Violência por parceiro íntimo e prática educativa materna

Autores

  • Josianne Maria Mattos da Silva Universidade Federal de Pernambuco
  • Marília de Carvalho Lima Universidade Federal de Pernambuco; Centro de Ciências da Saúde
  • Ana Bernarda Ludermir Universidade Federal de Pernambuco; Centro de Ciências da Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006848

Palavras-chave:

Violência contra a Mulher, Maus-Tratos Conjugais, Violência Doméstica, Maus-Tratos Infantis, Educação Infantil, Relações Familiares, Estudos Transversais

Resumo

OBJETIVO Analisar a associação entre a violência pelo parceiro íntimo contra a mulher e a prática educativa materna direcionada às crianças no início da escolaridade formal. MÉTODOS Estudo transversal, realizado entre 2013 e 2014, com 631 pares mãe/criança, cadastradas na Estratégia de Saúde da Família do Distrito Sanitário II da cidade do Recife, Pernambuco. Integra o estudo de coorte prospectivo delineado para investigar as consequências da exposição à violência pelo parceiro íntimo para a criança que nasceu da gestação que ocorreu entre 2005 e 2006. A prática educativa materna foi avaliada pela escala de conflitos Parent-Child Conflict Tactics Scale e a violência pelo parceiro íntimo por um questionário adaptado do Estudo Multipaíses sobre a Saúde da Mulher e Violência Doméstica da Organização Mundial da Saúde. A violência pelo parceiro íntimo referiu-se aos últimos 12 meses e foi definida por atos concretos de violência psicológica, física e sexual infligidos à mulher pelo parceiro. Foram estimadas as razões de prevalência brutas e ajustadas para a associação estudada, utilizando-se a regressão log-binominal. RESULTADOS A prevalência da violência pelo parceiro íntimo foi de 24,4%, e da prática educativa materna violenta de 93,8%. O uso de disciplina não violenta foi referido por 97,6% das mulheres, coexistindo com estratégias violentas de disciplinamento. As crianças cujas mães relataram violência pelo parceiro íntimo apresentaram maior chance de sofrer agressão psicológica (RP = 2,2; IC95% 1,0–4,7). CONCLUSÕES A violência sofrida pela mãe interfere na educação parental. Os achados demonstram alta prevalência de prática educativa materna que perpassa pela violência, o que aponta para a necessidade de intervenções que minimizem os prejuízos da violência na mulher e na criança.

Publicado

2017-01-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Silva, J. M. M. da, Lima, M. de C., & Ludermir, A. B. (2017). Violência por parceiro íntimo e prática educativa materna. Revista De Saúde Pública, 51, 34. https://doi.org/10.1590/s1518-8787.2017051006848