizonte e Palmas, o des-sertanejar do Brasil pela fundação de cidades novas no século XX
DOI:
https://doi.org/10.11606/1984-4506.risco.2025.241550Palavras-chave:
Território, Sertão, Interiorização, Urbanização, Cidades NovasResumo
Por uma abordagem renovada, o artigo investiga o processo de interiorização e urbanização do Brasil no século XX por meio da tipologia urbanística Cidades Novas, tendo como marcos a fundação de Belo Horizonte (1893) e Palmas (1989). Nesse intervalo, mais de 330 cidades projetadas foram criadas, configurando um movimento sistemático de ocupação do interior. Tal dinâmica constituiu um mosaico de camadas históricas, sociais e espaciais, com o Sertão como território paradigmático. Tradicional objeto de interesse da literatura e dos estudos brasilianistas, o Sertão experimentou transformações significativas decorrentes da modernização e da ampliação de infraestrutura, resultando na redefinição de sua paisagem. Com base em dados coletados nos últimos quinze anos e ancorado em referencial teórico-operacional, o estudo historiciza essa urbanização e propõe o conceito de des-sertanejar. Nesse processo, coexistem a expansão do progresso e da modernidade com a reconfiguração demográfica, o apagamento de culturas e a emergência de um novo interior.
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